O mundo das apostas #nasdaq100 #SP500

 


Quando eu era adolescente, durante os recreios nos juntávamos para jogar Craps, um jogo de dados (“crepe” em português). Esse jogo consiste em tirar 7 ou 11 de primeira (na soma de dois dados) e, caso não aconteça, o número obtido passa a ser o próximo objetivo, desde que não saia 7 antes. As apostas eram feitas com dinheiro vivo. Sempre ficava um de olheiro para avisar se o bedel se aproximasse. Na fase adulta se tornavam mais comuns os jogos de poker entre amigos ou nos Cassinos.

Com o passar do tempo, e principalmente depois da pandemia, a quantidade de jogos disponíveis para o entretenimento explodiu. A nova coqueluche no Brasil são as apostas nos jogos de futebol — basta notar os anúncios de plataformas pela televisão. Outro segmento que também cresceu vertiginosamente foi o dos videogames, onde campeonatos mundiais giram milhões de dólares em prêmios.

A facilidade de conexão permite jogar qualquer dia, qualquer hora e qualquer jogo, o que implica que parte do dia das pessoas foi substituída para esse fim. Sendo assim, fica a dúvida se compromete a execução do trabalho. Justin Fox, em matéria publicada na Bloomberg, acredita que não.

Durante a primeira década e meia deste século, os jovens americanos dedicaram uma quantidade crescente de tempo ao computador e aos videogames e uma quantidade cada vez menor ao trabalho. Em um artigo de 2017 que  recebeu muita atenção, quatro economistas propuseram a tese de que jogos melhores ("tecnologia de lazer aprimorada") estavam atraindo jovens para longe do local de trabalho. Em  uma resposta que  recebeu menos atenção, mas que achei mais convincente, o economista Gray Kimbrough argumentou que a interação entre a fraca demanda de trabalho e "uma mudança nas normas sociais (que) tornou mais aceitável jogar videogames em idades maiores" explicava melhor os dados.

Talvez seja hora de algumas novas hipóteses. Estatísticas divulgadas no mês passado pelo Bureau of Labor Statistics dos EUA da Pesquisa Americana de Uso do Tempo mostram que o  tempo que os jovens passaram "jogando" - a pesquisa não diferencia entre jogos eletrônicos e não eletrônicos, mas a maioria dos pesquisadores pressupõe que são principalmente os primeiros - aumentou quase três quartos de hora de 2019 para 2022, mais do que havia aumentado nos 16 anos anteriores.




Não acho que tenha havido uma aceleração repentina na melhoria da qualidade dos videogames nos últimos três anos, e a demanda por mão de obra foi bastante forte em 2021 e 2022. Houve, no entanto, uma pandemia que trouxe grandes demissões no início de 2020 e uma experiência prolongada de ensino e trabalho remotos que continuou muito tempo depois. Em meio a toda essa interrupção, os jovens se voltaram para seus computadores e consoles de jogos. O mesmo aconteceu com as moças, mas a partir de um ponto de partida muito mais baixo.




O que os jovens estão fazendo menos para liberar tempo para todo esse jogo? Isso é difícil dizer com muita confiança: todas essas estimativas são derivadas de uma pesquisa com cerca de 26.400 domicílios que está sujeita a amostragem e outros erros, e embora os aumentos no tempo de jogo sejam tão grandes que podemos ter certeza de que eles representam um fenômeno real, algumas das outras mudanças podem ser principalmente ruído. Ainda assim, parece que, desde a pandemia, a maior parte do tempo adicional de jogo veio do trabalho e do esporte/exercício/recreação. 




Antes da pandemia, houve um grande declínio no tempo estimado que os jovens passavam socializando e se comunicando, e quedas menores no tempo gasto participando de atividades organizacionais e religiosas e assistindo TV - com a última atividade, em 2,14 horas semanais em 2022, provavelmente destinada a ser superada pelos jogos em breve. Notadamente, dado o debate acadêmico discutido no início desta coluna, não houve queda nas horas trabalhadas. Isso ocorre em parte porque as horas médias de trabalho dos homens jovens aumentaram após os períodos examinados nos artigos discutidos acima, o que parece dar suporte ao argumento de Kimbrough, mas também possivelmente porque ambos os artigos examinaram as tendências entre homens de 21 a 30 anos, enquanto as estatísticas em todos os gráficos aqui são para idades de 15 a 24 anos, que é como o BLS as relata. 

