Um mundo diferente #SP500

 


É nas dificuldades que a humanidade evolui. Vejam o exemplo das guerras, que ocasionam como subproduto desenvolvimento em diversas áreas. O espírito de sobrevivência se sobrepõe às dificuldades. Na pandemia isso também ocorreu — a evolução da vacinas é incontestável, nunca em tão pouco tempo se desenvolveu vacinas para combater um vírus. Naturalmente, existem custos, neste caso a morte de aproximadamente 4 milhões de pessoas sem que esse número tenha se desacelerado como gostaríamos.

O tema do WFH [trabalho de casa] tem sido debatido sem uma conclusão muito clara em meu ponto de vista. Esse é um tema que vai prevalecer por um bom tempo, e talvez daqui a alguns anos possamos ter uma ideia de como será o ambiente de trabalho do futuro.

Sempre que leio alguma matéria sobre esse assunto, busco entender o ponto de vista em questão para auxiliar no compreendimento. A importância é grande — dependendo do percentual de mudança, haverá impacto nos escritórios, residências, serviços e muitos outros setores, podendo inviabilizar alguns e criar oportunidades para outros.

Um artigo de Ben Carlson comenta as ideias de Marc Andreessen, fundador da a16z, uma empresa de investimentos (foi criador do browser Netscape e pioneiro nesta área nos anos 90).

Ninguém pode prever o futuro, mas Andreessen tem um histórico inegavelmente bom quando se trata do mundo da tecnologia.

Na semana passada, o capitalista de risco escreveu um artigo para a a16z chamado Technology Saves the World, onde descreveu as muitas maneiras pelas quais a tecnologia nos ajudou através da pandemia, além de algumas consequências para o futuro.

Sua opinião sobre a tendência do trabalho de casa chamou minha atenção:

Ficou claro que muitos dos melhores trabalhos realmente podem ser realizados de qualquer lugar, através de telas e da internet. Ficou claro que as pessoas realmente podem viver em uma cidade menor, num pequeno município ou no meio do mato e ainda ser tão produtivas como se vivessem em uma quitinete sem elevador numa cidade grande. Ficou claro que as empresas são realmente capazes de organizar e sustentar o trabalho remoto mesmo — talvez especialmente — nos campos mais sofisticados e complexos.

Esta é, acredito, uma mudança civilizacional permanente. Talvez seja a coisa mais importante que aconteceu na minha vida, uma consequência da internet que talvez seja até mais importante que a internet. Separar permanentemente a localização física da oportunidade econômica nos dá uma chance real de expandir radicalmente o número de bons empregos no mundo, ao mesmo tempo em que melhora drasticamente a qualidade de vida de milhões, ou bilhões, de pessoas. Podemos, finalmente, abalar a loteria geográfica, abrindo oportunidades para inúmeras pessoas que não tiveram a sorte de nascer no lugar certo. E as pessoas estão pulando nas oportunidades que essa mudança já está criando, movendo casas e empregos a taxas desenfreadas. Levará anos para entender onde isso leva, mas estou extremamente otimista.

Talvez estejamos cansados de falar sobre isso neste momento, mas parece que a revolução do trabalho de casa está sendo quase desdenhado.

Nunca fez sentido para mim que o Vale do Silício estivesse criando todas essas aplicações maravilhosas, mas muitas pessoas em tecnologia ainda tivessem que trabalhar no Vale do Silício. Isso obviamente está mudando agora e não apenas para quem mora na grande San Francisco.

Andreessen Horowitz enviou uma pesquisa aos CEOs de seus mais de 200 clientes sobre seus planos de trabalho remoto para o futuro:

 


Provavelmente há algum viés de seleção aqui, uma vez que a maioria de suas empresas de portfólio estão de alguma forma relacionadas com os espaços de tecnologia ou de consumo, mas isso mostra que cerca de dois terços de suas empresas estão mudando para um modelo híbrido. Vinte e cinco por cento serão primariamente remotos, enquanto apenas 8% serão apenas presenciais.

O modelo híbrido ainda está aberto à interpretação:


Muito disso vai depender da indústria, da empresa e da cultura, mas posso ver que haverá muito vaivém nessa questão daqui para frente.

O modelo híbrido é ótimo se você está procurando mais flexibilidade em sua vida.

E se você não quiser morar onde sua empresa está sediada? Haverá muitas pessoas querendo mudar nos próximos anos para empresas que lhes permitam trabalhar de qualquer lugar. Isso é um luxo, obviamente, mas vai ser muito atraente para muitos trabalhadores que tenham o currículo e as habilidades para consegui-lo.

