Sensação de estar vendido #usdbrl
Hoje é a véspera feriado do Dia da Independência dos EUA,
comemorado amanhã. Embora os mercados estejam abertos, a liquidez será
reduzida.
O trabalho no mercado é o mais fácil que existe, você só tem
3 opções: ficar comprado, sem posição ou vendido a descoberto. Mesmo com um
critério simples do tipo: minha mãe mandou escolher este daqui .... sua chance
de sucesso é de 33%, o que não é tão baixo assim – se você nunca usou esse
critério, um dia irá usar; confesso que no passado usei na maioria das vezes em
que precisava zerar uma posição perdedora, só mais tarde usei o stop loss.
A posição vendida é a mais dolorida, pois a princípio não
tem limite de perda – o ativo pode subir muito mais do que se imagina, basta
pegar um mercado que está na formação de uma bolha e, como dizia Keynes, o
mercado pode permanecer irracional mais tempo que você fica solvente.
Erroneamente se acredita que a posição mais segura é a de
comprado, porém observem que em raras exceções (bolhas) as altas são menos
íngremes que as baixas, e existe uma razão. Na compra, os investidores não agregam
a suas posições todos de uma vez, enquanto uma notícia ruim para uma
determinada ação faz todos venderem ao mesmo tempo.
Agora, interessante é a posição neutra que, embora não tenha
impacto financeiro, tem um razoável impacto emocional. Como costumo dizer, no
final do dia você sempre pode se culpar por não ter comprado algum ativo que
subiu e ao mesmo se sentir confortável por não ter comprado algum que caiu.
Porém, na verdade não se deveria ter sensação nenhuma, afinal não se tem
posição quando não se tem certeza. Mas o ser humano nem sempre é (na maioria
das vezes não é!) racional.
Sou capaz de apostar que grande parte dos investidores
internacionais, e principalmente os americanos, devem estar se sentindo muito
frustrados neste semestre que terminou. No primeiro de janeiro, o que mais se
esperava era uma queda das bolsas, e o SP500 subiu 16%, o que não é pouco.
Agora fica aquela sensação de ter perdido o bonde (pois é, sou dessa era do
bonde! Hahaha ...). Joshua Brown comenta em seu site The Reformed Broker
que os mercados de hoje passam rapidamente de um funeral para uma festa.
Por favor, leia isto de Michael Santoli:
Assim como a profundidade do desânimo evidente nos
indicadores de sentimento dos investidores em torno do Dia do Trabalho foi
desproporcional ao que o mercado e a economia vinham fazendo, o volume de
alegria gerado por esse rali de 9% de quatro semanas parece estar correndo pelo
menos um pouco à frente do que, afinal, tem sido uma saída marginal de alta de
uma longa e difícil faixa de negociação.
Não há como negar que o tom da negociação melhorou muito,
em quase todos os sentidos, além do volume ainda inexpressivo. As previsões de
lucros ainda não caíram de forma significativa para o próximo ano. Até lá, as
avaliações otimistas em grandes ações permanecem sem desafios. Com base na
persistência deste rali, parece que alguns investidores se sentem sub expostos
às ações.
Uma descrição bastante apropriada dos últimos nove meses –
com o mercado de ações caindo em outubro passado, enquanto a economia se
mantinha. Os investidores estavam muito posicionados em caixa e avessos ao
risco neste inverno, levando a um rali da primavera para o verão.
Mas aqui está a coisa - Michael não escreveu esta semana. Ele o escreveu no final de setembro de 2010.
O que eu quero que você tire desse exercício é o fato de que
ele sempre acontece desse jeito. Você pode encontrar uma coluna antiga de Santoli
para combinar com praticamente qualquer ambiente de mercado que possamos
experimentar. Seu trabalho na Barron's terminou há onze anos, mas sua impecável
crônica da ação semanal durante seu tempo lá ainda permanece relevante para os
estudantes da história do mercado de ações.
E quando você voltar e lê-lo, você só pode chegar às
seguintes conclusões (se você for honesto consigo mesmo):
1. As ações e a economia podem divergir na direção por
um longo tempo. Ou elas podem se sincronizar. Ou pode não haver correlação
distinguível ou correlação inversa. Você acha que tem um sistema? Ok, vamos ver
seu sistema ir três ou quatro rounds com o campeão indiscutível dos
pesos-pesados da imprevisibilidade – o S&P 500 – e então podemos falar
sobre seus "sinais".
