Não foi só um susto!


Passados 30 dias da chacoalhada dos mercados financeiros, a calma volta a prevalecer. O SP500 está muito próximo da máxima atingida de 2.872, no final de janeiro. Então se pode assumir que está tudo resolvido, não passou de um susto?

Os investidores em geral permanecem otimistas na bolsa e em outros investimentos, auxiliados por um relatório positivo de empregos nos Estados Unidos na sexta-feira. Mas repetidos episódios de volatilidade do mercado em 2018 e os sinais de uma elevação da inflação, os forçaram pela primeira vez em vários anos a reavaliar sua tolerância ao risco. Para muitos, isso significa aumentar as posições de caixa, cortar a parcela em ações, ou diversificar as carteiras.


Embora com um crescimento econômico modesto, mas melhorando, e elevações muito graduais das taxas de juros, possam de fato, continuar a caracterizar os mercados financeiros em 2018. Sinais de maior inflação, o aumento das taxas de juros dos EUA e as ameaças de uma guerra comercial global abalaram a confiança dos investidores.

"Algo fundamental foi se aproximando dos mercados e da psicologia do mercado", disse Larry Hatheway, economista-chefe da GAM, gestora de recursos. "Até agora, a expansão era vista como uma que poderia continuar e continuar sem sinais de inflação de preços, e isso está sendo questionado agora".


Embora o relatório de empregos dos EUA mostrou um ritmo decrescente da elevação dos salários, neste ambiente, as "boas" notícias econômicas podem ser consideradas como "más notícias" para as ações, se a economia mostrar sinais de superaquecimento. Isso pode levar a maiores taxas de juros, pressionando ações e títulos.

A pesquisa mais recente do Bank of America Merrill Lynch mostrou uma alta mensal recorde, na porcentagem de gestores de fundos que adotaram proteção contra uma queda acentuada nos mercados de ações, nos próximos três meses.



As correções anteriores de crise financeira foram em grande parte desencadeadas por sinais de enfraquecimento do crescimento econômico ou medos de deflação. Mas a fevereiro foi diferente, porque aconteceu com o aumento dos salários, provocando medos de que a inflação pode acelerar.

Por quase uma década, o banco privado suíço Julius Baer, que gerencia US $ 410 bilhões, seguiu largamente o clássico portfólio de ações de 60-40, com foco em ações voltadas ao crescimento. "Agora, estamos num ponto de inflexão. Comprar e segurar não funcionará mais ", disse Yves Bonzon, o principal gestor de investimentos do grupo. Esse banco está reduzindo suas alocações em ações e elevando mais a parcela em caixa.

Um mercado de trabalho forte, o aumento dos preços das commodities e o estímulo fiscal de Washington deverão impulsionar a inflação, levando o Federal Reserve a apertar a política monetária num ritmo mais rápido e menos previsível do que antes. Isso recentemente empurrou o rendimento do Tesouro de 10 anos próximo a 3%, pela primeira vez em quatro anos.

Ao mesmo tempo, grandes surpresas positivas no crescimento global começaram a desaparecer, diz Richard Turnill, estrategista-chefe global de investimentos da BlackRock, o maior gerente de recursos do mundo.


Nem todas as tendências têm sido desencorajadoras. Os ganhos corporativos, particularmente nos EUA, foram sólidos, e um elevado nível de crescimento global poderia continuar a fazer as ações subirem por algum tempo.

Porém, as pesquisas globais sobre manufatura caíram por dois meses consecutivos depois de atingir um máximo de sete anos em dezembro, e o índice Citi Economic Surprise para a zona do euro, que mede os dados econômicos contra as previsões, caiu abaixo de zero pela primeira vez desde 2016.

Essas movimentações já podem ser notadas nas estatísticas de fluxo nos mercados específicos. O gráfico a seguir mostra a retirada de recursos do mercado americano de ações.


O mesmo se pode observar no mercado de bonds, aonde os títulos de maior risco sofreram resgates enquanto os mais seguros, como títulos do governo, entradas.


Do ponto de visto técnico, colocamos um trade de venda do SP500 no post os-ovos-estão-na-mesma-cesta:  ...” pequena alta até o nível de 2.800 onde sugiro uma operação de venda do índice. O Stoploss vou fixar em 2.875. Assim, estamos arriscando 2,7% para buscar no mínimo 10% ~ 2.550” ... O sucesso de nosso trade se executado, será na percepção apontada acima, e com a entrada de novos gestores que tomarão posições semelhantes. Por outro lado, se a bolsa continuar a subir, e ultrapassar a máxima de janeiro, é provável que esse mesmo grupo alavanque a alta, entrando para voltar a se posicionar. Essa é a razão do nosso stoploss.

No post limite-de-baixa, fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ...” como continuo com minha ideia que em algum momento o dólar vai cair abaixo do nível de R$ 3,10, tenho uma inclinação para sugerir uma venda de dólares. Mas como tivemos um insucesso da última vez, a tendência seria estabelecer um nível mais elevado ao redor de R$ 3,30, pois o stoploss ficaria a nível de R$ 3,35” ... ...” Se os leitores queriam saber sobre triângulos o exemplo do dólar é excelente. Essas configurações podem demorar muito tempo, mais do que os trades estão dispostos a esperar” ...

Todas as recomendações foram feitas há duas semanas e ainda nada de definição do dólar. Continua “confortavelmente” dentro do triângulo que perdura desde o início de 2016.


Nestes dois anos muita cosia mudou, naquele momento havia grandes dúvidas sobre como seria resolvido a situação política, e com a lava jato a plena carga, a cada dia havia um novo empresário ou político indo em cana, com exceção do maior bandido, o Lula, quem sabe estamos próximos. Já na área econômica, a inflação era elevada. Porém, uma nova equipe econômica assumia no BC. O diferencial de juros locais (14,25% a.a.) versus os americanos (0,50% a.a.), era um forte fator para que houvessem apostas na venda de dólar.

Hoje a situação é bem diferente, do ponto de vista político estamos num momento muito mais tranquilo, a atividade econômica se recuperando, e nível de inflação em padrões internacional. Como contrapartida o incentivo para apostar na venda de dólar se reduziu significativamente. Com a taxas de juros locais em menos da metade, à 6,5% a.a. (já considero que o BC irá reduzir na próxima reunião), enquanto que a taxa americana caminha para 2,5% a.a. no final de 2018, de acordo com o que esperam os analistas.

De agora em diante, a movimentação das cotações do dólar contra o real, devem seguir padrões mais de fluxo que carry trade. Se houver entrada significativa de dólares para investimentos ou até na compra de ações, o dólar poderá retroceder. Esse fator no passado era de menor importância, pois o que mais prevalecia eram os investimentos em renda fixa. Acabou a moleza dos juros altos também para os estrangeiros.

O SP500 fechou a 2.873, com queda de 0,13; o USDBRL a R$ 3,2509, com alta de 0,13%; o EURUSD a 1,2335, com alta de 0,25%; e o ouro a U$ 1.323, sem variação.

Fique ligado!

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