Inflação Congelada
O título do post de hoje poderia levar os leitores mais
velhos a imaginar que, algum país resolveu congelar os preços. Recentemente
tivemos o caso da Argentina que vive uma crise importante, seu presidente
atual, com intenções de se reeleger, colocou em prática um congelamento de
preços, sabendo que é temporário.
Mas na verdade não houve imposição de ninguém, o mercado
resolveu se “congelar”. Como assim?
Foi publicado o índice de inflação nos EUA – CPI que ficou
em 1,8% a.a., já o índice que exclui gasolina e alimentos denominado core apontou para 2% a.a.
A inflação abaixo da previsão indicou sinais de crescimento
econômico mais lento, segundo os analistas, o que deve aumentar as expectativas
dos investidores para cortes na taxa do Fed este ano. Pesando ainda mais, são
sinais de expansões sem brilho nos EUA e no exterior, juntamente com as tarifas
do presidente Donald Trump em produtos chineses.
As chances implícitas de um corte em julho aumentaram após o
relatório, com os futuros de fundos do Fed indicando quase 0,25% de alívio nos
próximos dois meses.
Os preços mais baixos da gasolina desempenharam um papel na
manutenção de uma inflação mais baixa. Os preços do vestuário ficaram
inalterados após dois declínios acentuados.
Ao mesmo tempo, a inflação está mostrando sinais de firmeza
por outra medida que o Fed prefere. O índice principal de preços - vinculado
aos gastos e excluindo alimentos e energia - se firmou em abril pela primeira
vez este ano, embora permanecesse abaixo da meta de 2% do Fed.
Powell, em um discurso na semana passada, abriu as portas
para cortes na taxa de juros, depois de realizar em maio que, a inflação abaixo
da meta era devido a fatores transitórios. Investidores do mercado de títulos
esperam que o banco central reduza as taxas, enquanto tenta estimular a
economia, a desacelerar o crescimento global, diminuir os gastos das empresas e
reduzir as perspectivas de consumo.
Eu tenho dificuldades de entender como os analistas dão
tamanho destaque para qualquer movimento mínimo na inflação, de um lado para o
outro. Será que 0,1% a.a. – gente, ao ano! - seria suficiente para levar o Fed
a agir, sendo que a inflação core está
“congelada” ao redor de 2% por tanto tempo? Analisem o gráfico acima e notem as
barras pretas.
Já o mercado de trabalho que faz parte do mandato da
autoridade monetária, embora tenha registrado um resultado baixo na criação de
novos empregos de 75 mil, observado de maneira mais ampla, ao invés de um mês
isolado, não leva a conclusões de fraqueza.
A curva de Beveridge, é uma representação gráfica da relação
entre o desemprego e a taxa de vacância de emprego - o número de vagas não
preenchidas expressas como proporção da força de trabalho. O gráfico a seguir
da curva de Beveridge, é uma ferramenta para avaliar se o mercado está
apertado. Para sua interpretação, quanto mais à esquerda estiver, mais difícil
é contratar empregados, e vice-versa.
Para se ter uma ideia na dificuldade de encontrar
trabalhadores, o número de vagas criadas é superior ao número de pessoas
desempregadas, situação essa inusitada nas últimas décadas conforme o gráfico a
seguir. Inclusive, alguns analistas sugeriram que a razão do resultado de
desemprego ter sido baixo no mês de maio foi ocasionada pela dificuldade de
encontrar candidatos.
E para finalizar, o gráfico denominado de spider dá uma ideia mais abrangente,
pois considera vários fatores relativos ao mercado de trabalho. No gráfico a
seguir, com dados relativos a dezembro 2007, dezembro 2009 e maio de 2019, onde
a linha laranja se refere a esse último, fica evidente que as condições atuais
são mais apertadas que antes de eclodir a crise de 2008.
É sabido que os dados de emprego numa economia são atrasados.
Uma desaceleração pode começar sem que nenhuma indicação possa ser observada imediatamente
nos dados de emprego. Dizem que, a demora para se observar a queda, é de 6 a 9
meses.
Acredito que o Fed não terá outra saída, irá reduzir os
juros brevemente. Provavelmente inicia nos comentários da próxima reunião.
Agora, uma redução de 1,25% no prazo de um ano, projetada nos mercados futuros,
é um pouco exagerada pelos dados existentes hoje. O risco no meu ponto de vista
é afrouxar demais uma economia que cresce pouco mais cresce, e estimular em
demasia gerando inflação maior que a desejada.
No post o-fed-afinou, fiz os seguintes comentários
sobre o SP500: ...
“Não se pode declarar que o movimento de queda iniciado em abril terminou,
porém, a intensidade da alta apresentada ontem e continuando hoje, podem ser os
primeiros sinais de uma alta mais consistente. Para tanto, o nível de 2.880
passa a ser importante” ...
Antes de prosseguir, gostaria de lembrar as 3 hipóteses de
mais longo prazo que eu estou trabalhando. No post sempre-tem-um-culpado, eu publiquei o gráfico abaixo, que já foi comentado em diversos posts:
Continuidade; Triângulo e Mais preocupante.
Muito bem, voltando ao curto prazo, e especificamente a
sugestão de compra indicada no post acima, e cancelada ontem, se deve a dúvida
que acabou pesando, conforme colocação a seguir.
No gráfico abaixo, aponto uma possível configuração onde
levaria o SP500 de volta a no mínimo 2.700, estendendo a correção, que eu
suponha tivesse terminado.
Mas é uma situação tênue, pois poderá continuar subindo
dentro da hipótese traçada anteriormente.
- David, agora você
embaralhou o meio de campo. Seja mais direto, é para comprar ou para vender?
Você se precipitou, vou fornecer os parâmetros de forma mais
especifica.
- Continuidade (a): Se minha interrupção do trade foi
prematura, vou ficar sabendo caso o índice feche acima de 2.915 e
principalmente 2.955. Acima do primeiro, já pode valer uma compra com stoploss
a 2.870.
- Continuidade (b): Caso o índice siga o que está espelhado
no gráfico acima, o SP500 retornaria ao nível de 2.700/2.680 para depois voltar
a subir.
- Triângulo: Esse caso seria uma continuidade do movimento
apontado na alternativa (b) acima, só que ao invés de estancar a queda no nível
exposto acima, o SP500 iria para 2.600/2.650, para só então voltar a subir.
Tudo isso parece complexo, e é! Como estamos dentro de uma
correção de nível maior na escala de tempo, vamos buscando alternativas que
devem ser questionadas conforme o mercado evolui. Não posso me prender a uma
hipótese de forma rígida.
O SP500 fechou a 2.879, com queda de 0,20%; o USDBRL a R$
3,8644, com alta de 0,19%; o EURUSD a € 1,1285, com queda de 0,40%; e o ouro
a U$ 1.332, com alta de 0,47%.
Fique ligado!
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