Não tem moleza! #nasdaq100 #Nvidia
A poucos dias das eleições americanas e considerando que
não existe evidência segura de quem vai ganhar, embora tudo indique que será
Trump, não sobra espaço para outros assuntos. O mercado está apostando nesse
sentido, fortalecendo o dólar e elevando os juros. Ontem, participei de um call
com o JPMorgan, e a grande questão abordada foi sobre os déficits fiscais, que
se tornaram comuns nos últimos anos. Antigamente, esses déficits ocorriam em
situações especiais, como guerras; hoje, fazem parte das promessas eleitorais.
Em algum momento, isso vai “dar ruim” – seja pelo aumento da inflação ou pela
chegada de uma recessão.
Ben Carlson trouxe em seu site A Wealth of Common Sense uma reflexão sobre como ele planeja posicionar seu portfólio para os próximos 20 anos. Vamos ver seus argumentos.
Sou um grande defensor de pensar e agir com uma
perspectiva de longo prazo, investir em "buy & hold" e manter um
viés otimista em relação ao futuro. Sou do tipo que enxerga o "copo meio
cheio".
Se tivesse que escolher entre ser "permabull"
(otimista eterno) ou "permabear" (pessimista eterno), eu escolheria
"permabull" todos os dias. Os "permabears" são a pedra no
meu sapato.
No entanto, não me descreveria como um "permabull"
simplesmente porque sei que coisas ruins podem e vão acontecer. É difícil
manter-se sempre otimista quando sabemos que as quedas são inevitáveis.
Esta semana, fiz algumas projeções rápidas para minha
aposentadoria. Tenho 43 anos. Não sei ao certo quando vou querer me aposentar,
mas assumi os 65 anos como meta, apenas por ser o padrão.
Então, tenho mais de 20 anos pela frente.
Nesse período, é provável que enfrentemos de duas a três
recessões, três a quatro mercados em baixa, pelo menos um grande crash, talvez
uma ou duas crises financeiras, crises geopolíticas, conflitos, agitações
políticas e alguns eventos completamente inesperados (como uma pandemia).
Ninguém sabe disso com certeza, mas essa é minha
suposição básica. Sei que coisas ruins acontecerão, e ainda assim, invisto para
o longo prazo e mantenho otimismo quanto ao futuro.
Em uma entrevista recente, me perguntaram sobre três dos
meus livros favoritos e subestimados sobre investimentos. Um deles foi Devil Take The Hindmost, de Edward
Chancellor.
É meu livro favorito de todos os tempos sobre história
financeira. Cada capítulo oferece um relato histórico de especulações que deram
errado – desde os mercados de ações originais no século XVII até a bolha dos
mares do Sul, a Mania Ferroviária, o crash de 1929 e a bolha econômica do Japão
nos anos 1980.
Cada evento histórico é único à sua maneira, mas a
natureza humana é a constante. Ficamos empolgados demais. Levamos as coisas
longe demais. Os tempos bons eventualmente se transformam em tempos ruins.
Claro, os tempos bons são mais divertidos, mas eu adoro
ler sobre os crashes. Sonhos desfeitos. Pessoas perdendo tudo. Preços caindo
mais do que qualquer um poderia imaginar.
Não sou insensível. Não obtenho prazer em ler sobre a dor
dos outros. O fato é que ler sobre a história financeira me tornou 100% um
investidor melhor, pois me lembra que é preciso humildade para permanecer no
jogo.
E são os tempos ruins – guerras, recessões, crises
financeiras, crashes de mercado, etc. – que nos oferecem as melhores lições.
Ninguém aprende nada em um mercado em alta. Os testes vêm nos momentos
verdadeiramente difíceis.
Embora nossa história como espécie seja repleta de
tragédias, sofrimentos, retrocessos e conflitos, as pessoas continuam a acordar
todas as manhãs buscando melhorar suas vidas. Apesar de todas as guerras,
desastres, crises financeiras e recessões, nossa história também é marcada por
progresso, inovação, determinação e melhoria nos padrões de vida.
