Em cartaz: Inflação a Revanche
Por qualquer ângulo que se observe, é nítido que as
economias globais estão numa fase expansionista. Embora vários modelos
econômicos pudessem indicar o término de um ciclo de crescimento nos EUA, que
deveria ser sucedido por um período de retração, não parece ser o caso. É bem
verdade que esse conceito não estabelece um prazo fixo entre essas fases, os
economistas tendem a correlacionar com os ciclos anteriores. Será o efeito
Trump desafiando os ciclos econômicos?
Hahaha ...
Amanhã será publicado os dados de emprego nos EUA e, como de
costume, ontem foi publicado o ADP, que é um balizador desse número. O
resultado surpreendeu positivamente, pois eram esperados 168 mil e o resultado
foi de 246 mil, quase 80 mil a mais.
Embora esse indicador mostre uma divergência com o dado
oficial, e recentemente tem superestimado esse último, não deixa de ser
animador. No resultado publicado pelo ISM da manufatura, referente ao emprego,
também se pode observar uma melhora, mesmo nesse setor que vem sofrendo queda
de empregos estruturalmente.
Fui verificar as projeções de PIB feitas pelo FED de Atlanta
e me surpreendi ao notar que esse banco central está com um crescimento apontando
para 3,4%. O que mais chama a atenção é que, diferentemente do passado, a
projeção oficial é superior à previsão dos economistas – 2,3%. Num passado
recente ocorria o contrário, a previsão desses últimos era inferior à do FED de
Atlanta.
O resultado do PMI global publicado pelo JP Morgan fornece
uma dimensão do que mencionei no primeiro parágrafo, a recuperação é sólida,
porém ainda em ritmo lento.
Um raciocínio simples de economia me leva a recear sobre a
evolução da inflação americana. Como o mercado de trabalho já se encontra
próximo do pleno emprego, a economia ganhando tração e o Trump ameaçando os
empresários que pretendem produzir fora dos EUA, parece lógico que os salários
tendam a subir. E esse é o principal indicador da inflação. O índice de surpresas,
referente a inflação, publicado pelo Citibank, não deixa dúvidas desse
movimento.
O Deutsche Bank também vem insistindo sobre a possibilidade
do FED ficar behind the curve e
demorarem para reagir aos dados de inflação. A teoria diz que qualquer movimento
de política monetária tarda de 9 -12 meses para ter algum efeito, essa é a
razão que deve fazer qualquer banco central não esperar para subir os juros
quando os indicadores apontam para a alta da inflação. O quadro abaixo elenca
os 10 motivos pelos quais esse banco aponta os riscos de alta na inflação,
acima da desejada pelo FED.
Para visualizar a dimensão do que poderia acontecer, O
Deutsche Bank fez um paralelo entre o PCE – indicador de inflação usado pelo
FED para sua política monetária – e o indicador de preços coletado na pesquisa
do Philly FED.
Parece que 2017 começa muito diferente de 2016, e não estou
falando do Trump. No quesito inflação, enquanto no ano passado se discutia
quantas vezes os principais BCs ao redor do mundo teriam que baixar os juros
abaixo de zero, agora a dúvida é se esses mesmos bancos centrais não estão demorando
a reagir aos resultados inflacionários. O tema do Mosca para o ano em curso, “Inflação:
A Revanche”, parece bem adequado.
Ao percorrer os mercados que acompanho, não observei nada de
muito interessante acontecendo. Com exceção do dólar, que está fraquejando e se
aproxima de dois trades que o Mosca propôs:
do euro e do real. O primeiro foi realizado a primeira parcela durante o dia. Notem
que esses trades têm posições opostas em relação ao dólar. No primeiro caso,
refere-se à venda de euro; no segundo, a compra de real. Interessante! Uma
fundamentalista teria dificuldades de explicar.
O ativo escolhido hoje foi o SP500, no post a-farra-dos-bancos-centrais, fiz os seguintes comentários: ...” Já no curto prazo,
parece que a bolsa está consolidando para uma nova alta. No gráfico a seguir
aponto as 2 possibilidades que imagino” ... ...” Caso ocorra a hipótese 1 –
azul –, desejo boa sorte aos comprados e vou esperar uma outra ocasião; caso
ocorra a hipótese 2 - verde –, posso me envolver mais adiante” ...
Esse é um caso sui generis, pois aconteceram as duas
hipóteses, o SP550 depois de romper 2.280 indicando que novas altas estariam no
plano, subitamente reverteu e voltou ao nível que se encontrava antes.
Nada disso é suficiente para que eu possa sugerir algo de
interessante nesse ativo. Ainda continuo com a previsão que novas altas deverão
ocorrer. Para efeitos de trade,indiquei acima o nível ao redor de 2.230 que, caso ocorra, devo
sugerir um trade de compra. Mas, aguarde minha sugestão se tornar firme, que por
enquanto é apenas uma ideia.
O SP500 fechou a 2.280, sem alteração; o USDBRL a R$ 3,1199, com queda de 0,27%; o EURUSD a 1,0761, sem variação; e o ouro a US$ 1.215, com alta de 0,55%.
Fique ligado!
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