Muitos jovens vão desejar oportunidades de trabalho remoto ou de casa. Mas se você ainda está tentando subir em uma organização, vale ressaltar a importância de mostrar a cara no escritório.

Você também vai ver empresas que não querem mudar, tomar uma linha dura com os funcionários. O CEO do Morgan Stanley, James Gorman, deixou claro na semana passada que quer pessoas de volta ao escritório, quando disse: "Não se engane. Fazemos nosso trabalho dentro dos escritórios do Morgan Stanley, e é aí que ensinamos, é aí que nossos estagiários aprendem, é assim que desenvolvemos pessoas."

Posso entender a posição dele. Se é assim que você sempre fez as coisas, vai ser difícil mudar de tom.

Mas isso também poderia enviar jovens ainda mais talentosos para os braços abertos das empresas de tecnologia, que estarão mais abertas sobre oportunidades de trabalho remoto.

A América Corporativa não pediu uma reestruturação completa da forma como as pessoas trabalham, mas é isso que a pandemia nos deu.

Não tem sido bom negócio apostar contra Andreessen, e acho que ele está certo de novo. Isso vai ser assunto por muitos anos.

O Mosca está bem dividido nessa questão, razão pela qual busco opiniões nesse sentido. Se olho para minha carreira, que é específica do mercado financeiro, vejo muitas desvantagens em trabalhar a distância. Muito difícil de imaginar uma mesa de operações virtual — nesse espaço, a interação entre os traders é importante. Mas esse é um pequeno segmento do mercado financeiro.

Vamos lá: se você divide o trabalho de casa com o escritório, está fazendo um trade off entre o relacionamento profissional e o familiar, perdendo no primeiro e ganhando no segundo, além de diversas economias financeiras e tempo de deslocamento.

Dentro do tempo útil de se estar no escritório — aprendizado, sinergia, cultura empresarial — existe o tempo inútil: bate papo, reuniões improdutivas, “politicagem”. Já em relação a estar em casa, enxergo uma grande vantagem na interação com a família, no maior tempo com os filhos e esposa; a desvantagem é a perda de foco exclusivo no trabalho, sujeito à interferência de problemas do dia a dia de uma casa.

Eu tenho filhos de um primeiro casamento terminado há muitos anos e passei por uma relação hibrida com eles, pois tinha contato um dia por semana e a cada quinze dias nos finais de semana. Essa distância levou a uma perda de intimidade e a uma maior distância. Numa família, é comum essa situação acontecer de qualquer forma com o crescimento dos filhos, mas é uma grande perda quando ocorre na infância.

No trabalho em casa acredito que algo semelhante ocorra no ambiente de trabalho e isso pode ser bastante prejudicial — na família seria o inverso. O híbrido poderia ser a solução ideal? Talvez! É muito difícil prever o impacto nas empresas.

No post mais-uma-bolha, fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ... “ Conforme destacado na figura acima é esperado uma alta ao redor de 4.400 como já havia sugerido antes. Tudo indica que esse é o movimento final desse ciclo - isso pode ser observado com a quantidade de 5 no gráfico acima. A personalidade dessa onda é mais lenta, indicando que o mercado está ficando cansado.

 


A semana passada teve a surpresa do Fed que disse ao mercado que não está paralisado, e caso a inflação suba de forma consistente, irá reagir. Além disso, projeta resultados melhores para a economia sugerindo agora que os juros podem começar a se normalizar em 2023. A bolsa acabou sendo afetada pela concentração de vencimentos de contratos na última sexta-feira, recuperando parte da queda ontem e hoje. Tudo isso, causou pouca alteração em relação aos meu cenários.

 


O objetivo em 4.400 se mantém, embora ajustes possam ser necessários, dependendo de como se desenvolve a alta que parece estar em andamento. No curto prazo, o importante é o rompimento da máxima histórica de 4.257, atingida na semana passada.

O gráfico a seguir mostra como os investidores se acalmaram em relação ao risco da inflação para os próximos 5 anos. No gráfico, notem principalmente a queda das linhas verde (CPI – 2,5%) e vermelha (CPI- 3,0%).

 


O SP500 fechou a 4.246, com alta de 0,51%; o USDBRL a R$ 4,9680, com queda de 0,88%; o EURUSD a 1,1940, com alta de 0,20%; e o ouro a U$ 1.715, com queda de 0,41%.

Fique ligado!

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