China pega o vacuo
O mundo deseja que a China passe de um país cujo foco de
produção seja na venda desses produtos ao exterior para o consumo interno. Desde
a última recessão, a esperança para que não houvesse uma depressão era baseada
nessa premissa. Na verdade, tenho dúvidas se essa era realmente uma vontade do
governo Chinês. Ao se focar no mercado interno a contrapartida seria uma
diminuição de seus superávits comerciais com uma consequente redução de suas
reservas.
Essa diminuição de reservas tornaria sua estratégia na
condução da política monetária e principalmente a administração da cotação de
sua moeda o yuan, mais vulnerável. Com uma moeda que não tem conversibilidade,
a atuação do banco central tem um caráter muito mais direto, pois todas as
transações são reguladas pelo governo.
Nos últimos tempos, um volume constante de queda das
reservas tem ocorrido, mesmo com superávits comerciais robustos, pois muito pouco se conseguiu no objetivo de aumentar o consumo interno. Esse
movimento se originou basicamente pela apreciação do dólar nos mercados
internacionais e um arrefecimento no volume de investimentos feitos pelos
estrangeiros que abundavam no passado.
Se o objetivo após a recessão de 2008 tivesse levado seu
curso, hoje a situação na China poderia ser muito complicada. Certamente sua
taxa cambial seria muito superior aos níveis atuais, o que seria positivo para
suas exportações. Por outro lado, geraria uma instabilidade interna por conta
de inflação mais elevada e um possível movimento dos chineses para retirar seus
recursos do país, a fim de se proteger. Com uma população gigantesca, bastaria
uma remessa média de US$ 1.000/habitante (US$ 1,3 trilhão), para praticamente
extinguir suas reservas. Essa é a principal razão da minha desconfiança em que
o governo realmente deseja aumentar o consumo interno em detrimento das
exportações.
Foram publicados os dados de PMI da indústria na China, para
o mês de março. Como vem ocorrendo na maioria dos países, esse caso não poderia
ser diferente, apresentando a melhora nesse indicador no último ano.
O PMI de serviços, que já começa a ter grande influência
econômica no PIB, como nos países mais desenvolvidos, também se encontra em
território sólido.
O WSJ publicou um quadro interessante para justificar a alta
no preço das commodities observada nos últimos meses. O primeiro quadro acima
mostra como a China construiu uma base industrial e hoje é um grande fabricante
de commodities industriais. Assim, a oscilação na produção dessas indústrias
tem impacto nos preços internacionais dessas matérias primas. Os outros quadros
mostram que a queda na produção foi a razão para elevação nos preços.
Os mercados internacionais têm privilegiado os mercados
emergentes, onde a China é o principal player. O gráfico abaixo demonstra que, desde a
eleição de Trump, um volume crescente tem se dirigido para essas regiões. Notem
que esse fluxo foi tanto de renda fixa como de ações.
Os mercados internacionais têm tido a preferência pelos
ETF’s na hora de investir, o mesmo ocorre quando se trata de mercados
emergentes. Essa é uma tendência global que vai também contagiar o mercado
brasileiro dentro de algum tempo. O próximo gráfico aponta um movimento interessante
no que diz em qual região foram investidos. Ao invés de optar pela América
Latina, Ásia, ou outra localização geográfica específica, a opção tem sido por
ETF’s que abrangem todas. Não conheço o detalhe desses instrumentos mas imagino
que são ponderados pelo tamanho de cada economia, ou mesmo pelo valor total das
ações negociadas na bolsa. O recado é claro, todos os países deveriam se
beneficiar no olhar dos investidores.
Já que estamos falando de bolsas de valores, a ilustração a
seguir contabiliza o número de anos que uma companhia permanece dentro do
cálculo do SP500. Nitidamente vem descrendo, o que se deduz que novas empresas
ganham esse status com mais frequência, mas que também dão lugar a outras em
espaço de tempo inferior a 10 anos. Aquela ideia de comprar ações da IBM para
deixar para os netinhos tem que ser repensada!
No post je-ne-sais-pas, comentei que o dólar se encontra
“magnetizado” em torno da cotação de R$ 3,11, porém que eu acredito que o movimento
esperado seja para queda do dólar. Naquele momento sugeri um trade de venda da
moeda americana, em função de uma configuração técnica: ...” quem acompanha Eliott Wave sabe que,
quando uma sequência de 5 ondas é formada, a probabilidade de um movimento
continuar nesse sentido é elevada. Essa é a principal razão dessa minha
investida. Naturalmente, um acompanhamento em parâmetros de mais médio prazo
também deve atender essa ideia, o que é o caso” ...
Adivinhem qual a cotação hoje? R$ 3,11! Não tenho nada a
adicionar aos meus comentários e objetivos traçados. Um rompimento do nível de
R$ 3,06 vai abrir a porta para nós, e abaixo de R$ 3,03, escancara! Pode ser
que, o dólar ainda fique por mais algum tempo em cima desse número mágico de R$
3,11, mas não deveria ser por muito tempo.
O SP500 fechou a 2.358, com queda de 0,16%; o USDBRL a R$ 3,1143, com queda de 0,28%; o EURUSD a 1,0671, com alat de 0,21%; e o ouro a US$ 1.252, com alta de 0,33%.
Fique ligado!
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