FED: GO!



A atenção do dia hoje está sob Jerome Powell em sua primeira reunião no FED. Mesmo com os departamentos do governo fechados em Washington, em função da forte nevasca, o FED irá anunciar sua decisão.

Antes da reunião terminar alguns indicadores já apontavam para um cenário mais restritivo em termos de política monetária. Os juros de 10 anos, alguns minutos antes do anuncio apontavam para 2,91%, muito próximo das máximas atingidas recentemente, além de que, nos mercados futuros, havia uma chance de 20% para uma elevação de 0,50% dos juros, o que eu acho muitíssimo improvável.  


Um outro indicador que apresenta uma anormalidade intrigante, e a diferença entre a Libor e o OIS. Isso seria o equivalente aqui no Brasil a diferença entre a taxa Selic e a taxa do CDI, para um prazo específico, que no caso americano, é 90 dias. Ninguém sabe exatamente o motivo de tal diferencial, mas é indubitável que é uma medida da falta de liquidez. É isso mesmo, os bancos para se financiarem em dólares, estão cada vez mais pagando um “prêmio”.


Se for uma questão da retirada de liquidez programada pelo FED que está em andamento, aliado aos vencimentos dos bonds que tem um volume superior esse ano que o anterior, o cenário não parece muito animador. Vejam no gráfico a seguir, o vencimento de high yields ao redor do mundo.



A condição geral de liquidez nas principais economias do mundo, computadas pela ASR, mostram talvez uma figura mais realista do que vem acontecendo nos mercados de juros. Uma comparação em relação ao passado coloca esse indicador no nível de 2006, um pouco antes da grande recessão de 2008.


Um ativo que quase nunca apresento aos leitores é a taxa dos títulos de 2 anos do governo americano. No gráfico a seguir, se pode notar a escalada dos juros desse título.  Num período aproximado de 6 meses subiu 100 pontos e agora está em 2,34% a.a. É isso que venho frisando ultimamente, os juros não são mais 0%, pelo menos nos EUA. Falta o ECB acordar!


Como largamente esperado, o FED subiu a taxa de juros em 0,25%, situando-se agora em 1,75% a.a. Para 2018 não existe uma mudança quantitativa relevante, apenas uma maior convicção que vai subir mais 2 vezes. Em relação as perspectivas para 2019 e 2020 as medianas das taxas foram elevadas.

Os dots, como ficou conhecido a tabela apontando as taxas que cada membro associa, se pode notar essa elevação da mediana (destaquei em verde). Para o longo prazo nenhuma mudança, afinal levaram ao pé da letra as recomendações do economista Maynard Keynes “no longo prazo estaremos todos mortos”.


Por último notem a disparidade de dois membros do FED anotados em rosa para o ano de 2019. Um deles acredita que a taxa será 5% a.a., enquanto o outro 1,75%. Incrível!

O gráfico a seguir dá uma melhor visão da evolução da mediana. Notem quem mesmo não tendo muito valor as estimativas para o longo prazo, existe uma tendência de queda dos juros em algum momento. Esse é uma indicação que o FED corrobora com a ideia que estamos no final de um ciclo econômico.


A secção de perguntas e respostas se pode notar a enorme diferença entre o atual presidente do FED, Jerome Powell, e sua antecessora Janet Yellen, que eu a chamava de “professora”. A diferença foi para pior, bem pior. O novo mandante não tem uma boa sustentação teórica, pois sua experiência se deve mais a prática. Suas respostas foram vagas, sem acrescentar nada de importante, e o que é pior, apenas tocou em pontos qualitativos. Como exemplo ao ser questionado sobre as projeções para a taxa de juros expressas nos dots. Sua resposta foi quase “olha é tudo um chute, quando chegar lá nos veremos o que fazer”. Não falou mentira, mas como porta voz da autoridade monetária, uma resposta mais técnica seria desejável.

A reação do mercado foi clara neste aspecto, o dólar caiu contra todas as moedas e a bolsa que ameaçou uma pequena alta, acabou revertendo.  Os juros acabaram sem muita variação, pois boa parte já estava precificado, embora um tom em geral mais firme de aperto consta das projeções publicadas em conjunto sobre, crescimento do PIB, desemprego e inflação.

Ao observar minhas ultimas publicações técnicas não encontrei nada que merecesse algum destaque. Por outro lado, um mercado extremamente importante está dando um sinal que poderá afetar tanto os mercados internacionais como aqui no Brasil. O petróleo.

Para que o leitor possa ter uma visão de longo prazo, a seguir encontra-se as cotações dos últimos 10 anos. Um pouco antes da recessão de 2008, os preços atingiram U$ 150, um recorde histórico. Logo em seguida, sofreram um colapso levando a U$ 30, uma queda enorme de 80%. Em seguida, de 2009 ao final de 2013, assistiu-se a uma recuperação parcial de preços, onde o óleo atingiu U$ 105. Desde então caiu novamente nos dois anos seguintes onde desafiou as mínimas ao atingir U$ 25. Com a melhoria do cenário econômico, e tirando da frente o receio da deflação, iniciou um caminho de recuperação. Se encontra atualmente em U$ 65.


Mas o que se pode esperar para o curto prazo? Tecnicamente uma nova alta (10%) até o nível de U$ 72, que se ultrapassado levaria o óleo para U$ 85 (30%). Depois disso espero uma queda expressiva que poderia levar o petróleo a novas mínimas.


Antes que meu amigo comesse a perguntar porque não compra ou não vende, deixa eu deixar claro, se o óleo continuar subindo depois de atingir o nível de U$ 85, a região apontada em azul passa a ser crucial. Se penetrada e ultrapassada, poderemos estar entrando num novo ciclo de alta que levaria o petróleo muito mais acima. Por enquanto o que vale é meu cenário básico, uma alta até U$ 72, basta o nível de U$ 67 ser ultrapassado.

Agora não quero nem especular o que deve acontecer no mundo, tanto para um cenário, quanto para o outro. Vamos passo a passo.

O SP500 fechou a 2.711, com queda de 0,18%; o USDBRL a R$ 3,267, com queda de 1,34%; o EURUSD a 1,2343, com alta de 0,83%; e o ouro a U$ 1.332, com alta de 1,63%.

Fique ligado!

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