Era só torcida #usdbrl
Acredito que não existe nada mais frustrante do que depender
da “torcida” para alcançar algum objetivo. Posso citar um exemplo recente: a
performance do meu time, o Santos – os leitores devem ter notado que não
comento sobre futebol há um bom tempo por esse motivo. Para dizer a verdade, já
estou na fase em que joguei a toalha e espero que o pior não aconteça, que
seria seu rebaixamento.
Isso vale também para investimentos e mercados. Em relação a
este, quantas não foram as vezes em que sua tese deu errado e, para não
realizar um prejuízo, você ficou esperando um certo “milagre”? Posso afirmar
que o stop loss tem uma função importantíssima nesses momentos, pois se depender
de nós, a vontade é de esperar mais um pouco, o que praticamente garante
maiores prejuízos.
Quando a China resolveu mudar sua política — errônea,
diga-se de passagem — em relação aos lockdowns por conta da Covid, os
investidores mergulharam nos ativos chineses, na esperança de que haveria um
boom de consumo. Bem se sabe que aquele país possui a maioria taxa de poupança
do mundo, algo ao redor de 40%, quando nos países desenvolvidos é de meros 5%
ou menos.
Um primeiro avanço se motivado por essa crença ocorreu de maneira geral, porém, mais recentemente, vimos que essa expectativa foi frustrada, como relata matéria publicada na Bloomberg.
A recuperação impulsionada pelo consumidor da China está
mostrando mais sinais de perda de ímpeto, à medida que os gastos desaceleram em
tudo, desde viagens de férias a carros e casas, aumentando as expectativas de
mais estímulos para apoiar a economia.
Os gastos com viagens domésticas durante o feriado recente
para o festival de barcos foram
menores do que os níveis pré-pandemia, de acordo com dados oficiais
divulgados neste fim de semana. Os números de vendas de casas estão abaixo do nível de anos
anteriores, enquanto as estimativas
para as vendas de carros em junho mostraram uma queda em relação ao ano
anterior.
A recuperação do consumo depois que a China abandonou seus
controles da Covid impulsionou o crescimento este ano até agora, mas a
confiança está fraca e as evidências estão se acumulando de que a economia pode
precisar de mais ajuda. Depois que o banco central cortou as taxas de juros no
início deste mês, economistas aumentaram
suas expectativas de mais estímulos monetários e fiscais, e veículos de mídia
estatais também publicaram uma série de artigos nos últimos dias destacando
possíveis vias de apoio.
Os dados do turismo de férias apontaram para "um fraco ímpeto de recuperação pós-Covid para os serviços presenciais", escreveu Lu Ting, economista-chefe para a China da Nomura Holdings, em uma nota de pesquisa de domingo. Ele observou que o gasto médio por viagem foi cerca de 16% menor do que em 2019, "indicando uma intenção mais fraca de gastar ou menor poder de compra".
"À medida que a demanda reprimida desaparece e o risco
de uma dupla queda econômica se torna mais real nos próximos meses, prevemos que
o crescimento do consumo de serviços presenciais se enfraquecerá ainda
mais", escreveu Lu.
A fraqueza nas ações do continente continuou
à medida que as negociações foram retomadas após os feriados, com o índice CSI
300 caindo até 1,6% antes de reduzir parte das perdas. Bens de consumo básicos
e financeiros estavam entre os setores com pior desempenho.
A queda nas ações do continente foi em parte porque "os
dados de turismo de férias não foram tão bons quanto o do feriado do Dia do
Trabalho", disse Willer Chen, analista sênior de pesquisa da Forsyth Barr
Asia.
Nem todos os dados recentes sugerem uma desaceleração, com a
receita de bilheteria atingindo o segundo maior valor já registrado para o
feriado do barco, informou a agência oficial de notícias Xinhua. Mas
outros indicadores fornecem evidências de que os gastos não estão ganhando
força.
As vendas de casas nas principais cidades foram reduzidas
durante as primeiras semanas de junho e durante o período de férias, informou o
21st Century Business Herald, citando analistas de pesquisa. As
vendas de carros de passeio no mês devem ter caído quase 6% em relação ao ano
passado, de acordo com estimativas preliminares da Associação de Carros de
Passageiros da China.
A crescente preocupação com o crescimento alimentou
especulações sobre a possibilidade de aumento de estímulos neste ano.
Na semana passada, Wang Huning - o número 4 do Partido
Comunista da China - realizou uma reunião com representantes de outros partidos
políticos chineses para discutir sugestões políticas para reativar o consumo.
Na segunda-feira, dois jornais estatais de valores mobiliários apresentaram uma
série de sugestões de analistas sobre opções de política monetária que Pequim
poderia considerar.
Uma medida fiscal seria acelerar a venda de títulos especiais do governo local - uma importante fonte de financiamento de infraestrutura - para que as autoridades locais usem a maior parte de sua cota até o final do terceiro trimestre, de acordo com o China Securities Journal, citando o economista Gao Ruidong, da Everbright Securities. Até agora, os governos locais demoraram a usar sua cota neste ano.
O Shanghai Securities News, por sua vez, informou
que mais afrouxamento monetário - incluindo cortes nas taxas de juros e na
quantidade de dinheiro que os bancos precisam manter em reserva - é provável no
segundo semestre do ano.
No entanto, é improvável que qualquer estímulo seja em
grande escala, de acordo com Louis Kuijs, economista-chefe para Ásia-Pacífico
da S&P Global Ratings. A empresa cortou sua previsão para o crescimento do
Produto Interno Bruto da China em 2023 de 5,5% para 5,2%, citando a recuperação
desigual.
