Troco de camisa? #nasdaq100 #NVDA

 


Os leitores antigos do Mosca sabem da frase que uso com frequência: “os economistas trocam de opinião como eu troco de camisa”. Vocês podem se perguntar por que pego no pé dos economistas? Não tenho nada contra essa profissão, pois ela é fundamental para atuar nos mercados financeiros. Meu ceticismo provém de experiências negativas que vivi por conta de uma certa teimosia em aceitar uma realidade diferente da dos seus pensamentos – isso não ocorre sempre, mas em poucas ocasiões.

Em sua maioria, são profissionais com elevado grau de conhecimento, mas talvez essa seja parte do problema. Ao estudarem exaustivamente os modelos, às vezes acreditam que o mundo é perfeito, não levando em consideração que as pessoas estão longe dessa perfeição. Por princípio, os modelos têm como contrapartida uma reação lógica das pessoas. E, em situações como essas, os mercados se comportam desafiando suas projeções.

Tenho muito respeito por Bill Dudley, ex-presidente do Fed de Nova York, mas ele fez projeções no passado recente de que a economia americana passaria por um pouso forçado (“Hard Landing”), o que acabou não acontecendo. Um artigo publicado na Bloomberg explica os motivos pelos quais esse cenário não ocorreu, mas será só isso? Vejamos seus argumentos:

Primeiro, a economia mantém um considerável impulso. O crescimento no segundo trimestre foi revisado para uma taxa anualizada de 3,0%, e a estimativa GDPNow do Federal Reserve Bank de Atlanta para o terceiro trimestre é de 2,5%.

Segundo, a deterioração no mercado de trabalho ocorreu de forma relativamente benigna. Embora a taxa de desemprego tenha subido para 4,2%, partindo de um ponto mais baixo de 3,4% em 2023, o aumento foi impulsionado principalmente pelo rápido crescimento da força de trabalho e não por demissões permanentes.

Terceiro, a regra de Sahm1 pode não ser tão rígida quanto a experiência histórica sugere. O mais importante é reconhecer que o limite de 0,5 ponto percentual foi determinado empiricamente a partir da experiência dos EUA desde 1960. Isso não representa um grande número de observações de ciclos econômicos. Como o presidente do Fed, Jerome Powell, observou em uma recente coletiva de imprensa, a regra de Sahm é uma “regularidade estatística”, não uma lei econômica. Talvez o limite real seja mais elevado desta vez devido ao rápido crescimento da força de trabalho. Nesse caso, se o Fed agir rápido o suficiente para evitar uma violação, as dinâmicas auto reforçadoras que levam a uma recessão serão evitadas.

1 Regra de Sahm** é um indicador econômico simples baseada em mudanças na taxa de desemprego e foi projetada para sinalizar quando a economia entrou em uma recessão.

A regra de Sahm é ativada quando a média de três meses da taxa de desemprego nacional aumenta em 0,5 ponto percentual ou mais em relação ao seu ponto mais baixo nos 12 meses anteriores. Em outras palavras, se a taxa de desemprego aumentar pelo menos 0,5% em relação ao seu valor mais baixo recente, isso sugere que a economia provavelmente está entrando em recessão.

Quarto, embora a política monetária permaneça apertada segundo quase todos os padrões, as condições financeiras se afrouxaram enormemente no último ano. Os preços das ações subiram para máximas históricas, os rendimentos dos títulos caíram e os spreads de crédito se estreitaram.

O que isso significa para os preços dos ativos financeiros? A meu ver, um cenário de pouso suave implica um mercado de ações em alta. Os lucros corporativos continuam a crescer, e as avaliações relativas a ativos de renda fixa permanecem estáveis ou melhoram.

Em contraste, um pouso suave implica rendimentos um pouco mais altos para os títulos por três razões. Primeiro, se um pouso suave ocorrer, isso reforçaria a noção de que uma taxa de juros dos Fed Funds, consistente com uma política monetária neutra, é consideravelmente mais alta do que nos últimos anos. Como escrevi há mais de um ano, o valor justo para o rendimento do Treasury de 10 anos provavelmente está em torno de 4,5%. Isso assume que a inflação média será de 2,5% ao longo do tempo, que o r* — a taxa neutra de curto prazo ajustada pela inflação — é de 1%, e que o prêmio de prazo — a diferença entre as taxas de curto prazo esperadas e o rendimento do Treasury de 10 anos — é de 1%.

Segundo, com um pouso suave, o Fed presumivelmente moveria a política para uma posição neutra, não acomodatícia. Julgando pelo mercado futuro, os traders antecipam que a taxa dos Fed Funds cairá para cerca de 2,9% no início de 2026. Em um cenário de pouso suave, eu esperaria que a taxa caísse no máximo para 3,5%, em comparação com os atuais 5%.

Terceiro, em um cenário de pouso forçado, a perspectiva para ações versus títulos se inverte. Os preços das ações caem à medida que os lucros decepcionam, e os rendimentos dos títulos caem à medida que o Fed reduz as taxas de curto prazo mais do que o esperado, tornando a política monetária acomodatícia. Nesse cenário, a taxa dos Fed Funds provavelmente atinge seu ponto mais baixo entre 2% e 2,5%.

