Estragaram a festa
Hoje pela manhã, antes de ser anunciado os dados de emprego
nos EUA, estava lendo um artigo do WSJ dizendo que os números a serem publicados
poderiam ser impactados negativamente pelas baixas temperaturas de março. Mas,
os economistas, ao declararem sua projeção, não sabem disso; ou seja, não levam
isso em consideração?
Vocês devem lembrar que nessa semana o ADP publicou um
resultado de 263 mil novas vagas. Sabe-se que existe uma forte relação entre
esse resultado e os dados oficias. Os economistas estavam prevendo a criação de
180 mil vagas, imagino que devam ter considerado o fator tempo. Mas,
surpreendentemente, o número veio muito abaixo; com a criação de 98 mil vagas.
Surpreendente também foi a taxa de desemprego que caiu ao invés de subir caiu
para 4,5%, o menor nível desde de maio de 2007.
Outro parâmetro acompanhado é a elevação dos salários
através do custo médio da hora trabalhada. Esse resultado veio em linha com o
esperado e aponta para uma elevação estável em 2,7% a.a. E, por último, o participation rate também não apresentou
surpresas, ficando em 63%.
Mas, o que deu tanto errado? O gráfico a seguir mostra uma
das consequências da mudança de hábito dos consumidores. A contratação no setor
de varejo está negativa já faz um bom tempo.
O fenômeno Amazon já faz parte do cotidiano dos americanos e
de boa parte da população do mundo. Agora, quando se deseja comprar algum item,
a primeira coisa que se faz é pesquisar nesse site qual o seu preço. A partir
daí, parte-se do pressuposto que é o mais barato e ainda oferece a facilidade
de entrega na sua porta sem custo. Por que alguém iria sair de casa para
comprar e até pagar mais caro? Em função disso, veja a quantidade de lojas que fecharam
no 1º trimestre nos EUA.
Além do efeito Amazon, existem os robôs que estão invadindo
as fábricas ao redor do mundo. A próxima ilustração permite dar uma ideia do
crescimento desse mercado, bem como em que indústrias mais se aplicam, além de
sua penetração em diversos países.
Esse assunto não é novo, o Mosca já postou inúmeras vezes sobre ele. Todavia, essas mudanças
estruturais vão ocorrendo de forma lenta, como um reservatório: no começo tem
pouca água, mas um dia fica cheio. Esse dia está cada vez mais próximo e
resultados como os de hoje poderão se perpetuar no futuro.
A leitura simplista desses resultados é que o mercado de
trabalho está apertado para alguns tipos de funções e seus salários estão
subindo. Para os outros trabalhos, substituídos pela tecnologia, estão
diminuindo. As pessoas que estão sendo demitidas acabam saindo do mercado de
trabalho. Como isso vai terminar, eu não sei, mas se pode imaginar um grande
desequilíbrio!
A bolsa brasileira está aguentando vários desaforos. Esta
semana foi noticiado que os estrangeiros tiraram R$ 3,3 bilhões de recursos
investidos durante o mês março, revertendo boa parte das entradas do começo do
ano, depois o cenário incerto internacional e, por último, as dificuldades que
existirão na reforma da previdência. Com tudo isso, o Ibovespa se encontra ao
redor de 64.000 desde o começo de março.
No post pega-ladrão, fiz os seguintes comentários sobre
o Ibovespa: ...”
No gráfico abaixo, tracei o que estou esperando, uma correção terminada (zig
zag). Mas, teremos que esperar, não posso eliminar nenhuma opção. Por enquanto,
meus dados de longo prazo apontam para novas altas no futuro, mas no curto
prazo está indefinido” ... ...” Acima do nível de 67.000 nós ganhamos mais
alento, mas mesmo assim não solte rojões é preciso ultrapassar os 70.000, pois
a correção pode ainda demorar mais tempo, e não ter terminado, como eu
gostaria” ...
Se a reforma da previdência não for aprovada de forma
convincente, saí de baixo; os ativos brasileiros vão cair muito. O mercado já
incorporou como certo que isso não irá ocorrer e, pelo contrário, será aprovada
dentro do seu cronograma, ou seja, por volta de julho. Nestes últimos dias,
tanto os americanos como os brasileiros estão menos otimistas, e resolveram ver
para crer, ocasionado uma pequena queda nas bolsas.
Não gosto muito de associar fatos ao gráfico, mas nesta
situação parece que o fundamento pode estar combinando com os dados técnicos. O
gráfico a seguir sugere um movimento de correção denominado de triângulo que
manteria os preços contidos entre 63.000 e 69.000 por um tempo. Apontei também
que poderia se encerrar por volta de junho/julho, onde voltaria a subir.
Vocês já sabem que é impossível fazer grandes previsões da
forma, quando se trata de correção. Eu imaginei um triângulo, mas pode ser
qualquer outro. Vamos imaginar que seja mesmo o triângulo. Ao final, a análise
técnica tem um grande diferencial em relação aos fundamentalistas. Enquanto
esses últimos estão praticamente todos alinhados que a bolsa só pode subir, os
técnicos teriam duas possibilidades; a mais provável (67%) é que suba mesmo,
porém existe uma outra com chance de 33% de queda.
Tudo isso só poderemos saber com o passar do tempo. Por
enquanto, estamos comprados na bolsa com um stoploss a 62.000. Agora, o resto
deixamos para o mercado falar através de seus movimentos.
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