O macaco (mercado) está certo? #usdbrl
Já citei em outro momento o personagem criado pelo saudoso
Jô Soares no programa O Planeta dos Homens o-macaco-está-certo,
isso foi logo no início do Mosca em 2012. “Os macacos inteligentes
representados por Sócrates, o filosofo do grupo, viviam intrigados com as
contradições dos humanos”. Uma das contradições que se pode notar nos mercados
tem a ver com a expectativa de inflação espelhada nos mercados de derivativos diante
dos cenários apocalípticos elaborados pelos economistas, como relata Matthew A.
Winkler na Bloomberg.
Há um ano, o governo dos EUA informou que a inflação medida
pelo Índice de Preços ao Consumidor subiu para 9,06% em junho de 2022 em
relação ao ano anterior, a leitura mais alta desde 1981. O relatório provocou
um crescendo de comentários em torno da ideia de que a inflação estava tão
quente que nada menos do que uma recessão que joga milhões de americanos
fora de um emprego a colocaria sob controle. As comparações com a espiral
descontrolada de salários-preços dos anos 1970 eram onipresentes.
Tudo parecia plausível, se não fosse por um fato
inconveniente: uma pequena parte do mercado de US$ 30 trilhões para títulos do
governo dos EUA - a referência diária das preferências dos investidores globais
- não aceitava nada disso. Aqui, o papo incessante de que o Federal Reserve
estava "atrás da curva" era ignorada. Hoje, não há
dúvidas sobre quem estava com a razão. Nesta semana, o governo deve dizer que a
taxa de inflação caiu para 3% em junho, de acordo com dados compilados pela
Bloomberg, algo que o mercado de títulos previu há um ano.
O que o mercado de títulos – ou mais precisamente
derivativos – mostrou é que o grupo mais diverso de compradores e vendedores
apostou suas reputações e fortunas na convicção de que a inflação aceleraria
por dois anos devido ao lockdown mundial da pandemia de Covid-19 antes de
diminuir vertiginosamente durante os oito anos seguintes. A evidência é que,
nos últimos 12 meses, o mercado de swaps de inflação conseguiu adivinhar o
caminho para os preços ao consumidor com uma taxa de precisão que escapa a
qualquer comentarista, antecipando com precisão o CPI para a casa decimal mais
próxima, em contraste com o consenso de economistas e críticos do presidente do
Fed, Jerome Powell, e do presidente Joe Biden.
Os investidores que se protegem contra o aumento dos preços
tradicionalmente recorrem aos Títulos do Tesouro Protegidos contra a Inflação, ou TIPS,
que não têm a periodicidade mensal dos swaps de inflação. Esses derivativos
permitem que uma das partes pague uma taxa fixa sobre um valor nominal em troca
de uma taxa flutuante vinculada a um indicador de inflação, como o CPI. Por exemplo,
se uma parte espera que os preços ao consumidor aumentem pelo menos 2,7% nos
próximos 12 meses, mas outra acha que o máximo que eles aumentarão é 2,7%, eles
celebrariam um contrato de swaps com um valor de US$ 1.000. A primeira parte
paga à segunda parte US$ 1.027 por ano daqui a um ano, independentemente do que
aconteça com os preços, mas recebe US$ 1.040 da segunda parte se a CPI se
revelar, digamos, 4%. Nesse caso quem apostou que a inflação seria maior que
2,7% ganham a diferença de US$ 130. As operações de swap de inflação são
reportadas ao Depository Trust
& Clearing Corp., um prestador de serviços de compensação e liquidação
para os mercados financeiros.
Quando tantas pessoas estavam preocupadas em 2022 que a
inflação estava fora de controle, os swaps de inflação totalizando bilhões de
dólares há 14 meses anteciparam corretamente a leitura de maio de 4% para o CPI
(tendo negociado dentro de um intervalo de 3,1% a 4,1% por mais de um ano), de
acordo com dados compilados pela Bloomberg. Aqueles que organizaram os swaps
naquela época estavam convencidos – corretamente – de que o CPI de maio de 2023
seria menos da metade do nível predominante de 8,6%. Não era nenhuma anomalia.
Um mês antes da divulgação dos dados do CPI de abril deste ano, os swaps de
inflação estavam cotados em 4,9%, e permaneceram em torno desse patamar até que
os dados do governo fossem publicados, em 10 de maio, mostrando que o CPI era,
de fato, oficialmente de 4,9%. Os swaps de inflação em março e fevereiro foram
igualmente precisos na medida em que previram os números mensais, de acordo com
dados compilados pela Bloomberg.
