A ilógica imobiliária


O FED está colocando todas suas fichas na recuperação da economia americana, usando o estímulo monetário, afinal é como os consumidores agiram nos últimos cinquenta anos, contraindo dívidas. No final da década de 90, uma das formas mais criativas para obter empréstimos era através de seus imóveis, a sistemática era simples, ao adquirir um imóvel normalmente pagava-se 10% como entrada e o restante era financiado por até 30 anos. 

A título de exemplo imaginemos que o mesmo valia US$ 200.000,00, como o mercado estava aquecido os preços subiam em média 15% ao ano, então após 3 anos valia US$ 300.000,00, mesmo tendo ainda uma dívida a vencer, os bancos consideravam que aquele imóvel já tinha um valor mais elevado, e por conta disso ofereciam um empréstimo adicional de US$ 100.000,00, partindo do pressuposto que os preços não iriam cair. Esta modalidade era chamada de NEW ( New Mortage Withdraw), e a partir daí, era só continuar gastando.

Vejam no gráfico abaixo a evolução destes empréstimos em relação à renda.


Percebe-se claramente o boom que existiu principalmente a partir de 95 (grifado em verde), vale notar que após o estouro da bolha da internet no ano 2000, o FED para evitar uma recessão mais profunda incentivou o mercado imobiliário e de certa forma induziu a criação desta outra bolha. A partir de 2006, aos primeiros indícios de problemas neste setor, houve uma retração que culminou com um colapso nesta fonte de financiamento. Desde de 2008, não só esta modalidade desapareceu como surgiu um novo fenômeno, onde o proprietário de imóvel passou a liquidar parte de suas dívidas, mostrando receio quanto ao futuro (grifado em roxo).

Todos sabemos que economia não é uma ciência exata, e aqui cabe um exemplo típico para demonstrar esta tese, pois mesmo com os juros imobiliários em níveis nos mínimos históricos, o consumidor ao invés de comprar imóveis, o que seria lógico, está preferindo liquidar suas dívidas, agindo exatamente ao contrário da expectativa do FED, é a desalavancagem em ação!


Já faz um bom tempo que eu não comento o SP500 aguentando-o-peso, o movimento neste período foi dá forma como eu havia imaginado (em vermelho). Acontece que enquanto a região em azul não for rompida, o índice pode continuar, lentamente, buscando novas altas. Os meus osciladores não indicam ainda uma queda, mas como o mercado está "esticado", pode acontecer a qualquer momento. Vou aguardar, e não vou arriscar nada até lá.

O SP500 fechou a 1.442, com baixa de 0,99%; o real a R$ 2,0345, com alta de 0,17%; o euro a 1,2871 com baixa de 0,73% e o ouro a US$ 1.763 com baixa de 0,65%.
Fique ligado!

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