IA: A questão da década #IBOVESPA
No post what-the-f@ck comentei sobre a projeção da
Goldman Sachs, que indicava um retorno baixo de 3% para as ações. Nesse mesmo
post, acrescentei o retorno absurdo das Sete Magníficas, que já ocorre há 20 anos
e se acelerou nos últimos tempos. Será que essa discrepância pode continuar?
Acredito que pode ser resumida em uma frase: a IA será uma revolução ou mais um
brinquedinho para pessoas físicas (e jurídicas) responderem dúvidas diversas?
O Chat GPT tem me ajudado concretamente na elaboração dos
posts diários, e, sem dúvida, me tornei viciado nessa ferramenta. Você pode
perguntar as coisas mais díspares e obterá uma resposta. Mas, se a Microsoft
depender do Mosca para pagar seus investimentos, vai ficar no prejuízo.
Pela minha experiência, é necessário que as empresas treinem
seus funcionários no uso dessa ferramenta para que ela se torne verdadeiramente
operacional. Um grande defensor dessa ideia é o CEO da Nvidia, Jensen Huang.
Nesta semana, ele se reuniu com milhares de líderes de tecnologia e afirmou que
suas empresas devem se tornar organizações impulsionadas por IA para se
prepararem para o que ele chama de “nova revolução industrial” — parece que ele
anda lendo o Mosca! Hahaha… A seguir, veja suas ideias relatadas por Belle
Lin, no Wall Street Journal.
Huang falou no palco do evento IT Symposium/Xpo, da Gartner,
uma empresa de pesquisa de mercado e consultoria, em Orlando, na terça-feira,
defendendo que CEOs e diretores de tecnologia da informação (CIOs) precisam
simplesmente começar a usar a IA, e o resto virá naturalmente.
A gigante dos chips, sediada em Santa Clara, Califórnia, já
aplicou essa mentalidade, segundo Huang, utilizando IA em áreas como o design
de chips, a escrita de software e a gestão da cadeia de suprimentos.
O ponto mais importante para os CIOs, disse Huang ao Wall
Street Journal durante o evento, é encontrar algo eficaz dentro de suas
empresas e perguntar como a IA pode transformar esse trabalho. Para a Nvidia,
essas três áreas “movem a agulha de forma mais profunda”, afirmou. “Quando é o
nosso trabalho mais impactante, é mais fácil gerar energia em torno disso.”
A longo prazo, a Nvidia está criando o que Huang chama de
seu próprio “cérebro de IA”. A ideia é que o conhecimento de como uma empresa
opera — seus processos de negócios e interações com clientes — precisa ser
coletado e entregue à IA. O objetivo final é transformar essa informação em uma
IA com a qual CIOs e CEOs “possam simplesmente conversar”, disse Huang.
A Nvidia já começou a transformar todos os seus dados
privados em IA, afirmou Huang, acrescentando que "todo mundo deveria fazer
isso."
Para atingir esse objetivo, a empresa está anunciando uma
ferramenta que facilita o entendimento e a assimilação de arquivos PDF pela IA.
Em grande parte, dados "não estruturados", como e-mails e PDFs, têm
sido difíceis de capturar para os tipos mais tradicionais de IA.
Mais adiante, isso também significa que as empresas terão
“grandes populações de trabalhadores digitais”, ou agentes de IA, em funções
como marketing, vendas, engenharia e cadeia de suprimentos, trabalhando ao lado
de seus colegas humanos, disse Huang. Para chegar lá, todos — incluindo os
líderes de tecnologia empresarial — precisam aprender a instruir uma IA.
“Não esperamos que a IA seja capaz de fazer o que nossos
funcionários fazem em um futuro próximo”, acrescentou Huang.
Para os CIOs, que atualmente são responsáveis por gerenciar
as expectativas em torno do valor comercial da IA, enquanto continuam a testar
seus limites, Huang disse no palco que os chips da empresa também estão
disponíveis em data centers e plataformas de nuvem privada, e não apenas nas
plataformas de nuvem oferecidas por outros fornecedores.
“A computação de hoje é feita em todo lugar”, disse Huang na
entrevista ao *Wall Street Journal*. “A computação acelerada estará em todo
lugar, e a IA estará em todo lugar.”
Que ele seja o maior promotor de seu produto não é novidade.