Agora vem o relatório do CPI de junho, previsto para ser
divulgado em 12 de julho, que o mercado de swaps de inflação precificou ficar
entre 2% e 3,3% desde junho de 2022. Se passado é prólogo, o governo dirá que
os preços ao consumidor subiram cerca de 3,03% em relação ao ano anterior, ou
quase um ponto percentual abaixo do relatório do mês anterior, de acordo com
dados compilados pela Bloomberg.
O que esperar
O mercado de swaps de inflação antecipa há um ano que o
relatório do CPI de junho ficaria em torno de 3%
Os swaps de inflação que totalizaram US$ 82 bilhões no mês passado são uma sombra do mercado de US$ 314 bilhões para TIPS. Mas "depois de acompanhar os dados em uma base mensal, as expectativas para o CPI ano a ano derivadas de negociações de swap de inflação ficaram estatisticamente mais próximas dos números reais do que a mediana do consenso da pesquisa de economistas", disse Owen Minde, especialista em câmbio e aplicação econômica da Bloomberg que gerencia a função de swaps de inflação no terminal da Bloomberg. Equipados com a transparência das expectativas implícitas no mercado para a trajetória do CPI ano a ano, os investidores podem comparar sua visão com a do mercado e, em seguida, tomar suas decisões de alocação de ativos de acordo."
Essa é outra maneira de dizer que os mercados forneceram
pelo menos tanta - se não mais - credibilidade avaliando a inflação quanto
qualquer comentarista. Alguns economistas estavam fazendo isso retoricamente há
mais de um ano, quando o Fed foi amplamente criticado por esperar até março de
2022 para apertar a política monetária depois que a inflação acelerou em 2021.
"Talvez haja um argumento" de que milhões de
pessoas no mercado de títulos "são doidos que estão desconectadas das
expectativas de inflação embutidas nos agentes econômicos", cujas
"crenças e expectativas realmente importam porque impulsionam as
decisões", disse Brad DeLong, historiador e professor de economia da
Universidade da Califórnia em Berkeley e ex-vice-secretário adjunto do Tesouro
do presidente Bill Clinton. escreveu em
uma crítica em março de 2022. "Talvez haja um argumento de que precisamos
temer não os justiceiros do mercado de títulos 1, mas sim outros participantes
e agentes, cujas expectativas de inflação se tornaram substancialmente
desancoradas e que já estão tomando medidas que produzirão uma espiral
inflacionária inercial persistente."
1 O termo Bond
vigilans foi celebrizado pelo economista Edward Yardeni na década de 80. Eles
viriam a ser os justiceiros da economia e servir de referência aos investidores
em obrigações. “Comentava-se que, se as autoridades monetárias e
fiscais não regulavam corretamente a economia, os investidores em obrigações
iriam fazê-lo. De tal forma que se um banco central, por exemplo, ficava
para trás nas suas políticas monetárias, os justiceiros obrigavam-no a atuar
através de pressões nos preços de mercados das obrigações”.
DeLong seguiu isso com uma postagem do Substack no mês passado, escrevendo que
"o mercado de derivativos, pelo menos, parece absolutamente certo de que o
Federal Reserve está dando conta do recado. Sua expectativa implícita do que
será a inflação daqui a cinco a dez anos é absolutamente sólida em um nível
ligeiramente abaixo de um consistente com a meta do Federal Reserve de 2% ao
ano para a inflação, medida pelo índice de preços de Despesas de Consumo
Pessoal.
Perspectiva benigna
O mercado de swaps vê a inflação desacelerando gradualmente
nos próximos 12 meses
David Wilcox, ex-diretor de pesquisa e estatística do Fed e atualmente economista da Bloomberg Economics, faz a única pergunta na mente de todos os investidores e economistas. "Poderia uma ação anterior do Fed ter reduzido significativamente o tamanho do problema de inflação da era da pandemia", questionou ele em um relatório de pesquisa recente. "O ciclo de alta começou em março de 2022 - mas suponha que o Fed tivesse antecipado com precisão para onde a inflação estava indo e começando a aumentar as taxas de juros" no segundo trimestre de 2021. "A experiência da inflação teria sido muito diferente?" Wilcox tem dúvidas a respeito. Um novo modelo desenvolvido pela Bloomberg Economics sugere que uma ação anterior teria limitado o aumento da inflação, mas não o teria eliminado. De acordo com esse modelo, se o Fed tivesse começado a apertar nove meses antes, a inflação do CPI teria atingido o pico de 7,6% em vez de 8,6%. Essa não é uma diferença trivial, mas também não é um divisor de águas."
