Indigestão creditícia
Tenho notado que a cada vez que me ausento do país, na volta me deparo com notícias e ambiente nada prazeroso. Nos dias atuais, uma mistura de mau humor com desesperança toma conta de nós. A situação política é propensa a centenas de especulações como: demissão do Ministro "salvador da Pátria"; impeachment do Presidente; fila de espera nas delações premiadas; e a dúvida se os Presidentes do Congresso e do Senado amanhecerão em seus cargos. Você poderia se perguntar como a economia entrará nos trilhos.
Existe um termo em inglês que define bem este momento "gridlock", ou encruzilhada, só que esta não é a tradicional de quatro vias, mas de uma dezena delas. Se alguém disser que sabe como isso vai terminar, não acredite. Agora, o que se pode projetar, é que quanto mais tempo a situação permanecer desta forma, maior será o empobrecimento do povo brasileiro e maiores as chances de manifestações populares. Entretanto, parece que o sofrimento não chegou ao auge.
Já nos mercados internacionais, quando se olha a recente dramática mudança no mercado. Com a queda dos ativos dos países emergentes, tornou-se evidente que os bancos centrais estão num processo de perda de credibilidade. A fé de uma geração de traders, cuja única estratégia era comprar na queda dos mercados, está se deparando com uma nova realidade onde o crédito atingiu o seu limite.
A primeira razão é que, mesmo que os bancos centrais continuem injetando montantes recordes de liquidez nos mercados, a resposta tem sido cada vez mais instável - em grande parte pela alta do dólar e a crise na dívida dos mercados emergentes. Segundo um analista do Citibank, Matt King, "os modelos que ligam os QE para os mercados parecem ter quebrado".
O segundo problema, é de longe o mais importante, é que o mundo enfrenta o que o FED e os seus colegas dos bancos centrais tem lutado o tempo todo, muita dívida global, acumulando num ritmo cada vez maior, enquanto o crescimento mundial está estagnado, e de fato, em declínio.
Há muito tempo se "atravessou o Rubicão (*)"- que significa ultrapassar fronteiras, defrontando-se com um caminho duvidoso e potencialmente perigoso. O normal é que um incremento adicional de dívida resulte num incremento adicional de crescimento. Os níveis de endividamento atuais estão numa situação sem precedentes, onde os livros textos não funcionam mais, e contrariamente tem levado a uma queda do PIB.
Parece que a conclusão é clara, segundo esse analista a nível macro, o mundo está fora de limites, e não existe virtualmente nenhum recurso para criação de crédito no nível consolidado, entre pessoas físicas, empresas, dívida financeira e governos.
Hoje foi publicado o PIB na China e pela primeira vez desde 2009, ficou em 6,9% a.a., abaixo do número mágico de 7% a.a. Se essa diferença fosse a principal dúvida, não seria suficiente para gerar mais preocupações, acontece que vários analistas questionam esses dados, sugerindo que o PIB "real"é muito inferior.
Essa polêmica deverá perdurar enquanto o mundo tenta voltar a níveis de crescimento maiores. Caso contrário, se o crescimento decepcionar, os analistas continuarão a levantar essa dúvida, sem que nunca saibamos ao certo, quanto cresce a segunda economia do planeta.
Escolhi o real para analisar hoje, pois acredito ser de maior interesse dos leitores. Antes disso, como temos uma posição comprada em ouro, o novo stop passa a ser US$ 1.130, aguardem maiores detalhes amanhã.
No post o-fed-mostra-as-cartas, fiz os seguintes comentários: ...é esperado uma alta do dólar no curto prazo, até pelo menos R$ 4,05,.. ...Eu frisei também que esses eram movimentos de curto prazo, pois a médio prazo, espero dois níveis de importância, O primeiro intervalo - cujo objetivo é de R$ 3,40/3,50, e o segundo - R$ 3,10/3,20...Durante a última semana, o dólar ficou sujeito as pressões políticas, que não foram poucas, subindo aproximadamente 6% entre a mínima e máxima.
Não teria muitas observações a fazer dentro do que já escrevi, uma alta do dólar no curto prazo até R$ 3,98/4,05, seguido de um novo movimento de queda, levando as cotações aos níveis apontados acima (no médio prazo). O que parece ter mudado de forma definitiva é a volatilidade. Oscilações de 1% - 2% por dia devem fazer parte do novo cenário do real, e isso leva a uma incerteza nos setores que dependem do dólar em seus negócios.
O SP500 fechou a 2.033, sem variação; o USDBRL a R$ 3,8842, com baixa de 0,85%; o EURUSD a 1,1324, com queda de 0,20%; e o ouro a US$ 1.170, com queda de 0,56%.
Fique ligado!
