Mais do mesmo




Os leitores do Mosca sabem que não sou fã da categoria de fundos denominados de hedge funds. Diversas vezes expus as razões para que não se invista nesses fundos, onde o principal motivo são suas elevadas taxas cobradas dos clientes, principalmente a de performance pela sua sistemática de cobrança.

Esse conceito vale tanto internamente quanto no exterior. Vários estudos acadêmicos mostram que seus retornos deixam a desejar. Eu mesmo, elaborei junto com uma colega da FEA, um estudo sobre os fundos multimercados no Brasil, no período entre 2005 a 2015, acompanhando uma carteira de 7 fundos, que se modificava em função do resultado passado – a cada 3,6,9 e 12 meses. O resultado contradiz o conceito de longo prazo, pois para se obter um retorno positivo, acima do CDI, era necessário refazer a carteira a cada trimestre. Isso porque, no prazo mais longo, a manutenção da carteira original apresentou retorno inferior ao CDI.

A Bloomberg publicou uma matéria apontando a performance negativa recentemente dos Hedge Funds americanos, que passo a descrever a seguir.

Durante anos, o refrão dos gestores de hedge fund, bem como seus patrocinadores - bancos, tem sido que, tudo o que eles precisavam era um pouco mais de volatilidade. Todos deveriam ganhar em um mercado de alta. Então, quando os mercados caem ou ficam tumultuados, os fundos de pensão e outros clientes deveriam ser recompensados pela sabedoria dos gestores, justificando as suas taxas elevadas.

Esse argumento não funcionou tão bem, este ano. Em fevereiro, o mercado de ações encontrou seu primeiro grande desafio de volatilidade em anos. O índice de volatilidade conhecido como o VIX, subiu até o nível de 40 depois de ter permanecido em 10 na maior parte de 2017. Então os hedges funds “lavaram a égua”? Não tão rápido. A média desses fundos caiu 1,9 % em fevereiro, de acordo com o índice ponderado de ativos da HFR. Alguns fundos grandes foram ainda muito piores. Os fundos de David Einhorn e Bill Ackman, Greenlight Capital e Pershing Square Capital Management, caíram 6,2 % e 5,8 %, respectivamente.

Os hedges funds ultimamente parecem que mais acompanham os mercados ao invés de serem percursores

 
Os fundos de hedge deixaram de aderir ao seu nome, de ficarem protegidos, além de serem de alguma forma neutros e se valorizarem em qualquer situação de mercado, algo que costuma ser seu argumento ao se investir. Em vez disso, não cair tanto, quanto o mercado cai, é de alguma forma visto como uma vitória. Por esse último argumento, fevereiro não foi uma grande decepção para os hedges funds. O índice SP 500 caiu 3,7%, enquanto esses caíram apenas a metade. Mas esse diferencial de 1,8 %, não são suficientes para compensar a diferença de 15 % relativo ao desempenho de 2017 - o que foi amplamente divulgado como um bom ano para eles quando não era. Fevereiro não foi suficiente para compensar o seu baixo desempenho em janeiro. Para o ano, até fevereiro, os hedges funds subiram 0,6 % em comparação com 1,8% para o SP 500.

Mesmo tendo superado o SP500 em fevereiro, os hedges funds continuam perdendo consistente nos últimos anos.


Mas o que realmente deve preocupar os investidores dos fundos de hedge - além das enormes taxas que estão pagando - é que o hedge fund parece estar fornecendo aos investidores, um menor conforto contra as quedas do mercado. Em janeiro de 2016, quando o mercado terminou significativamente no vermelho, esses fundos caíram 1,8%, ou cerca de um terço da queda de 5% do SP 500. Quando as ações tiveram queda de 6% em agosto 2015, os fundos de hedge novamente caíram um pouco mais de um terço, em 2,3%.


Todas as principais categorias de hedge funds na média, realizaram perdas em fevereiro


Defensores de hedge fund podem argumentar que algumas semanas de volatilidade é um período muito curto para avaliar se eles provarão seu valor em uma verdadeira desaceleração, mas isso só provaria esse ponto. Há muito tempo, justificam suas taxas ao dizer que, eles fornecem retornos não associados aos movimentos do mercado, o chamado alfa. Em vez disso, tornaram-se seguidores, e não muito bons nisso.

Esse é mais episódio onde os investidores de fundo hedge se sentem decepcionados com o retorno real obtido. Na verdade, as promessas dos gestores acabam acontecendo por um período, esse sucesso inicial permite aumentar muito seu volume administrado, para em seguida, entregarem performances baixas, quando comparadas as taxas que cobram. Lógico que existem exceções, pois se todos perdessem sempre, não haveria a categoria. O que eu sugiro é que, se encontra um ótimo gestor e a partir do momento que investir, acompanhe atentamente seu retorno. Caso fique muito baixo por 3 ou no máximo 6 meses, deve se resgatar o valor investido.

No post indicadores-da-época-analógica, fiz os seguintes comentários sobre o Ibovespa: ...” No gráfico abaixo mostro o motivo para acreditar que, dentro do intervalo entre 89.500 e 92.000, o Ibovespa poderia atingir, para depois reverter” ... ...” mas é obrigatório que esse nível seja atingindo? NÃO! É o mais provável. Pode ser que neste caso, a máxima de 88.300 tenha sido o ponto de reversão, não é impossível, apenas menos provável” ...

 
Para quem quiser reler o post acima vai verificar que já naquele momento estava incomodado com a posição. Desde então, não aconteceu muito progresso, apenas uma leve recuperação. Resolvi sair fora de uma de nossas posições no Ibovespa a 86.030. Existem esses motivos explanados anteriormente, além do fato de estarmos vendido no SP500, pois, se essa posição se materializar positivamente, é provável que vai afetar a bolsa brasileira.


Vamos ver no que vai dar, lembrando que ainda somos “torcedores” para ao Ibovespa subir, pois ainda mantive metade da posição.

O SP500 fechou a 2.749, com queda de 0,57%; o USDBRL a R$ 3,2604, com alta de 0,12%; o EURUSD a 1,2367, com baixa de 0,18%; e o ouro a U$ 1.324, sem variação.

Fique ligado!

Comentários