Meu negocio são números, números


Acredito que ninguém tem dúvidas, que projetar cenários futuros é incerto, e nos dias de hoje este exercício é muito, muito, mais incerto. Se alguém acha que tem uma boa convicção, deve estar enquadrado no caso descrito no post de ontem o-macaco-está-certo?

David, estou com você, está bem difícil.
Puxa, já estava com saudades de seus comentários, mas imaginei que o desenrolar dos mercados fizeram você agir com mais cautela. Nestes momentos fico satisfeito por ter estudado análise técnica, pois o fundamento que tem por trás destas ferramentas, é “interpretar” o mood do mercado e traçar os próximos passos, e caso não aconteça o que o analista previu, em qual ponto terá que refazer seus cálculos.

A análise fundamentalista parte de dados analíticos e calcula o valor teórico de um ativo, em seguida compara com o preço de mercado. Normalmente estes analistas são muito céticos da análise técnica, seus argumentos são que os mercados podem distorcer os preços e por conseguinte não estão dispostos a assumir riscos com estes parâmetros. 

Eles não estão errados no princípio, mas quem toma a decisão de investimentos são humanos e nem sempre a lógica prevalece, isto implica que os mercados, na maior parte do tempo, não estão no preço “calculado”. Eu lanço um desafio: Qual o preço justo do Euro? Até existem modelos sofisticados para calcular a taxa de câmbio entre duas moedas, por exemplo o PPP Purchasing_Power_Parity, mas veja abaixo o gráfico comparando ambos, onde a linha em azul claro é o PPP e azul escuro a cotação do euro. Desde 1977, ou seja em 35 anos, somente em 4 momentos elas coincidiram, serve para alguma coisa? 


Voltando ao assunto de hoje, eu tenho tido muitas dúvidas se a saída desta panaceia de helicópteros será: Uma deflação horrível, com queda de preços de ativos, e uma quebradeira geral; ou inflação mais elevada, que pela inação dos BCs, pode atingir níveis preocupantes. Por esta razão, desde o começo do mosca, eu nunca me meti a propor trades, com taxa de juros longas.

- Epa, espera aí, você não tem insistido para não ter um tostão em títulos longos?
Tenho e continuo, pois a razão está no parágrafo anterior, com os juros dos títulos de 10 anos ao redor de 1,8% a.a., você só ganhará um bom dinheiro, se acontecer o cenário horror(*), mas se acontecer o cenário fuga(**), vai perder muito. Veja que ainda existe uma chance dos juros caírem ao nível próximo de 1% a.a., mas se acontecer vamos deixar este lucro para os que tem coragem de arriscar seu capital numa operação com um risco x retorno desfavorável.

Mas o que importa é acompanharmos: Os dados de inflação; a evolução dos títulos longos e a expectativa do mercado para a inflação futura, o resto é o resto. 
Vejam a seguir a taxa de inflação, nos USA, publicados ontem.


Pode-se dizer que, com toda a alta das commodities este ano, tal como petróleo, alimentos e etc... a inflação está muito bem comportada, nenhuma preocupação visível, e como dizia, o personagem representado por Jô Soares, no programa Satiricom: “Meu negócio é: Números, números!” Hahahahah.....

O SP500 fechou a 1.457, com queda de 0,24%; o real a R$ 2,0271, com queda de 0,18%; o euro a 1,3071, com queda de 0,34% e o ouro a US$ 1.740, com queda de 0,51%.
Fique ligado!

(*)Horror - Os consumidores continuam diminuindo suas dívidas, com receio de perder seus empregos. Assim, num determinado momento, de nada vai adiantar mais estímulos monetários, e como consequência, os ativos irão despencar, uns mais, outros menos.
(**)Fuga - Os investidores ficam recessos com o poder de compra das moedas, e para se protegerem de uma inflação ascendente, compram "ativos reais", como ouro, Commodities, imóveis; 


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