A opinião de quem importa
Durante minha vida profissional tive contato com inúmeros
analistas, economistas e gestores de fundos. Aprendi que, a opinião a se ouvir
é de quem bota na reta, com parcimônia, vou explicar em seguida por que. Quem
não bota na reta, a sua opinião se perde no tempo, pois se acerta faz uma
fanfarra, se erra, ou muda de opinião, ou fica quieto. Quem bota na reta tem
sua cota publicada diariamente, não tem como fugir.
A parcimônia se deve ao fato de intuir qual é a sua posição.
Quando você é seu concorrente, precisa tomar cuidado para ele não te “operar”,
falar que está fazendo uma coisa e na verdade está fazendo exatamente ao
contrário. Isso normalmente acontece quando ainda quer aumentar sua posição.
Quando já está lotado, aí sim, vai dizer a verdade, precisa de parceiros para
que eventualmente possa sair da posição.
Hoje vou transcrever a opinião de Ray Dalio. Eu já comentei
sobre ele algumas vezes, mas só para relembrar, é o fundador da Bridge Water,
um hedge fund que administra U$ 160 bilhões, sendo que o investimento mínimo é
U$ 50 “paus”, onde “paus” = milhões! Não é para qualquer um.
“A política está desempenhando um papel mais importante em
influenciar os mercados do que é típico, e eu (e outros) ainda estou tentando
descobrir onde Donald Trump está nos levando, especialmente no que diz respeito
ao comércio e outras guerras. Além de me levar a pensar muito e me aprofundar
no que está acontecendo agora, está me levando a aprofundar as guerras
comerciais e militares do passado para ver seus efeitos nas economias e nos
mercados.
Vou revelar minhas descobertas quando concluir o exame.
Enquanto isso, compartilharei algumas de minhas reflexões pelo pouco que valem.
Desde que Donald Trump parece mais disposto a entrar em uma
guerra comercial do que qualquer presidente desde Herbert Hoover, e
considerando que o início de uma guerra comercial é como atirar pedras nas
engrenagens da economia mundial, seus movimentos recentes são naturalmente
assustadores para os mercados.
No entanto, até agora, o que ele realmente fez é modesto e
parece ter motivação política significativa, então, o que estamos vendo pode
ser uma tática de negociação e uma ação política que não precisa significar uma
guerra comercial.
Também, como esperado, a resposta chinesa ao seu movimento
foi modesta, então até agora vimos muitas ameaças sem muito dano, o que é
compreensível antes das eleições intercalares. Se esta for a negociação que eu
espero, o próximo passo será em direção a alguns acordos comerciais que se
pareçam com vitórias para Trump, então as tensões diminuirão e os mercados vão
gostar.
Esse é o cenário mais provável. Eu consideraria que o
cenário seria quebrado se houvesse qualquer novo agravamento nas relações
comerciais com a China daqui.
Nós vamos descobrir em breve.
Ao mesmo tempo, não posso deixar de me perguntar se a guerra
comercial é parte de um conflito iminente maior.
A analogia com o final da década de 1930 continua a ecoar na
minha cabeça - isto é, a confluência de brechas de riqueza e estresse econômico
que leva ao populismo tanto da esquerda (comunismo) quanto da direita
(fascismo), acompanhado pelas mudanças na ordem mundial, de um poder dominante
saindo da Grande Guerra para um poder crescente rivalizando com aquele poder
dominante (se você não sabe sobre essa dinâmica, leia sobre Armadilha de
Tucídides), todos levando a conflitos militares.
Durante esses tempos, a democracia caótica e o comércio
laissez-faire tendem a dar lugar a um autoritarismo mais direcionado e ao
“capitalismo de estado” (isto é, governo redirecionando as atividades de
negócios para o serviço dos interesses do país e longe do serviço dos interesses
dos acionistas).
É notável que Donald Trump, ao mesmo tempo em que suas
tarifas foram anunciadas, tenha mudado os principais líderes de moderados para
radicais, que estão mais inclinados a acreditar que conflitos mais amplos são
prováveis / justificados. Pode-se conjecturar que algumas das recentes
intervenções de Donald Trump na economia - por exemplo, sua ordem executiva que
impediu a Broadcom de comprar a Qualcomm, o protecionismo para assegurar a
capacidade de produção doméstica e a limitação das compras chinesas de
tecnologia e outras empresas importantes - são o vento apontando nessa direção.