O governo ainda pode considerar medidas como a flexibilização das restrições à compra de moradias e dos requisitos de pagamento de hipotecas, além de um possível "apoio fiscal ao consumo", escreveu Kuijs em um relatório de domingo. Embora a "recuperação da confiança do consumidor seja lenta", disse ele, alguns dados de vendas no varejo e gastos discricionários se mantiveram, sugerindo uma expansão pelo resto deste ano e até 2024.
Outro fator que está complicando a vida do governo chinês
nesse momento são as consequências do distanciamento que vem ocorrendo entre a
China e os EUA. Essa política se iniciou no governo Trump, que impôs inúmeras
tarifas para os produtos chineses importados, o que acabou complicando diversas
empresa americanas que tinham sua base de produção nesse país. Daí em diante,
essas empresas entenderam que deveriam mudar suas fábricas de endereço; as
consequências já podem ser vistas na queda das exportações da China.
Pegando uma carona nessa tendência, e por motivo diverso, o
mesmo ocorre com as empresas europeias, que reprovam a atitude da China em
relação a sua posição ao lado da Rússia na guerra contra a Ucrânia.
Neste momento, seria fundamental para a China que parte
dessas exportações sejam substituídas por elevação no consumo interno — mas
nada feito, por enquanto não se nota esse movimento.
Desde que acompanho mais de perto os mercados internacionais,
e como consequência a China, existiram no passado situações semelhantes desse
desejo de aumento no consumo, mas para um país que foi fortemente motivado a
agir contrariamente — poupando —, serão necessárias gerações para que isso se
altere, e quiçá isso nunca ocorra. Por enquanto é só torcida!
Neste último sábado, fui convidado a participar de um evento
promovido pela Next Generation of Lawyers, uma ONG cujo objetivo é selecionar e
empoderar estudantes de direito para um programa de treinamento e capacitação
com advogados(as) dos melhores escritórios de advocacia do Brasil.
À primeira vista, vocês podem se perguntar o que eu, um
engenheiro financista, poderia falar para um grupo como esse? O objetivo desse
encontro era falar de empreendedorismo, e minha história atraiu Felipe Neves,
um jovem advogado com formação ímpar na área legal e mentor desse projeto, um
profissional com ideias e ações voltadas para encaminhar jovens estudantes a
encontrar seu futuro. Uma atitude das mais nobres, que raramente se encontra no
Brasil. Ele está de parabéns!
Foi emocionante, depois das apresentações iniciais e de
minha colocação de que tudo que eu iria falar não poderia ser usado contra mim
— afinal, no meio de advogados, temos sempre que tomar cuidado! Hahaha .... Eu
e Daniel Mehler, amigo, leitor assíduo do Mosca e empresário
bem-sucedido no desafiador ramo têxtil,
cotamos como foi nossa carreira profissional, sempre voltando ao tema principal
de empreendedorismo.
Sentia na plateia uma ansiedade pela “receita de bolo”:
quando, como e o que fazer para ser bem-sucedido — o que não existe. Eu
enfatizei que na minha visão era necessário:
Paixão – Acreditar e conhecer bem o ramo em que pretende
empreender.
Curiosidade – Estar sempre aberto a aprender todo dia e não
importa o que seja.
Perseverança – Não se deixar abater por insucessos, pois
sempre irão existir.
Marketing – Uma boa rede de conexão e saber vender o
“peixe”.
Fiquei muito bem impressionado com o grupo, que como sempre
tem a cara do dono, no caso o Felipe. Todos trabalham em escritórios de renome
na advocacia brasileira.
Boa sorte a todos – vendi meu peixe: também já devem estar
acompanhando o Mosca. Se vocês quiserem saber mais do programa acessem o
link civics
No post entrando-de-gaiato fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ... “Como venho enfatizando não existe nenhuma indicação que uma reversão estaria em curso, ao contrário, aponta para novas quedas pois está ocorrendo o caso denominada de lower lows, lower highs. Sendo assim, não recomendo compra no momento, a não ser que seja uma posição mais estrutural ou estratégica” ... ... “Existe uma série de congruências na região entre R$ 4,78/ R$ 4,74 (não visível no gráfico todas elas) e em seguida R$ 4,70/ R$ 4,69” ...
É muito frustrante ficar observando um mercado que apresenta uma tendência – no caso, de queda — e não querer se envolver. O “carequinha”, se segue o Mosca, deve estar falando “eu avisei que o dólar iria cair, afinal o Brasil é uma Suíça latina”. Sei também que a vontade é jogar tudo para o alto e entrar no mercado, o emocional fala mais forte.
Mas o Mosca vai manter sua disciplina, e enquanto não
ocorrerem violações técnicas que sugiram uma ação, vou me manter observando.
Na última semana, o dólar não teve evolução com as cotações, permanecendo num intervalo bastante restrito — sendo assim, mantenho as observações acima. O gráfico a seguir é de janela semanal, e nele se encontram as pedras do jogo, ou seja, abaixo de R$ 4,5790 vou reconsiderar minha estratégia; senão, mantenho meu cenário de alta do dólar – sem ficar na torcida, tema de hoje!
O SP500 fechou a 4.328, com queda de 0,45%; o USDBRL a R$ 4,7695, com queda de 0,35%; o EURUSD a € 1,0905, com alta de 0,16%; e o ouro a U$ 1.921, sem alteração.
Fique ligado!
Parabéns David, por sempre compartilhar conhecimento e experiência, tanto aqui quanto com os estudantes!
ResponderExcluirshow!!! Sempre fica a vontade de saber mais......
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