Para uma empresa que começou como fabricante de placas de vídeo para joguinhos
se tornar a líder na fabricação de chips necessários para a IA criando um quase
monopólio, já mostrou suas qualidades. Mas será que as empresas estão
acreditando nisso da mesma forma? A mesma Belle Lin comenta sobre o CIO Network
Summit do Wall Street Journal (WSJ), um evento anual que reúne líderes de
tecnologia da informação de algumas das maiores empresas do mundo. Este
encontro é um espaço para debater os principais desafios e oportunidades que as
organizações enfrentam em relação à tecnologia, inovação e liderança. O título
é sugestivo: “As empresas se divertiram experimentando a IA. Agora têm que
mostrar resultados”.
Os líderes de tecnologia empresarial estão encerrando dois
anos de experimentos acelerados com IA em suas empresas e direcionando seus
investimentos para projetos comprovados, focados no retorno sobre o
investimento (ROI).
“Quando a IA generativa surgiu, havia um certo financiamento
discricionário que poderíamos usar para experimentar e testar algumas das
tecnologias,” disse Jonny LeRoy, diretor de tecnologia da W.W. Grainger,
fornecedora industrial. “Mas, para realmente expandir esses experimentos,
estamos vendo a necessidade de apresentar um argumento comercial mais sólido.”
Enquanto os líderes de tecnologia anteriormente tinham liberdade
para experimentar com IA, “a janela para experimentação está basicamente se
fechando,” afirmou Erik Brynjolfsson, cofundador da Workhelix, uma empresa de
pesquisa e software, durante o CIO Network Summit do Wall Street Journal, em
Nova York.
“Este é um ano em que você deve esperar resultados
comerciais,” disse Brynjolfsson, acrescentando que a tecnologia está madura o
suficiente para entregá-los. “Este é o momento em que você deve estar obtendo
benefícios e esperar que seus concorrentes ainda estejam apenas
experimentando.”
O problema é que cerca de 70% dos projetos de IA generativa
dos clientes empresariais ainda estão presos na fase piloto ou de teste, disse
Philip Rathle, diretor de tecnologia da empresa de software de banco de dados
gráfico Neo4j, no evento. Os modelos de IA generativa são bons para resumir
textos, mas são menos capazes em tarefas mais sofisticadas, ele acrescentou.
Naveen Rao, vice-presidente de IA generativa na Databricks,
empresa de dados em nuvem, afirmou que cerca de 90% dos experimentos com IA
generativa não estão avançando além dos laboratórios. “Precisão e
confiabilidade são um grande problema,” disse ele.
Para superar a fase de experimentação, as empresas precisam
garantir amplo acesso aos dados corporativos, para que os desenvolvedores de
tecnologia possam utilizá-los na implementação da IA, explicou Jim Siders, CIO
da empresa de análise de dados Palantir. “É assim que você chega ao protótipo
funcional que você sabe que é adequado para o propósito e que vai impactar o
negócio,” disse ele.
Nicholas Parrotta, diretor de informações e transformação
digital da Harman, disse que as ferramentas baseadas em IA devem provar seu
valor em menos de 12 meses, seja por meio de maior produtividade dos
funcionários ou geração de receita.
Outra abordagem sugerida por Rao é dividir os projetos de IA
em partes menores e mais fáceis de comprovar, em vez de abordá-los como um
"grande monstro monolítico". Isso significa tratar os projetos de IA
como código de computador, que simplesmente precisa de manutenção.
Para muitos CIOs, as limitações da tecnologia e a pressão
das empresas estão forçando uma pausa para avaliar onde a IA generativa pode
realmente aumentar a produtividade ou as vendas.
“Estamos dando um tempo para descobrir onde acreditamos que
estão as economias ou os benefícios, e quais são os próximos melhores lugares a
explorar,” disse LeRoy, da Grainger.
No entanto, isso não significa que seu entusiasmo pela IA
tenha diminuído. “Estou feliz que não seja uma varinha mágica,” disse LeRoy.
“Entendemos que é uma ferramenta útil e poderosa, mas que se encaixa em um
ecossistema mais amplo.”
Uma atualização da Goldman Sachs sobre o uso de IA pelas
empresas ainda mostra um quadro quase estagnado. Com apenas 6% das companhias
usando essa ferramenta, é muito prematuro tirar qualquer conclusão. Mas o tempo
não para, e se esse número não aumentar significativamente nos próximos
trimestres, um quadro de pessimismo poderá se instalar.
Tudo isso converge para o título do post IA: a grande questão da década, que será crucial para determinar se as ações vão render os 3% da Goldman Sachs ou se seguirão a projeção otimista do Mosca para o S&P 500 e, especialmente, para as empresas de tecnologia — ou melhor, as que têm a “carteirinha”.
