Diversão com alavancagem! #nasdaq100

As bolsas estão num momento positivo ao redor do mundo, em parte causado pelas baixas taxas de juros, tirando o atrativo dos títulos de renda fixa. Alguns leitores me perguntam, principalmente os mais jovens, se vale contratar empréstimos para aumentar sua exposição.

Aqui no Brasil não é muito comum este tipo de costume, tendo em vista as altas taxas de juros que vivenciamos no passado, com performances neutras ou até negativas da bolsa local, o inverso do que ocorre hoje. Mas nos EUA a situação sempre foi diferente, e por lá as pessoas usam deste mecanismo.

Um artigo de Barry Ritzholtz em seu site traz alguns dados sobre esse assunto.



Vamos começar tirando a seguinte ideia da frente: Usar uma alavancagem excessiva para especular é uma ideia terrível, e muitas vezes termina com uma perda total de todo o capital.

Eu já estava pensando em risco sistêmico e alavancagem quando um artigo (com o gráfico acima) passou no Twitter. Mas há muito para desenvolver aqui, e apenas gritar "toda alavancagem é ruim!" presta um desserviço a você, o leitor.

Vamos usar números redondos para discutir isso: Aplique alavancagem de 10 para 1 a 10 milhões de dólares em capital, e você pode comprar 100 milhões em ativos. Se esse trade sobe 10%, então parabéns, você dobrou seu capital: Uhu, você é uma estrela do rock, sua alavancagem criou um ROI de 100%.

Cenário 2: Uma queda de 10% no valor — algo que ocorre pelo menos anualmente — cria uma chamada de margem; não atender a isso: Boom! você foi liquidado. Perda total de capital investido.

Estes não são cenários tão ridículos; a Archegos estava executando mais de 5X  de alavancagem e depois de uma tremenda subida para um valor de US $ 20 bilhões explodiu de forma espetacular. A Lehman Brothers (LM) alavancava regularmente entre 20 e 40 vezes o capital (assumindo que eles tinham mesmo tanto capital, uma pergunta justa). Eles foram desta para a melhor na crise financeira, um ato que descrevi  mais como suicídio financeiro do que assassinato. Talvez o exemplo mais extremo nos tempos modernos tenha sido o caso do fundo de hedge Long Term Capital Mangement (LTCM), que estava executando uma alavancagem de 100 para 1.

Tudo isso leva a uma conclusão muito óbvia: muita alavancagem é financeiramente perigosa.

Agora, sobre esse gráfico acima: as contas normais de margem de corretagem permitem que você execute de 1 para 1; o que significa que você pode tomar emprestado um dólar para cada dólar que você colocar em capital próprio. Usar a margem para comprar ações que podem cair pela metade (ou pior) cria o risco de que quando isso acontece — e isso acontece regularmente com ações específicas, ETFs, até mesmo todo o mercado — você recebe uma chamada de margem. Isso significa que você coloca mais dinheiro, ou sua posição é liquidada com prejuízo.

Portanto, há uma óbvia faixa de taxas de alavancagem e riscos correspondentes que os acompanham. Tendemos a recordar os piores cenários como LEH ou LTCM, em vez de um simples uso de margem. Mas há algum perigo mesmo com o uso mais simples e mais baixo de alavancagem. Há o risco de alavancagem em uma base sistêmica, uma institucional e uma individual.

A manchete  80% dos investidores da Gen Z assumiram a dívida de investir é um pouco hiperbólica, mas levanta uma preocupação válida.

A melhor hora para quebrar e perder todo o seu dinheiro é quando você é jovem e tem um horizonte de 50 anos para recomeçar. Os "Gen Zs" podem se recuperar de desastres, mas se um Boomer ou Silent Gen explodir, eles se ferram de vez.

O artigo acima mistura alguns exemplos de pessoas físicas (gráfico), investidores (Archegos), bancos (LM) e investidores institucionais (LTCM). É de se supor que com exceção das pessoas físicas, todos os outros sejam maiores de idade e conheçam com detalhes os meandros da alavancagem. As pessoas físicas não necessariamente, às vezes são levadas por emoção sem saber muito bem o que pode acontecer.

Mas todos eles são levados por uma impulso: Ganância!