Em um artigo de opinião para o New York Times publicado
em outubro de 2008, Warren Buffett escreveu o seguinte:
"A longo
prazo, as notícias do mercado de ações serão boas. No século XX, os Estados
Unidos enfrentaram duas guerras mundiais e outros conflitos militares
traumáticos e caros; a Grande Depressão; uma dúzia de recessões e pânicos
financeiros; choques de petróleo; uma epidemia de gripe; e a renúncia de um
presidente desonrado. Ainda assim, o Dow subiu de 66 para 11.497."
Bem, no século XXI, experimentamos três guerras
importantes, o 11 de setembro, três recessões, dois crashes de mercado
superiores a 50%, uma tentativa de golpe no Capitólio, uma pandemia que
literalmente paralisou o mundo e a maior inflação em quatro décadas. Ainda
assim, o Dow subiu de 11.497 para 43.275.
Coisas desagradáveis podem acontecer no curto prazo, mas
as coisas ainda podem terminar bem no longo prazo.
Tudo depende do seu horizonte de tempo.
Parafraseando Churchill, "buy & hold" é a
pior estratégia de investimento que existe... exceto todas as outras.
No entanto, ser um investidor "buy & hold"
de coração não significa que eu seja otimista em tempo integral.
Reconheço que correções, mercados em baixa, crashes e
contrações econômicas acontecem. Também entendo que os cerca de 10% de retorno
histórico do mercado de ações já consideram esses eventos. É preciso aceitar o
bom com o ruim.
O bom sempre superou o ruim. Vou manter essa filosofia
como base até que provem o contrário.
Na capa do artigo, foi colocada a evolução do S&P500
desde sua criação em 1957. Observando esse gráfico ex post, e mesmo
reconhecendo que existiram períodos ruins que demoraram algum tempo para
recuperação, sua evolução é impressionante. Parece não haver muito risco em
orientar uma alocação em ações, embora seja necessário suportar firmemente os
momentos de correção.
Mas, para nós brasileiros, vale esse raciocínio? Resolvi observar o nosso IBOVESPA desde a implantação do real. No gráfico em bases trimestrais, observa-se uma alta expressiva, mas nota-se que as correções são muito mais profundas, não apresentando a mesma linearidade da bolsa americana. Fiz também um cálculo: deflacionei a alta pela inflação medida pelo IPCA e cheguei a uma taxa de aproximadamente 11% a.a., o que não seria mau, não fosse a forma que escalou. Por essa razão, insisto que prefiro a bolsa americana.
Como Ben Carlson orientaria seus leitores aqui no Brasil? Ele teria uma alocação importante em ações? Não sei qual seria sua resposta, mas aproveito para comentar a alocação de portfólio sugerida pelo banco UBS. Veja a seguir suas opções para cada tipo de investidor. Vamos nos focar nos mais agressivos, considerando que contemplam um horizonte maior.
Destaquei os investimentos em renda variável com a cor verde e os de renda fixa em amarelo. Na Carteira teórica "E", somando essas categorias, chega-se ao clássico 60 x 40, onde o primeiro percentual é renda variável e o segundo, renda fixa – na verdade, é apenas a proporção que é clássica, pois o modelo americano inverte essa ordem, priorizando a renda fixa. Para a Categoria "F", a proporção se altera para 72,5 x 27,5. Notem que a Renda Variável local tem o dobro de participação em relação à Renda Variável Internacional.
Uma ilustração elaborada pelo JPMorgan sustenta meus
argumentos sobre as bolsas. A ideia é avaliar se vale a pena comprar a bolsa
chinesa em função dos estímulos recentes do governo. À esquerda, observa-se o
movimento dos dois principais indicadores da bolsa chinesa; à direita, o
múltiplo entre o crescimento econômico (PIB) e o retorno das ações. Para
entender melhor: uma alta de 1% no PIB gera um crescimento de 3% nos lucros da
Nasdaq, enquanto na China esse valor é de apenas 0,4%. Quando o critério é o retorno
das ações, a disparidade é ainda maior. Destaquei o Brasil para efeitos deste
raciocínio.