Sobre a bolsa de valores — a que interessa, não a brasileira
— o Deutsche Bank traz um gráfico interessante sobre a evolução dos lucros por
ação nos últimos 90 anos. Segundo sua conclusão, tanto faz quem é o presidente
ou qual é a taxa de imposto; o lucro por ação está sempre subindo!
O CoTD de hoje mostra que, nos últimos 90 anos, a taxa de imposto corporativo foi alterada por várias administrações, mas a tendência de crescimento do lucro por ação (EPS) seguiu de perto uma taxa anualizada de cerca de 6,5%. Embora tenha havido um longo período de estabilidade nas taxas de imposto entre meados da década de 1980 e a TCJA de 2017 (sob Trump), a realidade é que a taxa efetiva de imposto vinha caindo consistentemente nesse período, levando em consideração deduções, créditos, brechas e outras estratégias de economia fiscal.
Uma observação interessante: o período de mais de 50 anos em
que as taxas de imposto nos EUA caíram de cerca de 50% para 20% coincidiu com o
déficit fiscal estrutural dos EUA, que passou de quase nulo para cerca de 7%
atualmente. Um simples CoTD é curto demais para discutir se há alguma
causalidade entre os dois, mas parece haver um elemento no gráfico de hoje que,
inadvertidamente, estamos ajustando para uma taxa de crescimento constante do
EPS. Quando o crescimento econômico e a produtividade eram rápidos (antes dos
anos 1970), os impostos corporativos eram mais altos, o que talvez impedisse as
empresas de explorar todo o seu potencial. No entanto, à medida que o
crescimento e a produtividade diminuíram, o crescimento do EPS se manteve
constante, talvez ajudado pela redução contínua da carga tributária.
Uma implicação interessante para o futuro: se a IA realmente
criar um milagre de produtividade, será que a taxa de imposto corporativo
voltará a subir com o tempo, independentemente da política? Dessa forma, você
mantém uma taxa de crescimento constante do EPS, mas devolve algum dinheiro
para um balanço fiscal fenomenalmente pressionado. Antes de analisar essa
ideia, lembre-se de que acabei de pensar nela enquanto escrevia, então pode
estar longe da realidade. Mas me pergunto se a escalada relativamente constante
do EPS ao longo de quase 100 anos tem, em parte, uma correlação inversa entre o
crescimento da produtividade e a taxa de imposto.
No post china-apagão-do-estímulo fiz os seguintes
comentários: “Nada de muito importante aconteceu para confirmar a hipótese
acima. O nível de 127.7 (estava errado e fiz a correção agora) mil ainda
está distante. Como destaco no gráfico a seguir, com a linha pontilhada em
cinza, por enquanto parece uma correção {a); b); c) em laranja}.”
Ontem fiquei entretido com as diversas contagens possíveis para o IBOVESPA. Não consegui concluir nada de diferente, nem tampouco associar um cenário mais provável. A única coisa que notei é que, em todos os casos, são esperadas quedas. O que vai variar é a magnitude delas. Como proceder em situações como essa? Primeiro, não se arriscar a vender; a principal razão é que não se consegue uma boa precificação do risco x retorno. Segundo observar a primeira formação de 5 ondas em uma janela menor e, então, decidir se compra ou não na retração.
Eu destaquei no gráfico semanal o que denominei de “Muro das Lamentações”. A razão é que, em quatro tentativas de romper a área destacada em verde, o índice não conseguiu — essas tentativas estão expressas com círculos rosa. Essa passa a ser a grande questão: agora vai, ou terá que visitar de novo os níveis mais baixos, sendo o pior abaixo de 100 mil? Deixe o mercado nos indicar sua escolha e não tente adivinhar.
O SP500 fechou a 5.797, com queda de 0,92%; o USDBRL a R$ 5,6922, sem variação; o EURUSD a € 1,0785, com queda de 0,11%; e o ouro a U$ 2.716, com queda de 1,17%.
Fique ligado!
O problema da venda em IBOV, é que as quedas tem sido muito lentas, com muita volatilidade (os Candles possuem muitos pavios para cima e para baixo) dificultando a entrada em posições, pois muitas vezes essas altas intraday parecem os fortes movimentos de alta que ocorrem um curtos períodos de tempo que tem sido responsáveis pelas altas do IBOV. Estava vendido, mas desfiz a posição e vou acompanhar de perto os dados da economia/empresas americanas na próxima semana.
ResponderExcluirIA Generativa não é a fada madrinha que veio satisfazer pedidos dos CEOs. Todo o investimento de hoje levará alguns anos de maturação para ser utilizado lá na ponta.
ResponderExcluirE é esse o risco que existe até se mostrar rentável
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