A parcela de homens de 15 a 24 anos que passaram pelo menos algum tempo jogando em um dia médio superou 50% pela primeira vez em 2022, com 52,4%. Antes da era eletrônica, jogar games era muitas vezes uma atividade social (bridge, alguém?), e é possível que parte do que vem acontecendo é que o aspecto social dos jogos tenha voltado, com um grande impulso dos lockdowns pandêmicos, durante os quais os jogos online multiplayer proporcionaram uma maneira socialmente distanciada de passar tempo com os amigos.

Depois, há a questão dos jogos versus trabalho. A faixa etária  de 20 a 24 anos ficou atrás tanto  dos adolescentes quanto dos trabalhadores da primeira idade (25 a 54 anos) na recuperação do mercado de trabalho nos últimos três anos, com a participação da força de trabalho ainda caindo 2,1 pontos percentuais desde fevereiro de 2020 entre os homens, em maio, e 1,3 ponto entre as mulheres. Não acho que os jogos sejam realmente a causa disso, mas o grande aumento no tempo gasto neles pode ser um sintoma da interrupção que a pandemia causou para um subconjunto de jovens adultos que tinham acabado de ingressar ou estavam prestes a ingressar no mercado de trabalho, e é possível que o uso pesado de videogames esteja tornando mais difícil para alguns colocar suas vidas de volta nos trilhos. Entre os homens de 15 a 24 anos que passaram pelo menos algum tempo jogando em um dia médio em 2022, o tempo médio gasto foi de 3,82 horas, o que é uma fatia bastante significativa do dia, e 8% daqueles na faixa etária jogaram por seis ou mais horas por dia. 3 Acho que pode ser demais!

Não se preocupe, porém, não vou concluir esta coluna gritando para os jovens pararem de passar tanto tempo jogando videogame. Como eu poderia, se os jovens e seus consoles de jogos ainda nem se comparam com os velhos e suas televisões? Homens americanos com 65 anos ou mais passaram uma média de pouco mais de cinco horas por dia assistindo TV em 2022, contra pouco mais de quatro em 2003.




Não acho que essa tendência tenha implicações significativas no mercado de trabalho, mas o fato de que aqueles com 65 anos ou mais compõem uma parcela maior do que nunca da população dos EUA e estão assistindo mais TV do que nunca provavelmente explica muito sobre nossa estranha era política, e também parece meio triste. A ligeira queda no tempo de TV desde 2019 está dentro da margem de erro, mas o fato de não ter crescido durante a pandemia é pelo menos um pouco animador. Sério, meus futuros companheiros idosos americanos (tenho 59 anos): parem de assistir tanta TV!

Quando comparados os grupos dos jovens com os dos mais idosos, existe uma mudança cultural importante: o primeiro não assiste mais TV nos canais abertos, sua preferência se tornou o streaming TV através das séries, assunto corriqueiro em qualquer almoço (inclusive dos mais velhos). Com esse raciocínio, não se poderia concluir que os jogos substituíram os programas de TV. A conclusão a que sou levado é que algum outro tempo foi trocado — se não foi o trabalho, certamente é o social.

Aqui vale um paralelo com os mercados financeiros. É certo que as pessoas que decidem realizar operações em bolsas tendem a perder 80% de seu capital num espaço de 6 meses, e poucos são os sobreviventes. Acontece que inserções em finanças mesclam técnica com sorte, onde o primeiro é mais importante. No caso de jogos, o fator sorte tem um peso superior, o que torna a gestão das apostas mais desafiadoras, mas não vejo como muito diferente o resultado depois de um tempo.

A cena daquela velhinha jogando em um caça-níqueis em Las Vegas foi substituído por uma multidão que agora está jogando anonimamente e não precisa se locomover nem buscar parceiros para os jogos de poker entre amigos — basta fazer um PIX e começar a jogar. Fico pensando como são agora os recreios dos adolescentes — o bedel perdeu sua função.