Não sei quais foram os critérios usados pelo UBS para tal alocação, mas me parece incoerente alocar mais em renda variável em um país onde prevalecem juros reais elevados. A sugestão do Mosca seria bem diferente.
Obs: na Carteira "E", a proporção de
Multimercado é, no meu entender, muito elevada.
Fazer alocação de portfólio é um desafio; cada país exige
um modelo específico. No caso brasileiro, a renda fixa deve ser priorizada,
dado o melhor risco x retorno comparado às outras classes. Isso é fixo no
tempo? Seguramente não; caso ocorra um milagre e as taxas reais de juros caiam,
será recomendável uma maior alocação em renda variável.
Não existe moleza, nem receita de bolo que “agrade” a
todos os investidores de mesmo perfil de risco em países diferentes. O que
posso dizer é que, segundo estudos acadêmicos, 90% do resultado de uma carteira
vem do Asset Allocation e apenas 10% da escolha do tipo de investimento dentro
da classe – por exemplo, escolher um fundo.
Conclusão: escolher a participação nas diversas classes é
uma arte mas é ela que vai fazer a diferença, não precisa perder tempo e nem se
lamentar por escolhas erradas de fundos.
No post investindo-com-prozac-no-bolso fiz os seguintes
comentários sobre a nasdaq100: "A nasdaq100 adentrou na “Área de
Resistência” citada, mas não se definiu se pretende continuar subindo ou seguir
o caminho de queda conforme os parâmetros acima, a única coisa que posso
acrescentar é que essa decisão vai ocorrer nos próximos dias.”
Pouco aconteceu nessa semana, e a Nasdaq100 continua contida dentro da Área de Resistência. Como comentei acima, não é esperado que ela fique nessa zona por muito tempo, pois, como o nome sugere, a Área de Resistência é para ser rompida ou rejeitada. Permanecemos aguardando maiores conclusões.
Em relação à Nvidia, os comentários anteriores foram os seguintes: “A ‘queridinha’ está batendo na porta da máxima histórica. Como podem notar, alterei a contagem da onda (4) vermelha para um triângulo, e, segundo essa hipótese, estaria pronta para voar. O objetivo seria entre U$ 246 / U$ 297, a ser mais bem calculado.”
A Nvidia rompeu a máxima, embora de forma sutil, e agora se encontra no ponto de ruptura. Esse tipo de movimento geralmente ocorre de duas maneiras: rompendo incisivamente ou de maneira mais contida. Em ambos os casos, é esperado que haja um retorno ao nível de rompimento para o que chamamos de “the last kiss.” Nada impede que haja uma retração, similar à comentada no “pai”, a Nasdaq100.
Situações como essa de indecisão de mercado demandam muita paciência dos investidores; essa indecisão sugere dois comportamentos distintos dos investidores conforme a visão de cada um. Vejamos as inclinações de dois perfis extremos:
“O Altista” – Ele tende a comprar, pois acredita que a
bolsa vai subir e quer aproveitar o preço atual, antes que suba ainda mais.
“O Baixista” – Aquele que está sem posição observa esse
momento como uma oportunidade de venda, também pelo argumento de preço, mas
esperando o resultado oposto: uma queda no valor das ações.
Mas o que o mercado está nos dizendo? Que não sabe o que
vai acontecer. Então, por que deveríamos nos posicionar se o mercado,
representado pela totalidade dos investidores, está indeciso? Seria pura
torcida, e nós não estamos aqui para torcer e sim para manter o compromisso com
o bolso!
O SP500 fechou a 5808, sem variação; o USDBRL a R$ 5,7072, com alta de 0,77%; o EURUSD a € 1,0793, com queda de 0,32%; e o ouro a U$ 2.747, com alta de 0,44%.
Fique ligado!
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