BCB em festa
Todos os jornais noticiaram a queda expressiva da inflação
no Brasil. Depois de ser duramente criticado ao final de 2016, hoje o Banco
Central Brasileiro é elogiado. A razão do descontentamento se origina numa
aposta feita na taxa SELIC pelo mercado, onde a autoridade monetária agiu
diferentemente do que havia preconizado. Será que eles foram conservadores
demais? A resposta não é simples, pois é totalmente subjetiva, tendo um caráter
mais acadêmico que prático.
Manter os juros elevados quando não é necessário tem
implicações econômicas importantes, pois poderá afetar o lado real da economia,
empresas podem sucumbir por esse motivo. Não sei se compartilho com esse
pensamento, na situação atual, mas o que certamente aconteceu foi uma
transferência de renda maior do devedor para o poupador.
Porém existe um ganho, do qual não vi nenhum comentário, a
credibilidade do BC foi recuperada. Hoje o mercado enxerga seus dirigentes como
profissionais competentes que estão agindo conforme se espera de um órgão tão
importante. Esse efeito pode ser observado na queda vertiginosa do risco
Brasil, bem como da taxa de câmbio. Os juros futuros também apontam na mesma
direção, por exemplo, a taxa da LTN, título do governo de taxa pré-fixada e vencimento
para 2020, está cotado a 10,23% a.a., muito inferior à taxa SELIC atual. Vejam
como evoluiu a curva de juros no último mês.
Porém o BCB tem um desfio que não depende dele. No quesito de política monetária não tenho dúvidas, estamos bem representados, na verdade nunca tive suspeitas, sempre enalteci a sua competência, entretanto, na parte fiscal, muito se tem a fazer. Sem uma reforma da Previdência extensa, necessária para estancar os déficits crescentes da ordem de R$ 200 bilhões, nada estará resolvido. A dívida pública entrará num movimento ascendente de forma exponencial, que em algum momento questionará a solvência do país.
Hoje foi publicado a primeira prévia do IGPM, que apontou
uma desaceleração de 0,86% em janeiro, para 0,10% em fevereiro. Nesse
resultado, os mesmos itens que influenciaram a queda do IPCA foram aqui
observados, principalmente os alimentos.
Como comentei ontem, eu não descarto a aceleração do corte
na taxa SELIC, dos atuais 0,75% para 1,0%. Isso não deve acontecer na próxima
reunião. Sobre esse assunto, o jornal Valor publicou hoje a seguinte matéria
...” Os membros do Copom têm dito aos economistas” ... ...” depois de um surpreendente
corte de 0,75 % nos juros básicos em janeiro, as chances de outra surpresa nas
próximas reuniões do colegiado são bem menores” .... Isso parece em desacordo
com minhas afirmações, mas não é, pois nada impede que na próxima reunião, o
Copom sinalize quedas mais profundas.
Já nos mercados internacionais, eu nunca notei tantos
artigos sobre a balança comercial americana. O motivo é claro, Trump vai ou não
romper com seus principais parceiros. Será que tudo que estamos observando é um
jogo de cena para melhores negociações? Nem eu, nem ninguém consegue ter
certeza sobre que caminho o Presidente americano irá seguir. O gráfico abaixo
busca comparar o impacto das importações americanas e chinesas em alguns países
chave. Essa informação é apresentada em 3 níveis: direto, nível subsequente e
indireto.
Já o próximo gráfico, apresenta uma análise do déficit
comercial nos EUA por segmento econômico. Também aponta os setores onde
registra superávit. À primeira vista, o movimento inicial de Trump, em repudiar
as empresas americanas que fabricam seus produtos no exterior, os acordos de
comércio, ou mesmo numa guerra cambial, aparenta que os americanos têm pouco a
perder. A possível retaliação dos outros países não deveria afetar muito a
balança comercial dos itens superavitários. Por exemplo, não é do dia para a
noite que se consegue achar outro fornecedor de aviões e motores. Na área de
serviços menos ainda.
No post o-exterminador-do-presente, fiz os seguintes
comentários sobre os juros de 10 anos: ...” mencionei no post acima, que existem 2 possibilidades
para os juros: uma nova mini queda até 2,20%; ou o início de um novo movimento
de alta, que ultrapassaria os 2,65%. Por enquanto, não trabalho com a
possibilidade que ocorreu em 2015, onde os juros voltariam a cair” ...
Ontem, em discussão com os membros do Comitê da Rosenberg,
notei que ainda existe uma inercia em relação a alta de juros. Eu argumentei
que independente das ações que o Trump possa tomar, os juros estão muito
baixos. Com uma inflação na casa dos 2% e a economia caminhando no sentido da
recuperação, como os juros de 10 anos podem estar em 2,4%?
O mercado raciocina de acordo com meus argumentos, porém,
está muito posicionado nos mercados futuros, apostando na alta dos juros de 10
anos. Veja a seguir a evolução dessas posições.
A taxa vem se
aproximando do nível que sugeri uma posição, vou aproveitar para fazer um
pequeno ajuste. Abaixo se encontra o gráfico atualizado com minhas
expectativas. Ao redor de 2,22% a.a. os juros deveriam reverter a queda, para
começar um novo ciclo de alta. Como stoploss vou fixar 1,95%. Na planilha de
trades semanal, considerei como se fosse um novo trade proposto.
Venho enfatizando que o mercado de juros de 10 anos é “o
mercado” a se acompanhar esse ano. E continuo com a mesma opinião. Por enquanto
ele está em banho maria, mas já, já vai ser servido.
O SP500 fechou a 2.307, com alta de 0,58%; o USDBRL a R$ 3,1299, com alta de 0,41%; o EURUSD a 1,0654, com queda de 0,35%; e o ouro a US$ 1.230, com queda de 0,89%.
Fique ligado!
O SP500 fechou a 2.307, com alta de 0,58%; o USDBRL a R$ 3,1299, com alta de 0,41%; o EURUSD a 1,0654, com queda de 0,35%; e o ouro a US$ 1.230, com queda de 0,89%.
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