Pela manhã, foram publicados os dados de emprego, que ficaram um pouco abaixo das previsões em 209 mil e muito menores que o publicado pelo ADP ontem, como mencionei. A taxa de desemprego caiu mais um pouco, se situando em 3,6%, nível ainda baixo para quem espera uma desaceleração. Mas talvez o mais desafiador para o Fed tem a ver com o custo das horas trabalhadas, que se mantém constante em 4,4% a.a. desde o início deste ano e é o subproduto de um mercado de trabalho apertado.

 



O Deutsche Bank, que mantém sua visão que haverá uma recessão dentro de 6 meses, elaborou um estudo para verificar como se comportaram os dados de emprego antes dessa data.

O fato de o desemprego estar estável no momento não significa que uma recessão não vá acontecer. De fato, se uma recessão começar nos próximos 6 meses, as leituras atuais estarão perfeitamente de acordo com o padrão histórico. O desemprego não é um indicador importante, portanto, não é aquele em que você obtém pistas de antemão. Você só esperaria vê-lo subir quando a recessão estivesse realmente em andamento.

O gráfico de barras atualiza um que usamos antes de examinar as folhas de pagamento no ano anterior e posterior ao início da recessão. Nos 10 meses anteriores à recessão, as folhas de pagamento ficaram relativamente estáveis em cerca de +100 mil em média. Em seguida, o primeiro mês da recessão vê uma impressão negativa, sem qualquer aviso da tendência anterior, onde permanece por 9 meses. Obviamente, o tamanho da população ativa mudou ao longo do tempo, por isso é difícil comparar o número principal em ciclos ao longo do tempo, mas as folhas de pagamento, sem dúvida, ainda são muito fortes e talvez devêssemos diminuir antes de podermos dizer que os riscos de recessão são mais iminentes.




No post dinheiro-debaixo-do-colchão fiz os seguintes comentários sobre a nasda100: ...” Pois é, parece que a opção que citei acima ... possibilidade seja de uma correção menor ... está ocorrendo, sendo assim, a onda 3 deve acabar mais acima em 15.858, como mostra o gráfico abaixo. Notem que após o término, uma correção na onda 4 deveria levar a bolsa ao nível de 14.574” ... ...” Diferentemente do SP500, existe a possibilidade da onda (IV) não ter terminado, o que parece menos provável com a abertura de hoje – essa a razão que escolhi entrar primeiro no SP500” ...




Pois é, o menos provável parece que está em curso onde a onda (IV) está em andamento. Se essas minhas premissas estiverem certas, busquei ilustrar no gráfico abaixo o percurso que a nasdaq100 poderia trilhar. Incialmente completando os sinais onde essa onda teria os objetivos entre 14.670/ 14.400 a 14.250 1 em seguida completando a onda (V) em 15.850. Em seguida uma correção e uma nova alta conforme apontado com os símbolos . Um tremendo vai e volta!

1 Existe a possibilidade que essa onda seja em forma de triângulo, o que daria objetivos menores em termos de retração para a correção da onda (IV).



O gráfico a seguir que compara a performance da nasdaq antes e depois de atingir um pico é interessante, talvez não da forma que o autor quis apresentar, mas da maneira que interpretei. Segundo o autor, a evolução da bolsa está seguindo dentro da região que ocorreu no passado e ressaltando que após a queda a nasdaq100 tem altas fortes.




Da forma que eu enxergo, muito pouco se pode dizer sobre o que acontece depois do pico pois a região em marrom é tão grande que encaixa qualquer argumento. O que chama minha atenção é que antes de atingir o pico a evolução é muito semelhante em todos os casos, ou seja, é mais fácil acompanhar a alta até o pico!




O SP500 fechou a 4.399, com queda de 0,29% - resolvi liquidar a posição detida na bolsa no curso do dia; o USDBRL a R$ 4,8661, com queda de 1,06%; o EURUSD a € 1,0965, com alta de 0,72%; e o ouro a U$ 1.924, com alta de 0,71%.

Fique ligado!

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