What the f@ck! USDBRL

 


Existem alguns termos em inglês que são de difícil tradução, como o calão What the f@ck?. Talvez a melhor tradução seria “que p@rra é essa?”. Deixarei para o final o motivo da escolha desse título hoje.

Com o fim do ano se aproximando, as projeções para o futuro começam a surgir. A maioria faz referência a 2025, e poucos se arriscam a prazos mais longos. Os analistas têm errado bastante, como mostro periodicamente aqui. Hoje, foi a vez do Goldman Sachs fazer uma chamada marcante: “A década dos grandes ganhos do S&P 500 acabou”. Sagarika Jaisinghani comentou na Bloomberg.

As ações dos EUA provavelmente não sustentarão o desempenho acima da média da última década, à medida que os investidores se voltam para outros ativos, incluindo títulos, em busca de melhores retornos, afirmaram estrategistas do Goldman Sachs Group Inc.

O índice S&P 500 deve registrar um retorno nominal total anualizado de apenas 3% nos próximos 10 anos, de acordo com uma análise de estrategistas, incluindo David Kostin. Isso se compara aos 13% da última década e a uma média de longo prazo de 11%.

 



Eles também veem uma chance de aproximadamente 72% de que o índice de referência fique atrás dos títulos do Tesouro e uma probabilidade de 33% de que fique abaixo da inflação até 2034.

"Os investidores devem se preparar para retornos das ações na próxima década que estarão na extremidade inferior da sua distribuição de desempenho típica", escreveu a equipe em uma nota datada de 18 de outubro.

As ações dos EUA subiram após a crise financeira global, inicialmente impulsionadas por taxas de juros próximas de zero e, mais tarde, por apostas no crescimento econômico resiliente. O S&P 500 está a caminho de superar o resto do mundo em oito dos últimos dez anos, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

Ainda assim, o aumento de 23% deste ano foi concentrado em um punhado das maiores empresas de tecnologia. Os estrategistas do Goldman disseram que esperam que os retornos se expandam e que o S&P 500 com ponderação igual supere o índice ponderado por valor de mercado na próxima década.

Mesmo que o rali permaneça concentrado, o S&P 500 registraria retornos abaixo da média de cerca de 7%, afirmaram eles.

A pesquisa mais recente da Bloomberg Markets Live Pulse mostrou que os investidores esperam que o rali das ações dos EUA se estenda até o final de 2024. A força dos resultados das empresas americanas é vista como mais crucial para o desempenho do mercado de ações do que quem vencerá a eleição presidencial dos EUA ou até mesmo o caminho da política do Federal Reserve.

John Authers reforça essa ideia de que as ações não terão um bom desempenho nos próximos 10 anos – acho interessante como gostam de usar a janela de 10 anos, por que não 3 ou 5? A seguir, um resumo de seus argumentos, que não diferem muito dos de David Kostin.

 

Curto prazo:

Em 2024, o S&P 500 já subiu 23%, superando consistentemente as estimativas dos estrategistas. O otimismo é impulsionado por fatores como um mercado de trabalho mais forte que o esperado, a redução da inflação, taxas de juros altas, mas em declínio, e ganhos substanciais com inteligência artificial, que não estavam totalmente precificados no início do ano. Além disso, o cenário político (como a possível vitória de Donald Trump) e o desempenho das maiores empresas tecnológicas (as “Magníficas Sete”) alimentam o entusiasmo do mercado.

 

Longo prazo:

No entanto, os sinais para os próximos 10 anos são de cautela. O índice CAPE, que ajusta o preço/lucro ao longo de um ciclo econômico, sugere que o mercado está em níveis historicamente elevados, comparáveis aos picos antes do crash de 1929 e da bolha das “pontocom” em 2000. Quando o CAPE atingiu esses níveis no passado, o mercado posteriormente enfrentou quedas significativas. Além disso, o retorno esperado para os próximos 10 anos é de apenas 3% nominal ao ano, um dos piores já registrados, com uma forte probabilidade de que o S&P 500 tenha desempenho inferior em relação aos títulos do Tesouro e a outros mercados globais.




Concentração de Mercado:

Outro ponto de alerta é a concentração extrema no mercado de ações dos EUA, com as maiores empresas dominando o desempenho do índice. Embora esse cenário tenha impulsionado os ganhos recentes, historicamente, uma concentração elevada tem sido um indicativo de maior volatilidade e menor diversificação, o que sugere a possibilidade de correções futuras. Excluindo as “Sete Magníficas”, o retorno esperado para os próximos 10 anos seria moderado.