(*) Quando Júlio César em 49 a.c., ao ser perseguido, tomou a decisão de atravessar o rio Rubicão. Seguido pelo seu exército, transgredindo claramente a lei do Senado que determinava o licenciamento das tropas todas as vezes que o general de Roma entrasse na Itália pelo Norte. Isso precipitou uma guerra civil, que conduziu ao estabelecimento do Império Romano.
Existe um termo em inglês que define bem este momento "gridlock", ou encruzilhada, só que esta não é a tradicional de quatro vias, mas de uma dezena delas. Se alguém disser que sabe como isso vai terminar, não acredite. Agora, o que se pode projetar, é que quanto mais tempo a situação permanecer desta forma, maior será o empobrecimento do povo brasileiro e maiores as chances de manifestações populares. Entretanto, parece que o sofrimento não chegou ao auge.
Já nos mercados internacionais, quando se olha a recente dramática mudança no mercado. Com a queda dos ativos dos países emergentes, tornou-se evidente que os bancos centrais estão num processo de perda de credibilidade. A fé de uma geração de traders, cuja única estratégia era comprar na queda dos mercados, está se deparando com uma nova realidade onde o crédito atingiu o seu limite.
A primeira razão é que, mesmo que os bancos centrais continuem injetando montantes recordes de liquidez nos mercados, a resposta tem sido cada vez mais instável - em grande parte pela alta do dólar e a crise na dívida dos mercados emergentes. Segundo um analista do Citibank, Matt King, "os modelos que ligam os QE para os mercados parecem ter quebrado".
O segundo problema, é de longe o mais importante, é que o mundo enfrenta o que o FED e os seus colegas dos bancos centrais tem lutado o tempo todo, muita dívida global, acumulando num ritmo cada vez maior, enquanto o crescimento mundial está estagnado, e de fato, em declínio.
Há muito tempo se "atravessou o Rubicão (*)"- que significa ultrapassar fronteiras, defrontando-se com um caminho duvidoso e potencialmente perigoso. O normal é que um incremento adicional de dívida resulte num incremento adicional de crescimento. Os níveis de endividamento atuais estão numa situação sem precedentes, onde os livros textos não funcionam mais, e contrariamente tem levado a uma queda do PIB.
Parece que a conclusão é clara, segundo esse analista a nível macro, o mundo está fora de limites, e não existe virtualmente nenhum recurso para criação de crédito no nível consolidado, entre pessoas físicas, empresas, dívida financeira e governos.
Hoje foi publicado o PIB na China e pela primeira vez desde 2009, ficou em 6,9% a.a., abaixo do número mágico de 7% a.a. Se essa diferença fosse a principal dúvida, não seria suficiente para gerar mais preocupações, acontece que vários analistas questionam esses dados, sugerindo que o PIB "real"é muito inferior.
Essa polêmica deverá perdurar enquanto o mundo tenta voltar a níveis de crescimento maiores. Caso contrário, se o crescimento decepcionar, os analistas continuarão a levantar essa dúvida, sem que nunca saibamos ao certo, quanto cresce a segunda economia do planeta.
Escolhi o real para analisar hoje, pois acredito ser de maior interesse dos leitores. Antes disso, como temos uma posição comprada em ouro, o novo stop passa a ser US$ 1.130, aguardem maiores detalhes amanhã.
No post o-fed-mostra-as-cartas, fiz os seguintes comentários: ...é esperado uma alta do dólar no curto prazo, até pelo menos R$ 4,05,.. ...Eu frisei também que esses eram movimentos de curto prazo, pois a médio prazo, espero dois níveis de importância, O primeiro intervalo - cujo objetivo é de R$ 3,40/3,50, e o segundo - R$ 3,10/3,20...Durante a última semana, o dólar ficou sujeito as pressões políticas, que não foram poucas, subindo aproximadamente 6% entre a mínima e máxima.
Não teria muitas observações a fazer dentro do que já escrevi, uma alta do dólar no curto prazo até R$ 3,98/4,05, seguido de um novo movimento de queda, levando as cotações aos níveis apontados acima (no médio prazo). O que parece ter mudado de forma definitiva é a volatilidade. Oscilações de 1% - 2% por dia devem fazer parte do novo cenário do real, e isso leva a uma incerteza nos setores que dependem do dólar em seus negócios.
O SP500 fechou a 2.033, sem variação; o USDBRL a R$ 3,8842, com baixa de 0,85%; o EURUSD a 1,1324, com queda de 0,20%; e o ouro a US$ 1.170, com queda de 0,56%.
Fique ligado!
(*) Quando Júlio César em 49 a.c., ao ser perseguido, tomou a decisão de atravessar o rio Rubicão. Seguido pelo seu exército, transgredindo claramente a lei do Senado que determinava o licenciamento das tropas todas as vezes que o general de Roma entrasse na Itália pelo Norte. Isso precipitou uma guerra civil, que conduziu ao estabelecimento do Império Romano.
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