Certamente estamos em um período em que a ordem mundial está
passando de dominada pelos EUA para multipolar (vale a pena considerar a
Armadilha de Tucídides), as brechas de riqueza são grandes e crescentes e o
populismo, o nacionalismo e o militarismo também parecem estar aumentando, e
esses fatores provavelmente desempenharão papéis maiores em afetar as economias
e os mercados (por exemplo, o populismo no México, conforme manifesto nas
próximas eleições de julho, pode ter um efeito maior sobre a economia e os
mercados do México do que qualquer outra coisa).
Nessas ocasiões, acredito que é especialmente importante
manter a carteira de uma pessoa flexível e diversificada (não ter riscos
concentrados).
Palavras do Guru de Wall Street, vale a pena uma reflexão em
suas ideias.
Vou comentar um pouco sobre o bitcoin. Ao pesquisar os posts
escritos sobre esse assunto, notei que existem vários, quando ainda era a
coqueluche dos mercados. Até que de repente, saiu da mídia! No post a-bolha-estourou, fiz os seguintes comentários:
...” David, a bolha
estourou?
Tecnicamente não se
pode afirmar ainda. O gráfico abaixo aponta 2 níveis importantes nesse sentido:
primeiro ao redor de U$ 8.000, depois U$ 5.800, somente abaixo do último, uma
afirmação nesse sentido poderia ser feita. Pode ser que, o que está ocorrendo
agora seja uma grande correção. Mesmo assim, não recomendo comprar” ...
Esse post foi escrito a pouco menos de 60 dias e de lá para
cá, os preços reagiram, porém hoje estão de volta testando o nível de U$ 8.000.
Um analista sugere que se rompido esse nível, o bitcoin poderia atingir U$
3.500.
Para quem acompanhou o programa Fantástico nesse final de
semana, assistiu a uma reportagem sobre o bitcoin. Para quem não conhece o
assunto, não entendeu nada, inclusive quem preparou a matéria, horrível! Mas
nele pude notar algumas entrevistas de jovens que estão envolvidos com a
negociação das crypto moedas, notei uma extrema arrogância. Devem ter ganho
algum dinheiro com a alta e se acham os “ gênios”. Conheço muitas histórias que
começaram desse jeito e terminaram mal.
Fico ainda com as mesmas observações acima, abaixo de U$
5.800, pode ser que a bolha esteja a caminho de levar o bitcoin a U$ 1.000/U$
2.000, esse é o padrão de bolhas, perde de 80% a 90% de seu valor máximo.
No post conselhos-do-FMI, fiz os seguintes comentários
sobre o ouro: ...” no gráfico abaixo
aponto um triângulo descendente cuja maior chance é um rompimento para baixo.
Até vou estudar um eventual trade, caso o nível de U$ 1.300 seja rompido.
Não sei ainda, pois seria uma operação de curto prazo, pois logo em seguida,
estaria interessado em comprar”...
Mas o ouro resolveu agir diferente do esperado, e ao invés
de romper para baixo o triângulo, rompeu para cima, e nem avisou a gente!
Hahahaha .... Então estamos agora conforme o gráfico abaixo.
- Epa, David você
desfigurou completamente o triangulo, está querendo nos enganar?
Hahaha ..., é assim mesmo, em correções se alteram as retas
de acordo com a evolução do mercado. Agora ficou um pouco mais próximo da linha
superior vermelha, que se ultrapassada vou sugerir compra. Com as oscilações
recentes, o ouro está buscando um rumo, se Trump começa a guerra comercial deve
subir, senão pode testar novamente a linha inferior.
Veja que grifei acima, que só me envolveria numa venda se o
ouro caísse abaixo de U$ 1.300, o que não aconteceu. Disciplina!
Não quero nem dizer o que estou pensando em fazer amanhã,
pois posso confundir a cabeça de vocês em um trade de curto prazo. Os sinais
quando o ouro bate na linha inferior do triangulo são positivos (alta) e quando
bate na linha superior negativos (baixa), nada diferente do humor do mercado
nesses últimos dias. O que posso dizer é que, parece que o ouro está se
preparando para dar um salto para cima, só não sei de que nível. Deixe ele nos
dizer, ao invés de tentarmos adivinhar. Paciência é fundamental nesse negócio!
O SP500 fechou a 2.612, com baixa de 1,73%; o USDBRL a R$
3,326, com alta de 0,59%; o EURUSD a € 1,2401, com queda de 0,40%; e o ouro
a U$ 1.344, com queda de 0,67%.
Fique ligado!
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