O motivo real
Ontem o CEO da Apple, Tim Cook, se reuniu com o presidente
Trump na Casa Branca. O assunto do encontro não ficou claro. A visita de Cook
ocorre no momento em que Trump está ameaçando impor tarifas sobre produtos
importados da China, cerca de US $ 300 bilhões, incluindo o principal produto,
o iPhone da Apple. O representante comercial dos EUA está atualmente no
processo de determinar quais produtos serão poupados.
Cook emergiu como o perfil mais alto da Apple e o lobista
mais efetivo desde que Trump assumiu o cargo. O CEO de fala mansa está disposto
a se envolver direta e publicamente com Trump e seus principais assessores de
uma forma que outros líderes de tecnologia têm procurado evitar.
As aparências permitem uma especulação que o assunto tratado
foram as tarifas, pois embora o presidente Trump, de forma simplista, acha que
só tem vantagens implementando tarifas, talvez os empresários o alertam da
complexidade que tal medida representa.
Mas será que o motivo foi outro? A razão do meu questionamento
se deve a publicação dos resultados de vendas de IPhone no mercado europeu. Um
novo relatório do mais recente Quarterly Mobile Phone Tracker da International
Data Corporation (IDC) mostra que, os fabricantes de smartphones chineses estão
superando a Apple e a Samsung nos mercados europeus.
A Huawei e a Xiaomi, duas das principais produtoras de
smartphones da China, registraram aumentos de vendas unitárias no comparativo
anual de todas as regiões da Europa no 1T19, enquanto todas as outras grandes
empresas de smartphones apresentaram quedas.
A remessa de unidades da Huawei na Europa aumentou 66% no 1T19,
enquanto a Xiaomi cresceu 33% no período. Durante o mesmo período, as remessas
de unidades da Samsung caíram 7%, enquanto as da Apple despencaram 23%.
Simon Baker, diretor de programas da IDC EMEA, disse:
"A Europa tem sido um foco global de concentração de fornecedores nos
últimos trimestres, com alguns dos participantes menores sob muita pressão.
Olhando para o futuro, não é mais possível ver tendências claras como, a lista
negra da Huawei nos EUA está criando tantas incógnitas, colocando a incerteza
como a nova palavra-chave no setor, já que a geopolítica global - desconectada
diretamente da Europa ou da EMEA - se torna o fator mais importante na forma
como o mercado se desenvolverá durante o resto do ano ".
Os embarques globais da EMEA alcançaram 83,7 milhões de
unidades no 1T19, uma queda de 3% em relação ao mesmo período do ano passado,
confirmando que a desaceleração dos smartphones não está apenas ganhando força
com o avanço do Hemisfério Norte no verão, mas os fabricantes de smartphones
chineses, desbancaram a Apple e a Samsung como os principais players da Europa.
Se você entrasse numa loja de smartphones e mesmo
considerando que o aparelho da Huawei fosse sua preferência, compraria esse
celular ou optaria por um IPhone ou Samsung? Acho que a resposta é óbvia que
não, pois não teria segurança de continuidade do aparelho Chinês, nem em termos
de Hardware nem de Software. Talvez a única exceção aconteceria se você fosse
chinês, e mesmo assim ...
O mercado de smartphone, o grande gerador de lucro das
principais fabricantes, está saturado, as pessoas não saem mais como loucas,
fazem filas imensas, para comprar os novos lançamentos. Os novos aparelhos são
quase iguais aos antigos. Nessa situação, o Tim Cook foi a Trump para pedir que
relaxe as taxas de importação, ou ao contrário, que mantenha dando tempo à
Apple se adequar os novos tempos, onde os consumidores não estão dispostos a
pagar o dobro pelo mesmo aparelho?
Essa situação me faz lembrar o caso da Mercedes Bens, quando
a Toyota lançou o Lexus para concorrer no mercado de carros de luxo.
Incialmente, a empresa alemã acreditou que o consumidor desse segmento não
deixaria de comprar seu produto só porque um iniciante vendia pela metade do
preço, afinal, ter um Mercedes era sinal de status. A empresa alemã quase
quebrou e percebeu na pele, que dinheiro não leva desaforo, mesmo entre os mais
ricos!
No post inflação-sem-emoção, fiz os seguintes
comentários sobre os juros de 10 anos: ... “ A conjectura nesse ativo está extremamente delicada. Como
notei acima, abaixo se 2,05%, o negócio fica feio” .... Nesse mesmo
post, fiz uma análise de mais longo prazo, na hipótese de os juros romperem
esse nível para baixo. Recomendo que revistem essas premissas. Porém, esse
momento não aconteceu, pois depois de 3 tentativas de rompimento, as taxas se
encontram levemente acima desse nível.
Vou elaborar um exercício semelhante, mas agora considerando
os cenários de alta. Existem duas possibilidades que exponho a seguir:
1)
Rapidinho: Nesse caso a possível
recuperação levaria os juros até o nível de 2,18%/2,28%, para em seguida voltar
a cair. Se isso acontecer, vou propor um trade de queda de juros.
2)
Demorado: Nessa situação, os juros
subiriam até o nível de 2,65%/2,80%, para em seguida voltarem a cair. Np
gráfico a seguir, o movimento está bastante simplificado, pois em termos de
tempo, levaria alguns meses para chegar nesse patamar.
A distinção entre essas duas hipóteses poderá ser definida
conforme o mercado evolui. Naturalmente, é necessário que o primeiro cenário
seja eliminado e isso aconteceria com as taxas subindo acima de 2,30%.
Quero deixar enfatizado que, é necessário que os juros saiam
do nível atual, para que essas hipóteses possam acontecer, pois caso contrário,
vale o que foi colocado no outro post.
O SP500 fechou a 2.868, com queda de 0,16%; o USDBRL a R$
3,8975, com alta de 1,30%; o EURUSD a € 1,1207, com queda de 0,60%; o ouro a
U$ 1.341, sem variação.
Fique ligado!
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