Efeitos retardados das drogas (juros!) #usdbrl

 


Existe uma crença de que os efeitos de uma alta nos juros serão sentidos com uma desfasagem de 9 meses. Não sei se o economista que mencionou esse período era um obstetra, pois nunca vi nenhum estudo sobre esse assunto – deve existir! Hahaha..., mas sem dúvida os efeitos são defasados pois a elevação dos custos (ou aumento das rendas) ocorre durante o tempo.

O Fed elevou a taxa de juros de 0,25% para 5,25% no espaço de um ano, e é tida como certa mais uma alta de 0,25% está semana. Ben Carlson, em seu site A Weath Of Common Sense, explica porque os juros ainda não tiveram impacto para as pessoas físicas.

No ano passado, a maioria dos economistas assumiu que o aumento dos juros pelo Fed significava que uma recessão era inevitável:


Agora eles estão recuando dessas previsões:

Então, por que a economia não caiu de 0% para 5% em tão pouco tempo?

As razões são muitas.

Eu gosto desta de Bob Elliott:

Se você pensar sobre o que aconteceu, faz sentido rendimentos mais altos e custos de empréstimos mais altos compensaram uns aos outros.

Saímos de uma situação em que era barato pedir empréstimo, mas os poupadores não conseguiam encontrar rendimento em lugar nenhum. Agora, os poupadores têm rendimentos mais altos, mas é muito mais caro tomar empréstimos.

Os poupadores e os mutuários não são as mesmas famílias, mas considere o que aconteceu nos últimos anos para entender por que ainda não vimos muito impacto econômico de taxas mais altas.

A percentagem para empréstimo da casa própria em 2022 (antes dos aumentos) era de cerca de 66%. Muita gente já possui casas e pegou emprestado para comprá-las. Essas famílias puderam contrair empréstimos ou refinanciar a taxas de hipoteca extraordinariamente baixas.

É por isso que 91% dos mutuários têm taxas de hipoteca abaixo de 5%, enquanto mais de 70% têm taxas de empréstimo de 4% ou menos (via Fortune):




E esses números são apenas para os 62% dos proprietários de imóveis que atualmente possuem uma hipoteca. De acordo com dados do Censo dos EUA, quase 38% das famílias têm sua hipoteca já quitada.

Os custos mais altos dos empréstimos não estão impactando essas famílias onde a coisa pega.

E adivinha quem tem os ativos financeiros para aproveitar os rendimentos mais altos de curto prazo de suas economias agora?

Pessoas que têm sua hipoteca quitada ou uma taxa de hipoteca de 3%!

Já imaginou dizer a alguém em 2019 que nos anos seguintes teria a chance de pegar emprestado a 3% para comprar uma casa e depois ver taxas de curto prazo de 5% para investir seu caixa no período de 3 a 4 anos?

Ninguém teria acreditado em você.

Além disso, suas participações acionárias já se recuperaram. E eles têm US$ 28 trilhões coletivamente de patrimônio em suas casas.

Obviamente, se as taxas permanecerem em níveis atuais por um longo período de tempo, mais cedo ou mais tarde isso deve ter um impacto no investimento de capital na economia.

Basta olhar para as taxas de empréstimo de automóveis:

 



As taxas passaram de 4,5% no início de 2022 para 8% agora.

Embora isso torne o custo mais proibitivo, não acho que taxas de empréstimo mais altas impactem tanto os compradores de automóveis quanto os compradores de imóveis.

O custo médio de um veículo novo agora é algo como US$ 46.000.

Supondo uma entrada de 10%, seu pagamento mensal para um empréstimo de 5 anos a 4,5% seria de aproximadamente US $ 770. Com 8%, esse pagamento mensal dispara para cerca de US$ 840.

Claro, não é divertido adicionar US $ 70 a mais por mês ao seu orçamento, mas não tenho certeza se isso vai dissuadir muitas pessoas que realmente querem e / ou precisam de um veículo.

Essas taxas muito mais altas desencorajarão alguns compradores de imóveis, mas há muito menos volume de negócios no mercado imobiliário do que no mercado de veículos.

Não estou dizendo que essa é uma medida financeira prudente, mas essa é a realidade da maioria das famílias.

