A inércia Financeira


Depois de navegarem no território inexplorado da flexibilização quantitativa, os bancos centrais do mundo estão começando a planejar seu curso através das águas desconhecidas do aperto quantitativo.

Como o FED, o Banco Central Europeu e, eventualmente, o Banco do Japão podem lidar com a transição e fazer a diferença entre uma reativação global, da ocorrida em 2013, ou a resposta do mercado quase indetectável, ao declínio da posição de títulos americanos detidos pela China, nos últimos anos. Combinados, os balanços dos três agora totalizam cerca de US $ 13 trilhões, o que equivale a mais do que a economia da China ou da região do euro.


..."Você sabe o que eles dizem sobre a escalada da montanha da liquidez? A descida é sempre mais perigosa do que a subida"..., disse Stephen Jen, executivo-chefe do hedge Fund Eurizon ..."Reduzir o balanço será a descida da montanha"....

Economistas e investidores estão intensificando a análise das implicações referente a contração do balanço dos bancos centrais, depois que as minutas do FED mostraram que os diretores estão a favor de iniciarem o processo de redução já no final desse ano.

Enquanto o BOJ parece estar a alguma distância de diminuir seu balanço, o governador Haruhiko Kuroda disse que esta é uma das tarefas que o BOJ enfrentará quando sair de suas políticas de flexibilização monetária. Isso somente aconteceria depois que a inflação exceder 2%, onde as previsões do BOJ projetam para algum dia em seu ano fiscal que começa em abril 2018.

O balanço do BCE continuará a crescer até pelo menos o final deste ano e não é susceptível de encolher até bem depois que acabar com as compras de ativos. Qualquer discussão sobre quando começara a encolher, parece estar a alguma distância.

Uma chave desconhecida é como a economia global, fortemente endividada, pode lidar com o aumento das taxas de juros, que provavelmente resultarão da retirada de estímulos. À medida que os bancos centrais diminuem seus balanços, irão aumentar a pressão de venda sobre títulos com prazo mais longo, e efetivamente aumentar os custos de empréstimos. Obter o equilíbrio certo não será fácil.

..."Na prática, o FOMC provavelmente terá de determinar o nível terminal apropriado do balanço patrimonial através da experiência e observação do funcionamento do mercado, a medida que diminui gradualmente"..., disse David Mericle, economista do Goldman Sachs.

Os três principais bancos centrais das maiores economias desenvolvidas usaram os títulos do governo como um importante recurso para a expansão monetária. O FED também acumulou quase um quarto dos títulos hipotecários vendidos por agências ligadas ao governo no último ano.

 
O plano de jogo atual do FED é começar o decréscimo do balanço através do vencimento dos títulos em sua carteira. O banco central terá US$ 426 bilhões em títulos do Tesouro em 2018 e outros US$ 357 bilhões em 2019.

Em janeiro deste ano, Bernanke argumentou que é mais fácil para o FED aumentar ou reduzir os custos de empréstimos usando a taxa que paga aos bancos comerciais por suas reservas, do que, seria retornar aos dias pré-crise e adicionar ou subtrair quantidades marginais de fundos no mercado interbancário.

Mas existe um fator humano envolvido nessa situação. É sabido que as pessoas têm grande dificuldade em realizar mudanças principalmente quando essas mudanças podem significar resultados incertos. No movimento inicial, quando uma crise deflacionária batia ás portas do mundo, injetar quantias enormes de recursos parecia um risco pequenos vis-à-vis permanecer inerte. Na pior das hipóteses a inflação poderia subir, o que não seria nada mal naquela situação.

Agora a decisão não é tão simples. Os EUA é o país mais próximo de se movimentar nesse sentido haja visto a recente recuperação da economia. Se o FED decide engradar por esse caminho que implicara em condições financeiras mais apertadas, corre o risco de abortar o crescimento e se colocar novamente na posição de baixar os juros e injetar liquidez. Nesse cenário, os mercados ficarão muito céticos e provavelmente apostariam que não daria certo, jogando a bolsa e o dólar para baixo. Como contrapartida, os juros dos títulos longos tenderiam a subir, pela falta de credibilidade da autoridade monetária. Em resumo, um desastre!

Sendo assim, eu acredito que esse processo será empurrado com a barriga o máximo possível. Outro fator que poderia complicar ainda mais, seria a mudança de comando do FED quando a professora Yellen terminar seu mandato, no início de 2018. A inércia financeira deverá prevalecer.

No post a-lista-de-aprovados, fiz os seguintes comentários sobre os juros de 10 anos: ... “os objetivos são de 2,22 % a.a. e, se rompido 2,10%. Acredito que esse último possa ser o mais provável, em função de outros parâmetros analisados. Só depois disso as taxas deveriam começar a subir” ... ...” as cotações estarão encostando novamente nessa reta num movimento denominado de “Last Kiss”...


E acabou acontecendo ontem, os juros atingiram a mínima de 2,16% e agora se encontra a 2,20%. Chegou a hora de apostar numa alta? Talvez, mas ainda não estou muito convencido. Vocês devem lembrar do alerta que fiz sobre uma onda falha neste caso, no post Atlanta-x-Nova-York. Em função dessa hipótese o mercado de juros não estaria preparado para buscar novas altas já, é possível que deva passar um período numa correção.


O gráfico acima ilustra uma das hipóteses de correção que poderá ocorrer. Sem se importar com sua configuração, vou me ater aos níveis. Eles indicam uma reversão possível a 2,15% ou 2,0%. Em correções muito cuidado é pouco, o que se pode traduzir como coloque seu trade somente em níveis que apresente um bom risco x retorno. No caso específico usaria os parâmetros indicado no início do parágrafo.


Poderia aproveitar uma eventual queda no curtíssimo prazo, ao redor de 2,15%, para buscar uma alta potencial entre 2,35%/2,45%. Não sei se vou sugerir no post, mais fica minha indicação. Usaria um stoploss bastante curto de 2,05%, seria um tiro curto. Em todo caso, minha sugestão de compra deverá surgir mais a frente, provavelmente no início do 2º semestre.

O SP500 fechou a 2.338, com queda de 0,17%; o USDBRL a R$ 3,1494, com alta de 1,36%; o EURUSD a 1,0710, com queda de 0,20%; e o ouro a US$ 1.279, com queda de 0,79%.
Fique ligado!

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