Impasse Alemão
Talvez seja pouco percebido pela imprensa que a Alemanha se
tornou em 2016, o país com o maior superávit em conta corrente. Enquanto a
China obteve um montante de US$ 210 bilhões os germânicos alcançaram US$ 281
bilhões. Como o país com maior déficit é os EUA, a temperatura deverá esquentar
entre Washington e Berlin. Considere os principais pontos:
·
Peter Navarro acusou a Alemanha de usar o euro
“grosseiramente desvalorizado” para obter vantagens de seus parceiros europeus,
bem como dos EUA. Seu raciocínio leva em consideração que o superávit passou de
15 bilhões de euros em 2009 para 50 bilhões.
·
O Reino Unido tem um déficit com a Alemanha de
50 bilhões de libras. Se os alemães convencerem os franceses por uma retaliação
punitiva contra a saída do Brexit, poderá fazer com que a Inglaterra decida
retaliar a indústria automotiva daquele país.
·
O déficit com o restante da Europa é da ordem de
80 bilhões de euros. O problema é que se esperava uma diminuição dessa cifra
através do aumento de consumo por parte dos alemães o que acabou não
acontecendo.
·
O resto do mundo também tem um crescente déficit
com a Alemanha. Isso explica o seu superávit ultrapassar o da China.
Esse superávit abissal está exercendo uma enorme influência
recessiva no resto do mundo. E em nenhum local é maior que na própria Europa.
Os bancos alemães estão acumulando superávits gigantes com o
resto da Europa. Esses títulos nunca serão pagos, como afirma a Gavekal. ...“ A
Alemanha está emprestando um caminhão de dinheiro para um pessoal na Europa que
nunca pagará a dívida” ...
É possível que a Alemanha sofra pressão dos americanos e
britânicos em relação a esse superávit. Além disso, o nível de inflação na
Alemanha encontra-se em ascensão, boa parte causada pela desvalorização do euro
nos últimos tempos. Isso poderá enfurecer a população, e a Primeira Ministra,
Angela Merkel, perder as eleições do 2º semestre deste ano.
Está chegando um ponto onde o euro é o maior obstáculo nas
relações entre a Alemanha, os EUA, Grã-Bretanha, e o resto do mundo fora da
zona do euro. E não se pode deixar de considerar que, mesmo dentro da Europa,
ela não é nada popular entre os italianos e gregos.
Os EUA bancam todo o custo da proteção militar Alemã, esse
foi um acordo assinado depois da 2ª guerra e permanece até hoje. E Trump já
disse que não está mais disposto a bancar esse custo.
A Alemanha teria duas opções: Assumir toda a
responsabilidade de sua defesa. Essa opção deixaria a Polônia, Hungria e a
Rússia, ou mesmo a França e Itália, muito felizes. Como consequência, o
superávit em conta corrente encolheria substancialmente. Alternativamente,
poderia optar em continuar sob a proteção americana, e isso acarretaria o final
do euro.
A alternativa de valorizar o euro simplesmente não existe,
pois isso quebraria todos os membros da zona do euro. A ideia da criação de uma
moeda única, com países tão heterogêneos está chegando a um ponto decisivo. Com
a crise vivenviada pelos seus membros, o BCE optou por uma política monetária frouxa
que teve como consequência uma vantagem enorme para a Alemanha. Naturalmente,
essa opção tem como pano de fundo, que só deveriam ficar os países “fracos”. Os
“fortes” precisariam abandonar.
Nenhuma dessas opções é tão simples como parece, porém, nesse
momento de radicalização vivida no mundo, pode ser a gota da água para essa
mudança. Entretanto, surge uma dúvida: Se a Alemanha sair do euro para onde iria
sua cotação? Melhor acompanhar os
gráficos!
No post cada-macaco-no-seu-galho, fiz os seguintes
comentários sobre o dólar: ...” na última semana o dólar vem flertando muito próximo ao
nível que indiquei para começar o trade em R$ 3,11. Antes mesmo que meu amigo
pergunte por que não vendo logo, ou que já devia tê-lo feito a muito tempo, do
ponto de vista técnico, esse ponto tem mostrado ser muito importante. Não vou
vender antes” ... ...” A hora da decisão parece estar muito próxima, senão nas
próximas horas. Em fechando abaixo dos R$ 3,11 iniciamos o trade de venda de
dólar. Ficarei de olho observando se não será um false break” ....
Na semana passada, o dólar tentou algumas vezes negociar abaixo desse nível,
porém em nenhum dia fechou aquém de R$ 3,11.
Hoje não podia ser diferente, lá está a cotação flertando
com o R$ 3,11, como se tivesses “alguém”, que ao chegar nesse nível, compra.
Esse alguém só poderia ser o BC, porém não soube de nenhuma notícia que
comprovasse essa hipótese. O instrumento que a autoridade tem para intervir de
forma indireta são os contratos de swap, que ainda não foram totalmente liquidados.
A última estatística indica algo em torno de US$ 25 bilhões.
Do ponto de vista técnico tudo indica novas quedas do dólar, porém ao
ficar polarizado num intervalo tão contido, tudo pode acontecer, até o dólar
voltar a subir. Quem está vendido pode perder a paciência e decidir zerar sua
posição empurrando as cotações para cima.
Normalmente eu comento sobre o dólar no início da semana.
Ficarei muito surpreso se o dólar continuar da mesma forma até lá. Alguém vai
jogar a toalha!
O SP500 fechou a 2.328, com alta de 0,52%; o USDBRL a R$ 3,1110, com baixa de 0,11%; o EURUSD a 1,0597, com queda de 0,38%; e o ouro a US$ 1.225, com baixa de 0,67%.
Fique ligado!
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