Inflação por toda parte
Parece brincadeira, há um ano o mundo morria de medo da
deflação, e somente 12 meses depois, parece que o receio virou de lado. Mas é
bastante compreensivo, não se pode ironizar atitudes esquizofrênicas do
mercado, pelo menos neste caso. O motivo são os US$ 14,0 trilhões injetados
pelo conjunto de vários bancos centrais e que em algum momento deverão ser
retirados do sistema. A autoridade monetária mais próxima desse momento é o
FED.
Não existe nenhum modelo passado para se basear, afim de
saber qual seria o momento certo, ou melhor dizendo adequado. Na introdução das
injeções de liquidez, bons tempos dos helicópteros, o receio era se esses
recursos poderiam induzir uma espiral inflacionária, o que não ocorreu em
nenhum país. Depois veio o pavor de entrar num ambiente deflacionário onde as
armas dos BCs eram limitadas, a Europa e o Japão flertaram com essa
possibilidade. E agora a inflação.
Vejamos as últimas observações nesse campo. Ontem foi
publicado a inflação na China, tanto no atacado como ao consumidor. A primeira
atingiu o nível de 6,9% em bases anuais, muito acima de qualquer previsão. Mesmo
em bases mensais o número foi robusto de 0,8%. O principal motivo para essa
alta expressiva foram os preços das commodities. Já nos preços ao consumidor, a
inflação atingiu 2,5% em bases anuais, também acima da expectativa do mercado.
Tanto a inflação de alimentos – 2,7%, como a inflação dos
outros itens – 2,5%, justificam o receio dos analistas, indicando que as
pressões nitidamente estão se acelerando para a toda economia, o que seria
esperado em função das condições frouxas de política monetária adotadas pelo BC
Chinês, além da retomada econômica vista no final de 2016.
O economista chefe, Larry Hu, da Macquire Securities,
acredita que essas altas não preocupam ...” Haverá uma leve inflação este ano
... ... o PPI poderá subir no primeiro trimestre, essa é uma inflação “boa”, e
provavelmente não afetará a postura do PBOC” ...
Outro dado que está preocupando as autoridades chinesas e o
volume de empréstimos. O PBOC tem feito um trabalho no sentido de conter o
crédito, uma das grandes preocupações da comunidade internacional. No mês de
janeiro os empréstimos subiram o equivalente a US$ 300 bilhões.
Segundo a opinião do Deutsche Bank, o banco central Chinês
será impelido a elevar os juros a fim de diminuir a demanda por crédito. Aliado
a esse fator, a inflação também vai no mesmo sentido.
Nos EUA não foi diferente, a publicação do CPI hoje, apontou
uma alta de 0,6% no mês – padrão brasileiro! Hahaha ... – Esse resultado, colocou
o índice em 2,5%, em termos anuais. Mesmo a inflação core que exclui alimentos e combustíveis subiu 0,3% no mês e 2,3 %
ao ano. É bem verdade que a alta do preço da gasolina foi responsável por
metade da inflação de janeiro. Porém outros produtos e serviços também subiram.
Só para vocês terem uma ideia da mudança de rumo pelo
mercado, ontem eu havia publicado um gráfico que apontava como 30% a chance de
alta dos juros agora em março. Hoje, depois da publicação deste dado, passou para
42%.
Inflação: A Revanche! Será que o título de 2017 acertou na Mosca? Menos aqui no Brasil, que está
literalmente na contramão.
No post fiz contagio-de-direita, os seguintes comentários
sobre o euro: ...” é uma tentativa sem um alto grau
de convicção, principalmente no stoploss, que deveria ser colocado no nível de
1,13. Mas, não estou disposto a arriscar tanto” ... ...” o euro recuou
levemente encontrando-se ao redor de 1,067. Mas não tire a champanhe da
geladeira, aliás nunca tire antes de um trade ser liquidado, a moeda única pode
voltar a subir e nossa segunda tranche ser executada. Eu calculo que abaixo de
1,06 colocará nosso trade em melhores condições” ...
Vou zerar essa posição agora a 1,0585.
- Como assim? Você não
projeta que o euro irá no mínimo a 1,00?
Continuo acreditando nisso, mas eu grifei um ponto que
considero importante acima. Mas mesmo assim, não gostei muito da forma como o
euro caiu de 1,0828 para a mínima atingida hoje de 1,0520. Não tenho como
explicar o significado que quero dar com o “não gostei muito”. Mas não gostei
muito!
Consigo achar diversos argumentos para ter continuado e
outros tantos para ter saído do trade. Só vou saber se estava certo ou não com o
tempo.
Eu tenho reforçado que o euro se encontra num movimento terminal
de longo prazo e nesses momentos as oscilações ficam “cansadas”. O significado
é que ao invés de ser de uma forma direcional clara a cotação é levada por uma força
que domina no presente (para baixo) e por outra que está se formando (para
cima), dando um aspecto de queda mais lento.
Eu não tenho a menor pretensão de encontrar o preço mínimo
que o euro atingirá, ou já atingiu, o que não parece ser o caso por enquanto.
Prefiro que o mercado me diga. Isso é o trabalho de um analista técnico,
interpretar o movimento e buscar encontrar como ele se encaixa em seu
pensamento.
Se não encaixa então tem algo errado, ou com o que esperava
ou com sua análise. Embora essas duas situações parecem semelhantes são bem
distintas: No primeiro caso, você imagina um movimento e o mercado traça um
outro, mas ambos no mesmo sentido. Isso acontece tipicamente em correções; o
segundo existe um erro de análise, aí fica mais perigoso, principalmente se
você teimar.
Bom, no caso do euro agora, na pior das hipóteses botamos um
lucro no bolso, e na melhor teremos uma nova oportunidade de venda. Comprar,
nem a pau!
Ontem foi concretizado o tão esperado trade de venda do
dólar. Hoje o mercado negocia ao redor de R$ 3,06. Vamos atualizar o stoploss
para R$ 3,20.
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