De que lado estão os investidores



Na minha vida profissional não me recordo de momentos tão indecisos como o atual. Não confundir com momentos ruins, esses passei inúmeros. Com tanta indefinição, como os investidores estão se posicionado, a favor – mais risco, ou contra – mais conservador? Um artigo publicado pelo Wall Street Journal busca através dos mercados esta resposta.

Títulos, ações e moedas estão se movendo em conjunto com mais frequência, à medida que as surpresas do banco central e a incerteza do comércio, afirmam seu controle sobre os mercados.

Conhecido pelos investidores como “risk-on, risk-off”, o fenômeno acontece quando os mercados se dividem em dois grandes segmentos que se movem juntos: risk-off ou ativos seguros, que se recuperam quando os investidores ficam nervosos; e os ativos de risco ou crescimento, que se recuperam quando o apetite de risco retorna.

Uma cesta de ativos que reflete o sentimento de risk-on ou risk-off, se moveram iguais, em um quarto dos últimos 100 dias até 21 de junho, o nível mais alto desde meados de 2016, de acordo com uma análise do Wall Street Journal.

Dois ativos importantes, o SP 500 e o valor do euro em relação ao dólar americano, tendem a subir quando os investidores estão otimistas. Dois outros, o rendimento dos Treasures de 10 anos e o valor do dólar em relação ao iene, tendem a cair quando os investidores ficam nervosos.


O número de dias de risk–on, risk-off aumentou rapidamente desde o início do ano, com os investidores concentrando-se na mudança de estratégia do Federal Reserve e do Banco Central Europeu, as tensões comerciais em Washington, e sinais de que a China irá estimular sua economia.

"Muitas dessas coisas parecem muito binárias", disse Andrew Harman, gestor da First State Investments.

Um exemplo: os dias 6 e 7 de maio foram ambos dias de risco, com as ações caindo junto com os rendimentos dos títulos depois que o presidente Trump tuitou no dia anterior que os EUA imporiam novas tarifas à China.

Um mês depois, em 4 de junho, o SP 500 subiu 2% e os rendimentos dos títulos subiram quando comentários do presidente do Fed, Jerome Powell, mostraram que o Fed havia encerrado um debate sobre se o próximo movimento seria elevar ou abaixar as taxas, e estava focando se e quando cortá-los.

Em contraste com um mercado em que os investidores compram e vendem títulos e ações com base em suas características individuais, como a lucratividade corporativa subjacente, o padrão de movimentação dos ativos se fortaleceu após a introdução da flexibilização quantitativa, os gigantescos programas de compra de títulos do banco central. Os investidores viram o futuro como preto ou branco: ou políticas excepcionais tirariam a economia global de uma recessão, ou elas fracassariam e haveria outro capítulo na crise.

Quando surgem padrões de risk-on e risk-off, estrategistas continuam focado em picos de ações, usando períodos de risk-off como oportunidade de compra, procurando investimentos em que os retornos possam não estar correlacionados com grandes movimentos do mercado.

Até agora, a escolha de ações não foi eliminada pelos grandes movimentos, como aconteceu no início da década, quando as ações tendiam a subir e cair em bloco. A correlação de um ano, entre as ações do SP 500, uma medida da quantidade de ações individuais que se desviam do índice, está em torno de 0,41 em comparação com 0,75 em 2013. Zero significa não correlação e um significa correlação perfeita.

"Às vezes nosso negócio pode ficar bastante complexo e pode haver algumas relações muito interessantes para investigar e explorar", diz Gregory Perdon, diretor de investimentos do Arbuthnot Latham, referindo-se ao processo de escolher uma ação ou um outro título. Ultimamente, ele diz, "nosso negócio é o básico".

James Athey, da Aberdeen Standard Investments, vê os investidores correrem a certos ativos à medida que os formuladores de políticas públicas reagem ao humor do mercado.

Ele aponta para o ouro, por exemplo, que tende a se beneficiar em momentos de incerteza. O ouro foi também um grande beneficiário do sentimento de risk-on, risk-off no início desta década. O metal se recuperou nas últimas semanas para mais de US $ 1.400.

Por quê considerei esse artigo interessante se não revela nada em termos de investimento? O motivo é que espelha a indefinição dos investidores e também dos gestores de fundo. Notem que suas justificativas de ação são superficiais, incluem argumentos de comportamento e pouca convicção.
Ontem observei o cuidado a se tomar usando correlações passadas. Tenho notado na minha pesquisa diária, inúmeras dessas situações: onde dois ativos; dados econômicos ou indicadores, apresentam enorme distorção em relação ao passado. É natural de quem coleta essas informações buscar induzir o leitor a sua observação, pois caso contrário não publicaria.

Tenho usado uma postura de nem negar, nem aceitar, esses casos.

- David, então seus leitores estão no escuro?
Não exatamente, mas não posso negar que existe uma forte neblina.