2. Mesmo que eu lhe desse as manchetes de amanhã hoje, você
ainda não seria capaz de adivinhar o impacto de todas essas notícias sobre os
preços, o sentimento, as avaliações ou as respostas dos formuladores de
políticas fiscal e monetária. Por exemplo: se eu lhe dissesse em janeiro de
2020 que veríamos 22 milhões de demissões em março e abril, escolas e empresas
fechadas, todos os voos suspensos e o cancelamento de todos os eventos
presenciais, de esportes a férias, conferências, shows e cultos religiosos em
todo o país, você provavelmente não teria previsto um retorno de 20% para o
S&P 500 naquele ano e um retorno de 30% no próximo (pode verificar, foi o
que aconteceu).
3. Os mercados podem mudar da euforia para o terror e de
volta para a euforia novamente antes que você possa trocar de roupa. A
frase Santoli "O mercado de hoje passa de um funeral para uma festa tão
rápido quanto um salão dos Veteranos de Guerra", é antológica. Ele disse
isso em 2010. Tem sido relevante muitas vezes desde então, inclusive em 2023.
Vou à televisão com pessoas que trabalham em Wall Street há décadas e ainda falam
besteiras como "este rali não faz sentido", como se já não soubessem
o suficiente para não dizer isso. Coisas que não fazem sentido acontecem o
tempo todo. As tendências do mercado de ações não deveriam fazer sentido se
você as estiver julgando com base no que está acontecendo hoje. Muitas vezes,
surgem desenvolvimentos para o futuro que só fazem sentido em retrospectiva.
Dê-me tempo suficiente e eu posso olhar para trás para explicar com
credibilidade quase tudo o que já aconteceu.
4. Mesmo que você
saiba o que vai acontecer a seguir, você pode realmente se sentir confiante
de que sabe o que acontecerá depois disso? Ou no próximo a
seguir em seguida? Você pode planejar realisticamente três ou quatro passos
à frente? Imagine um jogo de xadrez onde joga de acordo com as regras e toma
decisões lógicas enquanto seu oponente não tem essas restrições e pode fazer o
que quiser. Os peões dele podem ir para trás, os bispos se mover horizontalmente,
os cavaleiros se moverem duas vezes seguidas, as torres girar em círculos, e a rainha
levitar acima do tabuleiro. E você está sentado lá brincando de "se isso,
então aquilo" como um cara completamente sem noção. Se você ainda é tão
ingênuo depois de cinco ou seis anos nos mercados, não sei o que lhe dizer.
5. O que todo mundo está falando nem sempre é o que
acaba importando. Você tinha "chatbots de IA" em seu cartão de bingo para
aproveitar a disparada do Nasdaq de 35% em cinco meses? Aposto que não. Aposto que
estava mais preocupado com a inflação do que qualquer outra coisa no último dia
30 de novembro, dia em que o ChatGPT nasceu. Não se sinta mal. Eu também.
6. Muitas vezes, o resultado mais surpreendente é o que
acontece. E então, muitas vezes, esse não é o caso e há uma explicação
linear para queda e altas que você pode entender enquanto dorme confortavelmente
à noite. Quando vai acontecer isso e como você saberá? Nunca. Na mesma hora em
que está se apaixonando pelo seu próprio ponto de vista, justamente quando está
recebendo toda a confirmação que precisa para se agarrar a ela, alguma coisa
acontece para derrubar essa certeza do mesmo jeito que o valentão da escola pisava
em cima do seu caderno novo (aquele com o unicórnio arco-íris na capa).
Há um monte de folhas soltas espalhado por todo o corredor. Porque não só você
não sabe, como nem sabe o que você não sabe. Engenheiros e cientistas
lutam com esse conceito. Você não pode imaginar algumas das chamadas e reuniões
em que estive ao longo dos anos tentando enfiar isso na cabeça das pessoas. Não
tem fórmula. Muitas pessoas estão estruturadas de tal forma que não podem ou
não querem aceitar isso.