Acho que todos nós subestimamos  o quanto o consumidor estava preparado para taxas mais altas na economia.




Se você quer uma boa explicação sobre por que não entramos em recessão, provavelmente é alguma combinação de excesso de poupança da pandemia, demanda reprimida por não gastar em 2020, consumidores com as contas em ordem, e o fato de que adoramos gastar dinheiro neste país.

Não posso fazer promessas de quanto tempo isso vai durar.

A economia é cíclica como tudo o resto.

Mas, por enquanto, é bom saber que não precisamos passar por uma recessão e ver milhões de pessoas perderem o emprego para trazer a inflação de volta a níveis mais razoáveis.

Não há nada de errado em comemorar boas notícias na economia, porque elas não vão durar para sempre.

1É só eu ou R$ 46 mil soa MUITO para o preço médio de um veículo novo? Isso se deve em parte à cadeia de suprimentos/inflação da pandemia e em parte ao fato de que as pessoas estão comprando caminhões e SUVs mais caros do que nunca. De qualquer forma, é alto.

Existe aquele ditado que água mole em pedra dura tanto bate até que fura, e caso os juros permanecerem elevados, mesmo as pessoas físicas serão impactadas. Um dos fatores que Carlson citou, o excesso de poupança criado durante a pandemia, e no caso dos americanos, parece que já está no final.




No caso das empresas existe uma defasagem em função de vencimentos dos empréstimos de um lado e as aplicações de outro. Como esse setor é tomador como um todo, o custo mais elevado se fará sentir no tempo. Para alguns economistas o declínio do PIB se dará a partir de agora, alcançando seu pico no terceiro trimestre do próximo ano, conforme projeção da Apollo Asset Management




O Mosca se mantém agnóstico em matéria de recessão. Se tiver que acontecer, ainda não houve tempo suficiente para tanto pela regra dos 9/18 meses — que não é tão precisa assim. O que ocorreu recentemente é que a grande maioria dos economistas diminuiu suas chances de acontecer, mas está longe de um consenso. O grande sustentáculo tem sido o mercado de trabalho que segue em pleno emprego, mas isso pode mudar dependendo do que advir do consumo.

No post o-que-não-aconteceu fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ...” Bem antes de começar a imaginar diversos cenários, o dólar tem que terminar sua lição de casa ultrapassando R$ 4,97, que passa a ser um nível importante. Vamos ficar de olho nele e depois decidimos o que fazer. Importante notar que, para essas possibilidades vingarem, R$ 4,75 não pode ser ultrapassado, nem um centavo a menos no caso” ...



A fraqueza do dólar continua, não foi suficiente para mudar o curso de baixa que continua de forma letárgica. Hoje pela manhã ocorreu alguma negociação ao redor de R$ 4,69 razão do registro no gráfico, embora numa janela menor não apareça; desta forma, o objetivo desse patamar parece ser o próximo ponto a ser atingindo.



Como venho enfatizando há um bom tempo, o nível de R$ 4,58 passa a ser de suma importância e, considerando as cotações atuais, ele se encontra a menos de 4%. Vou "jogar a toalha" depois de R$ 4,21, mas R$ 4,58 o gato já vai estar no telhado. Caso seja ultrapassado, o dólar pode cair ainda mais. A título ainda tentativo, o gráfico a seguir comporta uma das hipóteses possíveis. Como destacado no retângulo, estes poderiam ser os níveis R$ 3,54/R$ 3,02/R$ 2,57, algo impensável atualmente; vale lembrar que esse gráfico é com janela mensal, implicando que um longo caminho deveria ser seguido pois a data mais provável seria em 2029.



Sem entrar na especulação do que deveria ocorrer numa situação dessas, mas parece razoável supor que dólar-dólar (lembram?) iria se esborrachar. Para nós aqui no Brasil, uma queda de aproximadamente 50% das máximas iria criar uma série de problemas à indústria local — se hoje já é um problema, imagina com o dólar a R$ 3,00.

O SP500 fechou a 4.554, com alta de 0,40%; o USDBRL a R$ 4,7325, com queda de 0,98%; o EURUSD a 1,1062, com queda de 0,55%; e o ouro a U$ 1.954, com queda de 0,28%.

Fique ligado!

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