Durante minha vida profissional, estive exposto a situações como essas, principalmente quando me encontrava na Linear. Recordo muito bem a angústia que passei na crise da Asia em 1997, quando um de nossos fundos perdeu quase 90% de seu patrimônio — é verdade que esse fundo era muito bem vendido como extremante arriscado e o cliente só investia depois de ter uma entrevista comigo onde eu dizia ser possível perder todo seu capital. Não tivemos nenhuma ação legal por conta disso.

Se eu dissesse hoje que não tenho nenhuma alavancagem em minhas posições estaria mentindo, mas posso garantir que apenas uma parcela de meu patrimônio se encontra em risco sob esse ponto de vista.

Mas se mesmo assim, você tiver idade (mais jovem) e um desejo de ter uma exposição superior ao seu patrimônio, recomendo o uso de opções de compra, que têm a desvantagem de pagar um prêmio, mas limita sua perda a esse montante. Se sua postura estiver correta quanto ao mercado, esse prêmio vai diminuir muito pouco do seu retorno total, compensando a menor exposição ao risco caso não dê certo.

No post apertem-os-cintos fiz os seguintes comentários sobre a nasda100: ...” Sem entrar muito na tecnicidade, a região destacada pode ter diferente enfoques sobre as ondas. Isso ocasiona retrações a níveis que dificultariam a definição do stop loss. Ou, em outras palavras: na dúvida prefiro esperar. Dependendo de como a bolsa se comportar nos próximos dias, e caso surja antes da próxima postagem essa oportunidade, eu posto o raciocínio e níveis de entrada e stop loss em edição extraordinária” ,,,

 


A técnica de Elliot Wave permite em alguns momentos interpretações, e em outros é muito claro o subproduto das ondas. Embora vocês não participem desse processo, que foge ao objetivo do post, eu uso a seguinte metodologia de análise: primeiro observo o longo prazo (semana ou mês) para que eu tenha uma visão de onde estamos — mercado de baixa, mercado de alta ou correção; em função desta conclusão, ou suposição, identifico qual o sentido de maior risco e menor risco; em seguida observo a janela de curto prazo ( dia ) para montar as ondas de acordo com a visão anterior e o fato de ser fractal; para confirmação, analiso a janela de curtíssimo prazo (1 hora ou 15 minutos) com o objetivo de uma segunda certificação.

A seguir, mostro a foto de uma tela padrão qualquer, no caso, o Ibovespa que postei ontem, sendo que as 3 subdivisões visíveis estão de acordo com o descrito acima (grifado em amarelo na parte superior)

 


 Além disso, trabalho com uma trinca adicional (veja a pasta na parte superior à esquerda de cada tela) que contém o cenário alternativo. Dá um bom trabalho, mas acredito que a qualidade da previsão melhorou bastante com o software e a sistemática.

Tudo isso para chegar que no caso da nasdaq-100 existe uma possibilidade de curto prazo que só poderei saber com mais certeza no decorrer do tempo. Qual a consequência? Neste caso a projeção final dos objetivos pode se alterar, mas o sentido é de alta — sendo assim, pode seguir em frente.

 


O gráfico acima contém a opção que considero mais provável. O objetivo final seria que o índice atingisse o nível de 16.700, onde depois deve ocorrer uma correção que denominei de “mais chata”. Prefiro não colocar o objetivo de outra alternativa agora a fim de não os deixar mais confusos. Como o objetivo do Mosca não é explicar as premissas técnicas que usei e sim definir trades com objetivos, tento ser o mais sucinto possível, sem ocultar minhas hipóteses expressas no gráfico.

Eu estou para sugerir um trade no nasdaq-100 já algum tempo, mas pelo fato de termos exposição em 2 bolsas, tenho buscado um nível mais confortável, porém, como vem ocorrendo desde a queda de março do ano passado, essas correções têm ficado shallow, no nível de probabilidade mais baixo. Mas aguardem que uma hora entro!

 


O SP500 fechou a 4.281, com alta de 0,35%; o USDBRL a R$ 4,9415, com alta de 0,57%; o EURUSD a 1,1939, sem variação; e o ouro a U$ 1.780, com alta de 0,29%.

Fique ligado!

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