Atuações emotivas #Ibovespa

 


Meu ex-sócio da Linear Emir Capez, profissional excepcional pela forma como encarava os mercados daquela época, tecnicamente e sem emoções, tinha uma forma de expressar o sentimento nas decisões dos investidores— não se pode esquecer que era um mercado estreito, dominado por especuladores e sem a participação dos estrangeiros. Uma de suas frases que ficou marcada para mim descrevia a mentalidade das pessoas em função de movimentos recentes: “um mercado que sobe acaba subindo mais, ou quando cai acaba caindo mais”. Pense se não é verdadeira essa reação?

Essa é uma forma de investimento denominada de momentum, usada por alguns estrategistas e fundos. Eles são o caso mencionado por Capez? De certa forma sim, mas existem mecanismos de correção de rota caso seus indicadores apontem para uma mudança de tendência.

Sobre essa situação, Ben Carlson trouxe em seu site A Weath Of Common Sense o que está ocorrendo em 2023.  

O ano passado foi um dos piores para os mercados financeiros na História.

Chame isso de impacto recente, ou aversão à perda, ou algum outro  viés de Daniel Kahneman,  mas por alguma razão, nossos cérebros estão programados para supor que grandes perdas serão seguidas por perdas adicionais (assim como presumimos que grandes ganhos serão seguidos por ganhos adicionais).

O problema das grandes perdas no mercado de ações é que às vezes elas são seguidas por grandes perdas..., mas às vezes são seguidas por grandes ganhos.

Basta olhar para cada ano de queda de dois dígitos para o S&P 500 desde 1928, juntamente com os retornos subsequentes no ano seguinte:




Historicamente, depois de um ano ruim, é oito ou oitenta. Ou você tem uma grande alta ou mais perdas esmagadoras.

Não era previsível que as ações subissem este ano do jeito que subiram – o S&P 500 subiu quase 14%, enquanto o Nasdaq 100 ganhou quase 27% este ano. Poderia ter piorado se a inflação continuasse alta ou o Fed quebrasse alguma coisa ou a gente entrasse em recessão ou algum outro risco aparecesse do nada.

Independentemente do resultado, esta é uma boa lição sobre o poder de manter o curso como investidor. E acredito que manter o curso era o movimento certo, mesmo que as ações despencassem ou disparassem como um foguete.

Por quê?

Qual é a alternativa? Adivinhar o que vai acontecer a seguir? Vai nessa.

Nem mesmo os profissionais têm ideia do que vai acontecer a seguir no mercado.

No começo do ano, Sam Ro publicou as previsões de fim de ano para o S&P 500 de 16 das maiores empresas de Wall Street:




O S&P 500 encerrou 2022 em torno de 3.840, então havia um punhado de estrategistas que esperavam perdas leves em 2023, enquanto a maioria esperava ganhos leves.

Faz sentido que Wall Street estivesse morna no início do ano, considerando que a bolsa caiu quase 20% em 2022.

Estamos apenas na metade do ano, então ainda é um pouco cedo para oferecer um relatório completo para essas previsões, mas o mercado de ações já superou essas expectativas hoje.

No momento em que escrevo este artigo, o S&P 500 está sendo negociado a cerca de 4.370.

Assim, a bolsa já subiu mais do que qualquer um desses estrategistas, exceto o Deutsche Bank, previu para o ano inteiro.

Mas eles não estão esperando para ver se essas previsões originais podem se tornar realidade. Agora que as ações subiram dois dígitos para o ano, muitos estrategistas de Wall Street estão revisando suas previsões para cima.

Os estrategistas de Wall Street ficam pessimistas quando as ações estão caindo e otimistas quando as ações estão subindo. Eu não compartilho isso com vocês para zombar de Wall Street.

O objetivo deste exercício é provar como é difícil fazer previsões sobre o futuro, especialmente no que diz respeito aos movimentos de curto prazo no mercado de ações.

Quando as ações caem, nossas emoções nos fazem pensar que elas cairão ainda mais. E quando as ações sobem, nossas emoções nos fazem acreditar que elas vão subir ainda mais (comentário meu: falou com Capez! Hahaha ...)

É por isso que sou um grande defensor de ter um plano de investimento que você possa manter através de uma ampla gama de ambientes de mercado e econômicos.

Manter o curso significa ir contra suas próprias emoções às vezes.

Manter o curso significa pensar e agir a longo prazo, mesmo quando não parece certo no curto prazo.

Manter o rumo significa preparar-se, não prever.

Manter o curso significa não fazer nada quando é isso que seu plano pede.

Infelizmente, não fazer nada é um trabalho árduo, porque os mercados estão constantemente tentando você a fazer mudanças em seu portfólio.

Há uma velha parábola sobre um serralheiro que tinha dificuldade em abrir fechaduras quando era apenas um humilde aprendiz aprendendo no trabalho. Ele tinha que usar todos os tipos de ferramentas e levava muito tempo para abrir portas quando as pessoas fechavam seus carros ou casas com a chave dentro. Mas as pessoas o viam suando e o esforço era evidente, então lhe davam uma bela gorjeta.

