O risco implícito dos Hedge Funds
Quando a recessão de 2009 eclodiu, diversos fundos de
investimento usaram de uma faculdade, ao bloquear o resgate de seus clientes.
Vários investidores ficaram chocados com essa atitude pois desconheciam essa
possibilidade, porém, na grande maioria, está descrito no seu regulamento.
Mas porque é necessária essa salvaguarda? A razão é um
conceito tradicional do setor financeiro conhecido como mismatch. O significado é bastante simples, de um lado estão os
recursos dos clientes que tem uma determinada regra de resgate – diário,
mensal, trimestral. De posse desses recursos o administrador investe em ativos
que possuem uma determinada liquidez – ações, títulos particapções em empresas,
cuja liquidez pode variar muito.
O que deve fazer um bom gestor? Além de buscar as melhores
alternativas de retorno, também deve cuidar da liquidez do fundo, pois alguns
ativos têm tempos diferentes para gerar liquidez.
O mismatch era a
forma clássica de quebrar um banco, que captava recursos no curto prazo e
aplicava no longo prazo. Se havia uma corrida contra esse banco, não tinha condições
de atender esses pagamentos. Isso acontecia no passado e com menor frequência
hoje, pois novos mecanismos ofertados pelos bancos centrais estão disponíveis
nestas situações.
Depois de 2009, o mercado de hedge funds sofreu um baque,
pois vários investidores ficaram anos esperando o retorno de seu investimento
com perdas expressivas. Com o tempo, o volume captado foi voltando, acreditando
que essa situação fosse uma exceção. Mas em um momento de serenidade
financeira, como resultado do súbito colapso nas posições, pedidos de resgate de
fundos hedge reemergiram.
O congelamento dos
resgates do fundo Woodford, exatamente cinco anos após ter aberto seu grupo de
administração de fundos, sublinhou sua posição cada vez mais precária. Ele
segue um fluxo constante de saídas de investidores, que ocorrem a cada mês há
dois anos, com o fundo recuando em dois terços, para £ 3,7 bilhões, desde o
pico de £
10,2 bilhões em maio de 2017.
O congelamento, também conhecido como um redemption gate, é implementado em
tempos de turbulência no mercado, para evitar uma liquidação catastrófica de
ativos. Com os investidores em pânico, foi introduzido esse procedimento, após um
pedido de aproximadamente £ 250 milhões.
Enquanto o congelamento impede a retirada de capital no
curto prazo, também impede que novos investidores coloquem dinheiro no fundo.
Em um comunicado, a Woodford Investment Management disse que
"chegou à conclusão de que é do melhor interesse de todos os investidores
do fundo suspender a emissão, cancelamento, venda, resgate e transferência de
ações do fundo". Eles também disseram que, estava dando o passo para
"proteger os investidores do fundo", dando a Woodford tempo para
vender ações não listadas e sem liquidez, e comprar mais investimentos líquidos
que poderiam ser vendidos para atender aos resgates.
O enorme pedido de resgate, limitou um período de quatro
semanas em que "Woodford tinha lutado para manter uma média de £
10 milhões fluindo para fora do fundo, todos os dias úteis". Adicionando
as más notícias, as ações do grupo de construção Kier, uma das principais
holdings do fundo, despencaram 40% após um alerta de lucro na segunda-feira.
O que realmente queria dizer é que estava à beira do colapso,
e qualquer resgate adicional, apenas aceleraria a liquidação do fundo,
resultando em um colapso potencialmente sistêmico.
A decisão também revela sinais de contágio com outros fundos
de Woodford. Seu fundo de Renda de 500 milhões de libras, projetado para
oferecer alta renda, não parou de negociar, mas perdeu quase 20% nos últimos 12
meses em termos de retorno total.
Pior, com os investidores agora impedidos de sacar seu
dinheiro de um dos maiores fundos, eles agora se esforçarão para resgatar tudo
o que ainda têm acesso, criando uma espiral tóxica que provavelmente culminará
com o término do fundo.
Mas o que é mais bizarro sobre este último fiasco dos fundos
de hedge é que o seu fechamento ocorre com os mercados globais próximo as
maiores altas de todos os tempos. Imaginem o que poderás acontecer com o resto
do setor se a atual queda se acelerar e cair outros 5%, 10% ou mais, fazendo
com que outros fundos de hedge se antecipem para liquidar suas posições de ações
mais liquidas. Aqueles que conseguem vender primeiro, podem sobreviver para
lutar.
Mas a maior preocupação é se esse bloqueio por um dos fundos
de hedge mais emblemáticos do Reino Unido desencadeia um frenesi de resgate,
primeiro na Inglaterra, e depois, em todo o mundo.
Esse bloqueio pode ser um caso isolado e não necessariamente
desencadeia um frenesi de resgate, o que poderia ter repercussões catastróficas,
tornando-se uma reprise do pânico de saques que ocorreu em dezembro último,
resultando numa queda de 20% do SP500. Tudo vai depender do desenrolar dos
mercados daqui em diante, mas esse caso vai trazer à tona dos investidores esse
risco que havia sido esquecido.
Esse é mais um caso de um excelente gestor de fundos que
previu corretamente os mercados por um tempo, gerando elevados retornos aos
seus clientes, mas que me algum momento fez uma decisão errada que não só
comprometeu os lucros gerados como seu principal. Não gosto desta categoria de
fundos!
No post inflação-x-deflação, fiz os seguintes
comentários sobre o ouro: ... “No gráfico a seguir, aponto uma região onde aceito que
essa mini correção termine – retângulo em cinza. Esse intervalo é entre U$
1.310/1.325. Se por acaso for rompido, vou pensar como colocar uma sugestão de
compra. Também tracei um possível movimento que levaria o metal para U$ 1.230,
onde aí sim, vou sugerir a compra – em vermelho” ...
Havia uma possibilidade de o ouro chegar ao nível onde o Mosca estava pronto para comprar, porém,
depois de atingir a mínima desse período – anotado a seguir em vermelho, subiu
U$ 50 rapidamente, o que colocou em questão minha estratégia de compra.
Parece que essa oportunidade ficou para trás. O movimento de
alta observado pelo ouro denota características direcional, sendo assim, vou
propor um trade de compra a U$ 1.315, desde que, não ultrapasse antes U$
1.330. O stoploss ficará bem restrito a U$ 1.305. O motivo desse stoploss tão
curto é por dois motivos: se trata de um trade de curto prazo, existe uma
possibilidade da alta ainda não ter se materializado (vide figura abaixo).
A prata e o ouro são metais que tendem a ter um
comportamento semelhante em determinadas situações, e em outras não. Não
pretendo elencar esses pontos aqui, pois foge ao escopo do trabalho, e nem
pretendo fornecer análise técnica para a prata.
A título ilustrativo, o gráfico a seguir mostra a relação
entre o preço do ouro x prata. Quanto maior é esse índice maior o valor
relativo do ouro e vice-versa. Notem que, desde 2018, essa relação está num
canal de alta, rompendo uma resistência muito forte dos últimos 25 anos,
sugerindo que a prata está relativamente barata em relação ao ouro.
- David, você está
querendo dizer que vale mais a pena comprar prata do que ouro?
Não mesmo! Só que ressaltar essa informação, pois a prata
pode continuar mais barata ainda, que o ouro!
O SP500 fechou a 2.803, com alta de 2,14%; o USDBRL a R$
3,8559, com queda de 0,75%; o EURUSD a € 1,1252, com alta de 0,11%; e o ouro a
U$ 1.326, sem alteração.
Fique ligado!
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