A vaca está no brejo


Um dos posts mais lidos do Mosca, escrito em dezembro de 2011 - está-na-hora-de-procurar-outra-vaca, enfatiza a mudança que eu imaginava ocorrer no setor financeiro. Passados aproximadamente seis anos, essas previsões estão se concretizando. Um artigo publicado pelo Wall Street Journal, do qual extrai alguns pontos, relata a grande mudança no segundo maior banco americano, o Bank of America. Essa ação resultou na eliminação de milhares de empregos. 

O Bank of America, o segundo maior credor do país, fechou cerca de 1.600 agências desde a crise financeira, buscando reavivar lucros e focar nas principais áreas metropolitanas. As reduções são aproximadamente equivalentes ao encerramento de todas as agências do Citigroup e do Capital One nos EUA.

A estratégia representaria uma mudança radical para qualquer grande banco, mas é uma mudança particularmente marcante para um banco construído ao longo de décadas na ideia de oferecer uma rede de costa a costa em áreas urbanas e rurais.

Mas as tensões da crise financeira levaram a uma abordagem diferente. Em 2009, o banco tinha filiais em 725 municípios dos EUA, aproximadamente um em cada quatro em todo o país. Em 2016, foram eliminados em 253 municípios menores, de acordo com uma análise do Wall Street Journal dos dados do regulador bancário.

"Você não pode estar em todos os lugares", disse Dean Athanasia, co-chefe da unidade de consumo do banco, em uma entrevista. No entanto, ele disse que a estratégia do banco, com 4.542 agências, cobre 80% da população dos EUA. "Eu não acho que estávamos posicionados otimamente antes".

AS agências também perderam grande parte da razão de existir porque as transações de rotina, como o depósito de cheques e a transferência de dinheiro, são feitas cada vez mais em computadores ou telefones. Os bancos não podem se livrar das agências, no entanto, porque muitos clientes ainda escolhem seu banco com base na existência de uma filial próxima.

As agências do “velho” Bank of America eram dominadas por uma longa fila de caixas. Nas filiais mais recentes, os caixas estão às vezes no subsolo. As novas filiais enfatizam a venda de outros produtos, com os clientes contratando empréstimos imobiliários ou abordando alguma uma questão de conta esperando em sofás modernos, dialogando com um funcionário que consulta um iPad.

Uma outra entrevista com Vikram Pandit, que dirigiu o Citigroup Inc. durante a crise financeira, disse que a evolução da tecnologia resultará no desaparecimento de 30% de empregos bancários nos próximos cinco anos.

As Inteligências artificiais e robóticas reduzem a necessidade de funcionários em algumas atividades como funções administrativas. "Tudo o que acontece com inteligência artificial, robótica e linguagem natural - tudo isso vai facilitar o processo", disse Pandit, que foi o diretor executivo do Citigroup de 2007 a 2012.

As maiores empresas de Wall Street estão usando tecnologias que incluem aprendizado de máquinas e computação em nuvem para automatizar suas operações, forçando muitos funcionários a se adaptar ou encontrar novas posições. O diretor de operações da Bank of America Corp, Tom Montag, disse em junho que a empresa continuará reduzindo os custos, ao encontrar maneiras de a tecnologia substituir as pessoas.

Um outro artigo publicado pela Bloomberg através da entrevista com o ex-CEO do Citibank, Vikram Pandit, traça um futuro nebuloso para os funcionários de bancos.

A previsão do Citibank para perdas de emprego consiste numa redução de 30% entre 2015 e 2025, principalmente devido à automação no banco de varejo. Isso ocasionaria que os empregos em tempo integral caíram 770 mil nos EUA e cerca de 1 milhão na Europa.


O setor bancário está se tornando "extremamente competitivo", disse Pandit, acrescentando que prevê o surgimento de "provedores especializados", bem como a consolidação no setor. "Eu vejo um mundo bancário passando de grandes instituições financeiras para um que é um pouco mais descentralizado", disse ele.

Existe ainda outra tecnologia que está sendo usada na negociação das moedas digitais que poderão ser estendidas em outras atividades executadas pelos bancos. Os blockchain, que são os protocolos que permitem liquidar moedas cibernéticas sem intermediários, podem servir para outros fins. Alguns analistas acreditam que essa tecnologia será usada em inúmeras outras atividades, como contratos, seguro e etc..... Caso isso se torne realidade a intermediação dos bancos tradicionais será seriamente afetada.

Do jeito que as coisas andam parece que minha visão não contempla o que as novas descobertas estão despontando. Acho que a vaca já está no brejo!

No post Joesley:-Freud-explica, fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ...” o dólar está buscando romper a barreira de R$ 3,10, negociando agora ao redor de R$ 3,09. Assim como as outras moedas que estão se valorizando contra o dólar, o mesmo acontece com o real. Um primeiro objetivo seria ao redor de R$ 3,07 e se rompido R$ 2,98. Isso não seria a queda toda esperada que se situa ao redor de R$ 2,85” .... Os leitores já devem estar de certa forma enjoados de acompanhar o dólar entrando na zona de rompimento para em seguida reagir no sentido contrário.


O dólar chegou a negociar na mínima a R$ 3,08, no início da semana passada, e acabou recuperando parte da queda. Comentei que existe uma chance de acontecer uma nova mini alta antes da queda que estou visionando. Tracei acima em linha cinza essa possibilidade. Como precaução retornei o nível de stoploss para R$ 3,25.

É desagradável e frustrante quando o mercado não se comporta como o esperado. O bom analista tem que eliminar essas sensações no menor tempo possível e reanalisar sua estratégia se perguntando: foi violado algum princípio que inviabiliza seu trade? O que aconteceu era inesperado? Se sim, pouco provável ou muito provável? Em função dessas respostas você deve se adaptar.


No caso específico, o dólar não violou nenhum princípio, e o que ocorreu era equiprovável, poderia ou não acontecer. Como o cenário alternativo ganhou um pouco mais de probabilidade, o stoploss deve ser reajustado para não nos expulsar do trade de forma prematura. Agora se mesmo assim formos stopados, principalmente se o dólar for acima de R$ 3,30, vou refazer minha análise.

O SP500 fechou a 2.503, com alta de 0,15%; o USDBRL a R$ 3,1360, com alta de 0,74%; o EURUSD a 1,1952, sem variação; e o ouro a U$ 1.306, com queda de 1,06%.
Fique ligado!

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