Mas, à medida que aprendia lenta, mas seguramente os truques do ofício, conseguia abrir fechaduras mais depressa, com muito menos esforço. O problema é que suas gorjetas eram menores porque ele colocava as pessoas em seus veículos ou casas muito mais rápido. Ele fazia parecer fácil demais.

Há uma boa lição de investimento nessa história.

Investidores inteligentes percebem que o esforço muitas vezes está inversamente relacionado aos resultados no mercado. Só porque você faz mais ou se esforça mais não garante melhores resultados. Na verdade, fazer mais é, na maioria das vezes, prejudicial ao desempenho do seu investimento.

Fazer menos ou não fazer nada na maioria das vezes é o caminho certo para a maioria dos investidores.

É por isso que você mantém o curso.

Queria enfatizar que a tabela fornecida pelos bancos para a projeção do SP500 também confirma a frase do Capez — tentem lembrar como estavam os ânimos no final de 2022, quando tudo caiu com exceção das commodities. Podemos afirmar que erraram feio? Lógico que não, o ano não terminou e algo semelhante pode ocorrer no segundo semestre ao inverso.

Outro fator relevante esse ano tem a ver com a concentração da alta, se considerar uma carteira contendo ações de IA do SP500 por 7 ações (Apple, Micorsoft, Google, Amazon, Tesla, Meta e Nvidia), o retorno desse portfolio subiu quase 80% enquanto o Russell 2000, que compreende as pequenas e medias empresas meros 3%. Qual a carteira do cliente esse ano faz uma bruta diferença.




Será que eu concordo com a colocação de Carlson? Não posso concordar; olhar para o passado e ficar tranquilo que a bolsa sobe depois de um ano de queda não é um conforto, pois pode ser este o ano em que isso não acontece. Prefiro usar a análise técnica para guiar minhas incursões nos mercados de risco; o exemplo que ocorreu na bolsa americana mostra como deve estar frustrado o investidor que seguiu a recomendação dos bancos e liquidou toda sua carteira.

Sobre alguns parâmetros da bolsa notem a discrepância entre os dois a seguir: muitos analistas têm alertado que as margens irão cair e o gráfico à esquerda aponta nessa direção; em contrapartida, os investidores resolveram entrar na bolsa, como mostra o gráfico da direita. Será que iremos assistir a uma reprise do que ocorreu no primeiro semestre de trás para frente?  




No post cripto-no-noticiário-policial fiz os seguintes comentários sobre o Ibovespa: ...”  Como poderão notar a seguir, essa contempla o término de um triângulo onde o próximo movimento seria de queda. Se esse for o caso, destaquei um intervalo entre 117 mil/120,6 mil onde ela poderia ocorrer. Caso a bolsa ultrapasse 120.750, terei que buscar uma nova alternativa dentre as várias que tenho” ...




A bolsa brasileira continuou a subir e encontra-se agora numa situação crítica para o cenário que estou trabalhando. Mas não tenho problema de mudar de direção caso o movimento que ocorre indique isso. A linha na areia é 120.800, caso seja ultrapassada é provável que o movimento de queda que eu estava esperando não ocorra e o movimento de alta está em curso. Como é possível com as tantas inconsistências que apontei antes?

Primeiro deixa eu continuar com a opção em curso, nesse caso estaríamos completando a onda E para em seguida iniciar um movimento forte de queda. Essa onda dentro de um triangulo tem a “personalidade” de ser intrigante, desafiando o mercado de forma inversa e gerando muitas operações de stop loss. Nesse sentido, hoje pela manhã na reunião da Rosenberg foi relatado que essa alta ocorreu sem que houvesse aumento de volume da bolsa, os estrangeiros apresentaram fluxo negativo em maio e a continuidade de resgate nos fundos de ações locais, ou seja, não se conseguiu identificar nenhum participante ativo. Para complementar, foi observado que o retorno dos fundos multimercado em maio foi ruim, o que pode indicar que estariam vendidos.




A opção que eu apresentaria caso o nível fosse ultrapassado seria expressa no gráfico abaixo. O que complica nas 5 ondas é o apontado na elipse. Mas existe uma forma de encaixar essa discrepância que exponho no gráfico abaixo:

Azul: Nesse caso a elipse será encaixada como uma onda 1 “distorcida” seguido com o movimento de alta (ondas 1 podem apresentar anomalias que são de certa forma aceitas)

Laranja: Essa situação é mais plausível e dentro das regras de Elliot Wave.




O que vamos fazer???? Let the market speak!

O SP500 fechou a 4.372, sem variação; o USDBRL a R$ 4,8052, com queda de 1,20%; o EURUSD a 1,0828, com alta de 0,37%; e o ouro a U$ 1.945, com alta de 0,11%.

Fique ligado!

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