China: De volta ao radar
Depois de terminado as comemorações do Ano Novo Chinês, que
dura uma semana, o foco começa a voltar sobre os acontecimentos nesse país. O
mundo inteiro não sabe o que realmente se sucede na 2ª maior economia do mundo,
assim, busca encontrar pistas de como ela está se comportando.
Ontem foi publicado o volume de reservas, e como vem
ocorrendo nos últimos meses, é queda atrás de queda. Agora está abaixo de US$
3,0 trilhões. Mas isso é um problema? Levantou
um economista na reunião de hoje na Rosenberg, afinal US$ 3,0 trilhões ainda
são muitos dólares. Eu argumentei que o risco vem mais da população que das
empresas, pois eles estão preocupados com a possível desvalorização do yuan.
Lembranças do passado, quando em 1994 a China desvalorizou a moeda do dia para
noite em 50%.
Com uma população de 1,3 bilhões de habitantes, basta US$
100/pessoa para fazer um tremendo estrago. Outro fato que preocupa é a alta nas
cotações do Bitcoin onde 90% das negociações são feitas por chineses.
A próxima figura apresenta com detalhes como se comportou o
fluxo de capitais durante 2016 e já se nota uma tendência inequívoca de saída,
até de certa forma crescente.
Tem se reportado que o fluxo de capitais aumentou para os
países emergentes, porém analisando os dados excluindo a China, se pode notar
um descolamento a partir de 2014. Isso é suficiente para concluir que, não se
trata de uma decisão dos investidores sobre os mercados emergentes, mas
especificamente sobre a China.
O governo não tem outra alternativa que não desvalorizar sua
moeda. Persistir com um câmbio desajustado a essa nova realidade motiva ainda
mais as saídas. A razão é que, os investidores ficam cada vez mais convencidos
que a taxa de câmbio está artificialmente contida e aceleram as saídas,
incentivando a criação de um círculo vicioso. O governo sabendo desse risco,
voltou a fixar o yuan em níveis mais baixos.
Hoje foi publicado o IPCA de janeiro que ficou em 0,38%,
levando a taxa anual a 5,35%. É verdade que os alimentos ajudaram em muito a
queda no índice atual, enquanto em 2016e a inflação do mesmo mês foi de 1,27%
por causa dos alimentos, mas em sentido inverso. Esta é a menor taxa para meses
de janeiro, desde de 1994, início da série histórica
Gosto sempre de analisar a tabela a seguir, pois ela dá uma
visão mais ampla dos vários componentes. Em especial o índice de difusão que está dentro do que se poderia esperar, não
apontando nenhum risco de indexação.
Acompanho também os preços livres que estão em linha com o
índice cheio. A taxa em 12 meses desacelerou de 6,6% para 5,6%. Essa queda, foi
ocasionada pelo grupo de serviços, que retrocedeu de 6,3% para 5,8%. Essa
última categoria é de muita importância pela sua elevada rigidez a ações de
política monetária. O que quero dizer é que, a alta dos juros tem um impacto
indireto sobre esse item - aumento do desemprego. Assim, essa retração é
bem-vinda.
Em continuando com esses resultados e segundo a Rosenberg
que projeta uma inflação para 2017 em 4,3%, a taxa SELIC tem muito a cair. A
expectativa de 9,5% a.a. para o final do ano pode ser considerada elevada daqui
algum tempo.
Quero alertar meus leitores do risco de ter seus
investimentos indexados ao CDI. Recordo que em 2012, quando o BC entrou no
otimismo de baixar os juros porque “achava” muito alto, fiz o mesmo alerta.
Agora existe uma enorme diferença entre aquele momento e hoje. Antes meu receio
era que o governo iria manipular esse índice e indiquei para se investir em
títulos indexados à inflação, as NTNBs. Agora, minha recomendação e também para
esses títulos, mas também para os pré-fixados, longos de preferência.
Uma pergunta que o leitor deve se fazer é por que a taxa
SELIC embute um juro real tão elevado. Por exemplo, hoje se a inflação na
margem foi de 4,6% a.a. (0,38% a.m. capitalizado por 12 meses), considerando a
SELIC em 13% a.a., a taxa real foi de 8% a.a. Peço que considerem esse
raciocínio simplista como um indicador
Verifique a seguir um trabalho elaborado pelo Goldman Sachs
contendo uma estimativa de onde deveria se situar os juros reais, em vários
países emergentes. O interessante é que apenas alguns países estariam fora
desse modelo: Brasil, Rússia, Colômbia e Turquia. Mas o que mais chama a
atenção é que os juros aqui estão muito, muito altos.
Respondendo a minha pergunta acima, foi pela falta de
credibilidade reinante até poucos meses atrás e um total descontrole das contas
públicas. Mas nunca se fez tanto em tão pouco tempo, as mediadas já
implementadas pelo governo Temer e as que deverão ainda ser feitas neste ano,
com destaque para a da Previdência, deveria imprimir uma queda na taxa do CDI
muito acima do que se é esperado. Agora imaginem se a inflação ficar comportada
em digamos 4% a.a., essas reformas passarem, porque se deveria ter um juro
real, superior a 2% a 3% a.a., nos investimentos de curtíssimo prazo? Se isso
se materializar teremos uma SELIC entre 6% a 7% a.a. Ah, se a inflação for
menor, é mais provável o primeiro juro real que o segundo.
- Ha, ha, ha, só você
acredita em Papai Noel!
Está rindo? Me cobra isso daqui a 2 a 3 anos!
No post eua-x-o-resto, fiz os seguintes comentários sobre
o Ibovespa: ...”
o que vai acontecer nós vamos observar nos próximos dias. Mas, posso adiantar
algumas coisas; se for o primeiro caso, o nosso stoploss deverá ser suficiente
para conter uma pequena correção; agora se for o segundo, a queda pode ser maior
onde o Ibovespa poderia atingir entre 54.000/51.000” ...
Ainda nada foi definido, porém a configuração dos últimos
dias pode indicar um favorecimento a nossa posição. O motivo é a limitada queda
– 4,5% - desde que atingiu a máxima de 66.500. Isso ainda é apenas um alento,
somente tenho condições de confirmar um novo ciclo de alta acima do nível
máximo.
Fica mantida as mesmas orientações mencionadas no post,
stoploss a 62.000. Pois, como mencionei antes: ...” quando existem rompimentos de pontos
importantes, três situações podem acontecer: a primeira, o mercado não dá bola
e segue em frente sem retornar ao ponto de ruptura, um touro, como se diz; a
segunda, volta ao redor dá ruptura, e em seguida sobe, o que se chama de last
kiss; e por último, tenta romper e não consegue, o que se denomina de false
break. No caso atual do Ibovespa, estamos entre o segundo e o terceiro” ...
Agora, Let´s the market speak!” ...
O SP500 fechou a 2.294, sem alteração; o USDBRL a R$ 3,1170, com queda de 0,10%; o EURUSD a 1,0691, com alta de 0,10%; e o ouro a US$ 1.241, com alta de 0,66%.
Fique ligado!
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