 



Conclusão:

Em termos de estratégia, o momento ainda favorece ganhos no curto prazo devido ao forte momentum, mas os investidores devem ser cautelosos no longo prazo, pois os indicadores tradicionais de avaliação de mercado apontam para retornos mais fracos e maior risco de volatilidade nos próximos anos.

Suponha que uma lâmpada de Aladim surja em minha vida e pergunte qual é meu único desejo. Para deixar os leitores do Mosca mais tranquilos, eu perguntaria a chance de a bolsa render 3% a.a. em média nos próximos 10 anos – sei que teria perguntas muito melhores, mas não servem ao assunto de hoje –a resposta seria: com 95% de probabilidade, 3% a.a. Até o gênio procurou cover his ass Hahaha...

Com esse prognóstico, o Mosca poderia buscar outra coisa para fazer, embora mesmo esses 3% não ocorreriam de forma linear, surgindo oportunidades nesse caminho.

Estava na minha leitura de final de semana quando surge um gráfico que me deixou chocado. What the f@ck is that?  foi minha reação. Nos últimos 20 anos, as Sete Magníficas – que não eram tão magníficas assim no passado – “roubaram” todo o lucro das outras 493! E não foi pouco, foi muitoooooooooo.

 



Que um setor se beneficie mais que outro é razoável. Que dentro do mesmo setor uma empresa se saia melhor que a outra, também. Mas, que praticamente toda a economia fique para trás? Tem que se pensar. Qual seria o motivo? Um candidato seria o aumento de produtividade gerado por essas empresas de tecnologia, que as coloca em vantagem sobre as outras. Mas ninguém mais se beneficiou? As 493 ficaram enxugando gelo? Não tenho uma resposta técnica para dar e seria tendencioso da minha parte usar meu argumento de que estamos dentro de uma Revolução Digital e é assim que acontece. Ou a ideia da “carteirinha”, que se torna realidade, pois somente as Sete ganharam.

Posso afirmar com certa segurança que, se essa situação continuar no futuro, de pouca valia será a comparação com o passado, como os argumentos usados nos artigos acima.

SE (com ênfase) estivermos na Revolução Digital, acho muito razoável que outras empresas se beneficiem “roubando” P/L das Magníficas Sete para si, mas não todas. Pelo contrário, muitas irão desaparecer.

Tempos desafiadores, santo gráficos para nos ajudar a mapear essas mudanças!

No post tamo-junto , fiz os seguintes comentários sobre o dólar: “O que venho insistindo ad nauseam é que o movimento de alta seria muito tortuoso, e os leitores estão assistindo ao vivo e em cores, como se enfatiza. Mas acham que está tudo resolvido? Nem a pau! O dólar precisa romper a área denominada como resistência no gráfico abaixo, pois ainda pode dar meia-volta e acionar a opção citada no post acima.”

 



O dólar entrou na Área de Resistência que apontei acima, sem, todavia, romper. Caso isso ocorra, o objetivo para o dólar está destacado no retângulo abaixo, algo como ~ R$ 6,00. Esse seria um presente de Natal de grego para Galípolo, que estaria assumindo a cadeira do Banco Central. Um vídeo publicado na minha rede destaca a aparição de Gleisi Hoffmann em um evento da XP, onde ela teria dito que Galípolo estaria “fazendo cena” nas últimas reuniões do Copom, mas assim que assumir, vai baixar os juros. Nem sei se ela hoje em dia é porta-voz de alguma coisa, mas fica aqui registrado.

 



Neste final de semana, li um relatório que ressalta que uma vitória de Trump faria o dólar subir – aqui me refiro ao “dólar-dólar” ‑ contra todas as moedas. Resolvi observar o dólar que nos interessa num prazo mais longo, ressalva seja feita com essa hipótese que estou usando agora. Vai ser uma tortura. Vejam a seguir o gráfico.

 



Como podem notar na linha pontilhada em vermelho, depois de atingir os R$ 6,00 na onda 3 vermelha, a onda 4 vermelha se prolongaria por quase todo o ano de 2025, levando o dólar a R$ 5,40. Somente depois levaria a moeda americana para a região dos R$ 7,00 na onda 5 vermelha. Detalhe: a onda 4 vermelha pode se estender por mais tempo. O único trade que consigo imaginar seria o movimento final; todos os outros seriam oportunísticos.

O S&P500 fechou a 5.853, com queda de 0,18%; o USDBRL a R$ 5,6893, sem alteração; o EURUSD a € 1,0815, com queda de 0,46%; e o ouro a U$ 2.719, sem alteração.

Fique ligado!

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