Qual cenário prevalecerá e como poderemos saber? A chave está no mercado de trabalho. Se ele se deteriorar ainda mais, e a taxa de desemprego continuar subindo, as dinâmicas auto reforçadoras que a regra de Sahm incorpora se firmarão, e teremos um pouso forçado. Ao olhar para trás, concluiremos que o limite de 0,5% ainda funciona, ou alternativamente, que ele funciona após ultrapassar um limite ligeiramente mais alto. Claro que não seremos capazes de distinguir entre esses dois casos.

Em sua coletiva de imprensa em 18 de setembro, após o Fed reduzir a taxa dos Fed Funds em meio ponto percentual, Powell minimizou o risco de tal resultado. Ele argumentou que os dois objetivos do mandato duplo do Fed estavam em equilíbrio, e que os riscos para o emprego não eram maiores que os riscos de alta para a inflação.

Essa visão benigna não parece ser compartilhada pela maioria dos membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC). No Sumário de Projeções Econômicas de setembro, os participantes do FOMC alteraram drasticamente suas avaliações de risco em relação a junho. Como pode ser visto nos dois gráficos abaixo, os riscos de alta para a inflação caíram drasticamente, e os riscos de queda para o mercado de trabalho aumentaram significativamente. Tanto que os riscos de queda para o mercado de trabalho agora dominam.



Os membros do Fed estão focados na parte certa de seu mandato duplo: o mercado de trabalho. Como o mercado de trabalho evoluir determinará se haverá um pouso suave ou forçado.

Então, vocês acham que devo trocar de camisa? Observando atentamente o texto, não me parece que Dudley mudou radicalmente de opinião. Na verdade, ele fez uma explicação do que deveria ocorrer em cada cenário, sem se comprometer com nenhum deles. No final, deixa aberta a porta para um pouso forçado, caso o mercado de trabalho se deteriore. Ele optou por uma posição de espectador. Se o pouso for suave, pode mencionar essa publicação; caso contrário, dirá que errou no timing, mas que estava certo em sua visão. Vou continuar com a mesma camisa, pois para ele, não foi desta vez.

Se o leitor quer saber a opinião do Mosca sobre esse assunto: agnóstica. No momento, tudo parece levar ao pouso suave. Vamos ter uma boa ideia acompanhando a evolução das bolsas americanas.

O dado de desemprego publicado pela manhã foi um estrondo, foram contratados 254 mil empregados, muito acima do esperado em 150 mil. A taxa de desemprego recuo para 4,1% e os salários subiram 4% em bases anuais. Dudley vai ficar confortável com seu relatório. E os juros? O pessoal que estava apostando em 50 pontos de corte em novembro recalculou.

No postkeynes-esta-batendo-palmas, fiz os seguintes comentários sobre o Nasdaq 100: ... “No gráfico abaixo aponto outra opção para a correção, que poderia levar o Nasdaq 100 aos seguintes níveis: 18.237/18.084 (~10%) ou, se rompido mais abaixo, em 17.083/16.639 (-17%). Por outro lado, a bolsa adentrou na área denominada de resistência e, caso supere 20.691, um novo movimento de alta pode se suceder. Por enquanto, conseguiu o mais difícil. Let’s see!” ...




Durante a semana, o Nasdaq 100 entrou na “Área de resistência” sem romper acima de 20.763, mantendo as opções traçadas acima. Corrigi o primeiro valor de 18.237, que estava com os números invertidos.

 



Sobre a Nvidia, meus comentários foram: ... “A ‘queridinha’ ainda está dentro da opção do triângulo, que será eliminado se ultrapassar US$ 131,26. Não tenho mais nada a comentar, exceto que a opção de alta mais à frente continua válida” ...

 



A configuração da Nvidia, é um pouco diferente do Nasdaq 100. Enquanto a última, no caso de alta, precisa ganhar terreno, a “queridinha” está próxima do nível de US$ 131,26, onde a opção do triângulo será eliminada. Essa opção equivale a 6% de alta, o que parece muito para uma ação comum, mas pouco para ela. Caso não ocorra e volte a cair, sugiro que possa atingir US$ 110,42 / US$ 106,15, embora não tenha a mesma precisão – triângulos, especialmente a onda E, podem surpreender.

 



Existe muita discussão sobre a taxa de imposto cobrada das empresas nos EUA – aqui no Brasil, não tem muita discussão, o governo quer aumentar, vale somente num sentido. O gráfico a seguir mostra o que cada candidato à presidência propõe além de um histórico longo.

 



Esse gráfico me chamou atenção para o passado. Nos anos 50, o nível era pouco acima de 50%. Até entendo que, após uma guerra, os EUA precisavam colocar suas finanças em ordem. Com o passar do tempo, foi para a casa dos 20%, e foi nesse período que ocorreu o maior crescimento econômico. Conclusão: aumentar imposto diminui o crescimento, o que parece ter certa lógica. O governo americano resolveu correr o risco de baixar a taxa e ser compensado pela elevação do PIB. Não parece fazer mais sentido? Alguém pode mandar esse gráfico para o Haddad. Hahaha ....

 



O SP500 fechou a 5.751, com alta de 0,90%; o USDBRL a R$ 5,4546, com queda de 0,40%; o EURUSD a € 1,0977, com queda de 0,49%; e o ouro a U$ 2.651, com queda de 0,17%.

Fique ligado!

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