7. Se ainda não chegou a essa conclusão, você vai sobreviver
ou não – tendo uma estrutura montada, ou uma série de regras que
regem como você vai ou não se comportar – não é infalível de forma alguma, e
pode significar grandes períodos de dor, inveja ou arrependimento. Mas é melhor
do que nada. Há um pequeno punhado de profissionais que são capazes de operar baseados
em seus instintos o tempo todo, acordando e tomando novas decisões todos os
dias exclusivamente baseados em como se sentem. Você sabe o quanto essas
pessoas são poucas. São todos famosos. São todos bilionários. Para cada David
Tepper, há 20 milhões de não-David Teppers que tentaram e não conseguiram
operar desta forma. Não há três dúzias de Steve Cohens. Há um. Felizmente, há
muitos, muitos mais multimilionários que governam suas ações por regras e essas
são as pessoas que gradualmente ficam ricas e depois permanecem assim. Mesmo
que eles não percebam, os limites que colocam em si mesmos (comprar e manter,
comprar apenas o que eu entendo, reequilibrar duas vezes por ano, permanecer
diversificado, nunca entrar em uma negociação sem uma saída, apenas comprar
ações em uma tendência de alta, nunca comprar ações baseado no anúncio dos
ganhos, etc) são a razão pela qual eles se mantiveram. Reparem, eu disse” se
mantiveram” e não” tiveram sucesso”. Se você estiver fazendo isso direito, não
vai parecer um sucesso por muito tempo. E será um sucesso relativo, na melhor
das hipóteses. Você não estará ciente de todas as pessoas que se explodiram,
mas, na verdade, é assim que você tem que ganhar. São suas decisões racionais
versus todas as más decisões que estão sendo tomadas pelos outros, afinal
mercados é um jogo de soma zero. Se ao longo do tempo você ganhou, é por causa
de pessoas que lhe venderam coisas que não deveriam ter vendido ou que
compraram coisas de você que não deveriam ter comprado.
8. Por último – e por favor, entenda que conheci muitos dos
maiores investidores do nosso tempo na vida real – você precisa de um pouco
de sorte. No fundo, todos os investidores "lendários" admitem
isso para si mesmos. Alguns deles dizem isso em voz alta. Lugar certo, hora
certa. Aleatoriamente encontrei alguém com uma ótima ideia. Acidentalmente
tropeçou num negócio da China. Todos diziam que eram inteligentes (mas todos
são inteligentes), que eram trabalhadores e diligentes (todos são trabalhadores
e diligentes) e então, um dia, esses atributos se encontraram com a oportunidade
(ou acaso) e o resto todos sabem. Mesmo individualmente, a sorte desempenha um
papel enorme nos resultados das pessoas. Meu cunhado me contou sobre a
Nvidia. Meu vizinho trabalhava na Apple. Meu colega de faculdade me colocou em
uma rodada de financiamento para o AirBNB. Meu pai nos deixou ações da
Berkshire Hathaway A. Eu trabalhei em uma empresa de biotecnologia logo após a
faculdade e eles foram comprados pela Bristol Myers. Esqueci tudo sobre um
velho 401(k) que eu tinha investido em fundos de índice de três empregos atrás.
Eu ganhei uma grande fatia de dinheiro com a venda do meu negócio no final de
2008 e acabei de despejá-lo no mercado. Há vinte anos que ouço histórias
como esta de pessoas comuns que acabaram por ter muito mais dinheiro do que
imaginavam ser possível. A sorte é um ingrediente fundamental em todos os
níveis.
As antigas colunas de Santoli estão repletas de histórias de
reviravoltas dramáticas, altas inexplicáveis e mergulhos que desafiam a morte.
Quase tudo aparentemente entrava na conversa do nada. Em tempo real, enquanto
ele as escrevia e eu as lia, eu estava grudado na tela. E a única coisa que
mudou desde então são os nomes das pessoas e os símbolos das ações com as quais
estão envolvidas. O comportamento é sempre o mesmo.
O mercado de hoje vai girar e o de amanhã também. Não há
nada que você possa fazer sobre isso a não ser estar preparado, financeira e
mentalmente. A volatilidade é atemporal e oscilações selvagens no sentimento
são a regra, não a exceção. Não gaste mais um momento do seu tempo iludido na
crença do contrário.
Depois de tantos anos neste negócio, posso afirmar com
certeza que a inteligência emocional é fundamental para o sucesso. Aqui me
refiro à inteligência não para saber quem tem mais QI e sim quem possui mais
controle e conhecimento de seu espectro de comportamento. Vou dar um exemplo
recente, os leitores são testemunhas da minha posição sobre o dólar neste semestre;
estou aguardando uma virada, que não só não aconteceu como está indo no caminho
inverso, de queda. Posso buscar muitos argumentos para ter me mantido dessa
forma – até como me disse meu partner que fui influenciando negativamente por
esse governo, mas é inegável que minha postura não foi correta do ponto de
vista do resultado.