Como se comportar então? Vou fazer um resumo das conclusões que o Mosca pode tirar do que se observa:

A Revolução digital que o mundo está vivendo nos últimos 10 anos são enormes. Algumas características se mostram iguais em sua grande maioria, a qual sejam:

·         A melhor utilização de bens e serviços que estão ociosos;
·         As novas empresas estão se organizando de maneira informal – startups, cujo principal ativo é seu conhecimento, demandando pouco capital, e normalmente ameaçando empresas muito maiores.
·         Esses produtos e serviços são oferecidos a preços muito inferiores que a concorrência tradicional.
·         A nova geração apresenta uma característica de desapego aos bens de maneira geral (carros, imóveis), preferindo o seu uso de forma temporária, pagando um “aluguel”.
·         O smartphone permite fazer a ponte direto dos provedores aos consumidores, de forma ágil, e a um custo de distribuição irrisório.

Devem existir outros atributos que me fogem no momento, porém acredito que estes mencionadas acima são de maior importância. Todas eles têm um fator comum: São deflacionarias. Aqui tem que se tomar um cuidado com essa palavra, pois a mesma atemoriza os bancos centrais. Não é a deflação ocasionada por uma queda abrupta na demanda ocasionada por uma depressão. No caso as economias continuam crescendo e os preços caindo, cenário conhecido como Goldilocks.

Para exemplificar uma inconsistência que ocorre hoje em dia, é que não é incoerente nesse cenário descrito acima, a bolsa subindo e os juros caindo, sem que esse último indique que uma recessão se aproxima. Agora, também em função das minhas observações, nem todas as ações deveriam subir, ao contrário, algumas empresas tradicionais poderão ter sérios problemas. Veja o que está acontecendo com a Amazon, que está destruindo as empresas de varejo. Os efeitos estão sendo sentido agora, de uma empresa que foi fundada em 1994.

Tempos difíceis com elevados riscos e oportunidades! O importante é ficar atento e sem pré-condições.

No post o-risco-implícito-dos-hedge-funds fiz os seguintes comentários sobre o ouro: ... “O movimento de alta observado pelo ouro denota características direcional, sendo assim, vou propor um trade de compra a U$ 1.315, desde que, não ultrapasse antes U$ 1.330. O stoploss ficará bem restrito a U$ 1.305” ...


Infelizmente, o Mosca estava com a visão correta, mas não consegui executar a compra nos preços sugeridos. O maior risco que se poderia cometer agora, seria entrar a qualquer nível. Mas algumas conclusões podem ser tiradas, a mais importante é que o ouro não corre risco de queda por um tempo. Por outro lado, não posso ainda afirmar que, o objetivo de ultrapassar o máximo histórico de U$ 1.920, está em curso.

Existem duas possibilidades de contagem das ondas que implicam em objetivos distintos. Uma delas, a que estou publicado abaixo, vislumbram uma retração nas próximas semanas. Uma outra, ainda projeta novas altas sem que ocorra uma correção mais profunda.

Uma outra métrica de mais longo prazo indicaria dois pontos de muita importância para o futuro do ouro. O primeiro, que se encontra próximo, em U$ 1.485, o segundo U$ 1.590.



No gráfico acima busquei anotar o que poderia acontecer com o ouro nos próximos meses. Se eu tivesse certeza que o metal está pronto para voar, compraria um monte de ouro e iria viajar. Mas é necessário que alguns níveis sejam suplantados, o primeiro seria acima de U$ 1,590, o que colocaria uma chance maior de que a alta é mais provável que continue. Acima de U$ 1.730, depositaria uma probabilidade de 70% de isso acontecer, e acima de U$ 1.920, ficaria confirmado.

Como vamos saber qual deles irá prevalecer? Analisando o shape do movimento. Qualquer indicativo agora, orientando para um lado ou para outro, seria um chute, e como não estamos aqui para arriscar dinheiro dessa forma, vamos aguardar o mercado nos dizer o que pretende.

O que se pode afirmar no curto prazo, é que o mercado é de alta e iremos procurar um ponto de entrada. Acompanhe o Mosca para novos trades.

O Deutsche Bank mostra a possibilidade do ouro ter ganho o interesse recentemente, em virtude do volume de títulos que apresentam juros negativos. Sob esse ângulo, o investidor estaria achando que é melhor o metal que rende 0% ao invés dos títulos. Só gostaria de deixar registrado que, o bond AAA não tem oscilação de preço, enquanto o outo têm, o que torna esse raciocínio de certa forma tendencioso. 




O SP500 fechou a 2.917, com queda de 0,95%; o USDBRL a R$ 3,8488, com alta de 0,63%; o EURUSD a 1,1369, com queda de 0,25%; e o ouro a U$ 1.423, com alta de 0,33%.

Fique ligado!

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