Os swaps de inflação, por sua vez, estão se mostrando mais
eficazes entre as ferramentas de previsão de inflação do que coisas como a
pesquisa mensal de inflação da Universidade de Michigan com 600 famílias
selecionadas aleatoriamente, as cerca de 60 previsões de economistas regularmente
compiladas pela Bloomberg e as taxas de equilíbrio no mercado do Tesouro que
sugerem a taxa média de inflação ao longo do seguinte, 5, 10 e 30 anos.
Então, o que eles estão prevendo agora? Uma nova
desaceleração gradual da inflação para bem abaixo de 3% nos próximos 12 meses.
E todos aqueles economistas que disseram que só uma recessão profunda reduziria
a inflação? Muitos deles agora dizem que a economia pode evitar uma recessão. Acredite
se quiser.
Matthew ficou impressionado que o mercado de derivativos de
inflação vem “acertando” com um certo grau de precisão o nível de inflação,
levando a crer que existem alguns gênios nesse segmento. Acontece que essas
taxas são extraídas por diferença de dois mercados de títulos: os bonds
pré-fixados e on bonds indexados à inflação (TIPS), como apresentou no exemplo
acima, para se chegar a um nível de inflação explicito. São as apostas nesses
dois mercados que resultam na oferta de swaps.
Imagino que a grande maioria dos participantes no mercado de
swap buscam proteção contra a inflação, enquanto os provedores desses contratos
se posicionam fazendo sua cobertura no mercado de títulos. Naturalmente, os
especuladores podem atuar também, porém a precificação de hoje é orientada por
essa combinação de títulos e não porque existem “gênios” que preveem a inflação
com exatidão.
Pelo tamanho dos mercados de títulos e seu volume de
negociação, a indicação de inflação está sujeita a esses movimentos e não a um
“Sócrates” que consegue prever o nível de inflação com a precisão que esse
artigo induz. Agora, que o mercado é melhor que os economistas parece ser um
fato — afinal, o primeiro coloca o bumbum na reta enquanto os últimos mudam de
opinião como eu mudo de camisa!
No post sensação-de-estar-vendido fiz os seguintes
comentários sobre o dólar: ...” Como destacado
na elipse, o dólar tentou uma recuperação na semana, porém não foi suficiente
para estabelecer as 5 ondas necessárias para aventar uma mudança de rumo,
retornando as mínimas recentes. Não tenho muito mais a acrescentar a tudo que já foi
dito” ... ...” abaixo de R$ 4,5790 vou reconsiderar minha estratégia; senão,
mantenho meu cenário de alta do dólar” ...
Num intervalo mais curto de uma hora, é possível observar 5 ondas entre R$ 4,76 – R$ 4,95 que ocorreram na semana passada. Agora poderia estar se desenvolvendo uma mini correção. A linha traçada em azul espelha a possível alta. Os limites se encontram destacados no gráfico a seguir onde: abaixo de R$ 4,7588, esquece que a correção maior está em andamento, ou acima de R$ 4,9503 abre espação para alta.
Para quem acredita que a visão do Mosca faz sentido existem 2 formas de se posicionar:
1.
Comprar no intervalo entre R$ 4,83/ R$ 4,80 com stop
loss a R$ 4,7588; ou
2.
Esperar romper R$ 4,95 cujos objetivos poderiam
ser entre R$ 5,01 e R$ 5,14 – possível onda (iii).
- David, o que você vai fazer?
Como eu tenho a vantagem de acompanhar num prazo mais curto,
vou ver como os preços se desenrolam essa semana. Fiquem atentos.
Para quem achou que o real está na vanguarda e se
valorizando por conta dos anúncios da Reforma Tributária mais bem interpretados
pelo mercado, peço que se atentem ao gráfico a seguir, que compara nossa moeda com
a mexicana e colombiana.
Parece ser um movimento mais coordenado entre as moedas latino-americanas, que recentemente estão apresentando pequena retração.
O “carequinha”, como é chamado Robin Brooks, está apaixonado
pelo Brasil; sempre que um dado vai ao encontro de seu desejo que viremos uma
Suíça, ele o publica em seu Twitter.
Venho insistindo que o motivo dos enormes superávits na balança comercial se deve quase que exclusivamente à agricultura, o que para mim é sinal de vulnerabilidade. Outro fator a se considerar é que, se a economia brasileira crescer como ele imagina, esse superavit deverá diminuir significativamente em função do aumento das importações. Não estou querendo enxergar com lentes negativas, mas todo seu entusiasmo deve ser ponderado pela miopia deste governo, que pretende levar o Brasil aos anos 70, e não é 2070!
O SP500 fechou a 4.409, com alta de 0,24%; o USDBRL a R$ 4,8812,
com alta de 0,19%; o EURUSD a € 1,0997, com alta de 0,27%; e o ouro a
U$ 1.925, sem variação.
Fique ligado!
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