Mas eu uso um modelo que é probabilístico e, se me
distanciar dele, perco consistência no tempo. Lógico que minha análise técnica
pode ter sido errônea, mas não me parece que é o caso — é notório que o
movimento do último semestre foi de correção.
Muito bem, na sexta-feira por muito pouco não sugeri um
trade de venda de dólar ao redor de R$ 4,84 — tudo indica que no curto prazo que
vai visitar pelo menos o nível de R$ 4,70. Mas passado esse momento de ganância,
tive a sensatez de primeiro calcular o risco x retorno e depois observar o
gráfico com janela semanal, ambos não eram convincentes.
Citei esse exemplo para mostrar que, mesmo tendo muita
experiencia com mercados, às vezes somos levados por pensamentos que buscam
justificar ações que não estão de acordo com uma análise mais isenta. Nesse
caso específico, uma queda do dólar não deve me levar a pensar que sou “burro porque
estava na cara que iria cair”, ou caso contrário me sentir um “gênio porque sabia
que iria acontecer”. Pouco importam meus pensamentos sobre esse assunto o que
vale mesmo são os princípios a serem seguidos e agir em concordância com as
regras.
Um leitor de longa data colocou um comentário na tabela de
retorno semanal publicada na ultima sexta-feira em tom provocativo “a próxima
tem que ser 30%” se referindo ao retorno acumulado de 29,11%. Infelizmente não
tenho esse poder, embora gostaria muito de o satisfazer. Em resposta posso
dizer que se não cair já vou ficar feliz!
No post era-só-torcida fiz os seguintes comentários
sobre o dólar: ...” Na última semana, o dólar não
teve evolução com as cotações, permanecendo num intervalo bastante restrito —
sendo assim, mantenho as observações acima. O gráfico a seguir é de janela
semanal, e nele se encontram as pedras do jogo, ou seja, abaixo de R$ 4,5790
vou reconsiderar minha estratégia; senão, mantenho meu cenário de alta do dólar
– sem ficar na torcida, tema de hoje!” ...
Como destacado na elipse, o dólar tentou uma recuperação na semana, porém não foi suficiente para estabelecer as 5 ondas necessárias para aventar uma mudança de rumo, retornando as mínimas recentes. Não tenho muito mais a acrescentar a tudo que já foi dito, apenas um raciocino que deve ser feito nesse momento.
Muito se tem dito que o argumento para se posicionar comprado em real são as taxas de juros que se encontram em 13,75% a.a. É inegável que esse nível é bastante elevado sob qualquer ótica e, sendo assim, um fluxo de recursos do exterior veio para cá para se aproveitar. A conta que o investidor normalmente faz é a diferença entre os juros locais e o juros em dólares. Aplicando as taxas atuais, chegamos a um diferencial de 8,5% (13,75% - 5,25%). O que isso significa? Que caso o estrangeiro resolva não correr nenhum risco, terá um retorno de 8,5% em dólares, mas normalmente ele deixa em reais sem cobertura.
Acontece que o movimento no Brasil deve ser de queda dos
juros, como o banco central brasileiro deixou sugerido na última ata, e os
juros nos EUA parecem rumar próximo de 6%. Normalmente esses investidores observam
por um prazo mais longo as taxas, algo em torno de um ano. Muito bem, se for observada
a curva no mercado brasileiro, nesse prazo a uma taxa é de 10,5% a.a., enquanto
um Treasury Bond de um ano está a 5,5%. Com esse horizonte, o diferencial é de
5% a.a., o que não justificaria de nenhuma forma permanecer aqui.
Aonde quero chegar? O argumento do juro atrativo não é algo
que deveria motivar os estrangeiros dentro em breve, vai permanecer o fluxo
natural comercial e de investimentos diretos e possivelmente uma saída das
operações financeiras. Não notei os analistas se atentarem a isso, será só o Mosca?
Muito está se discutindo sobre impostos, neste momento uma
Reforma Tributária está em andamento. Mas como será o nível de impostos
cobrados no Brasil em relação ao PIB? Enormes, como se pode ver na tabela
abaixo, primeiro lugar não honroso! Tirar dinheiro do empresário para dar ao
governo é certeza de gastar mal e diminuir a produtividade.
O SP500 fechou a 4.455, com alta de 0,12%; o USDBRL a R$ 4,8047,
com alta de 0,38%; o EURUSD a € 1,0908, sem variação; e o ouro a U$
1.920, sem variação.
Fique ligado!
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