De novo! #SP500

 


Por mais que todos estejamos cansados com o assunto inflação, como eu havia mencionado antes, ele estará no noticiário por um bom tempo. Esta semana na quinta-feira teremos o anúncio do CPI americano. O mercado espera uma alta de 0,5% no mês de maio e 4,7% em 12 meses, refletindo a alta nos preços dos alimentos e pouca variação na energia.

A projeção mensal do núcleo de inflação reflete a força da reabertura em passagens aéreas, preços de hotéis e preços de recreação. Além disso, fortes leituras mensais em carros usados (+ 6%) e carros novos (+ 0,5%), refletindo interrupções na cadeia de suprimentos e escassez de microchips.



Por outro lado, existem outras análises que levam a resultados bem mais elevados, como a publicada pelo Banco Nordea que aponta o risco de o CPI atingir o nível de 7% a.a. Caso se materialize, deixará os investidores preocupados com a promessa do Fed de manter os juros estacionados em 0% por muito tempo.




Por enquanto, desde março o mercado tem permanecido calmo. Isso pode ser verificado pela evolução das taxas de juros dos títulos de 10 anos, que se encontram contidos entre 1,5%/1,70% a.a. Mas tudo isso pode mudar repentinamente com algum dado muito fora do esperado.



 O professor Harold James da Universidade de Princeton tem uma visão mais otimista sobre a inflação, colocada em artigo publicado pelo site Project Syndicate.

Em resposta às preocupações recentes sobre a inflação ressurgente, os formuladores de políticas dos EUA negam que haja qualquer ameaça e insistem que as expectativas estão "bem ancoradas". Quaisquer picos de preços recentes, eles argumentam, serão temporários, decorrentes de escassez pontual que será resolvida quando a vida voltar ao normal após a pandemia. No entanto, os participantes do mercado e os investidores estão cada vez mais obcecados com a questão, e os especialistas estão rancorosamente divididos, com alguns denunciando aqueles de quem discordam como " baratas ".

Tal retórica indica a necessidade de recuar e pensar sobre o que significa inflação e seu oposto, deflação. Nem todas as inflações ou deflações são iguais. A queda de preços (deflação) impulsionada por melhorias técnicas pode ser boa, como no caso de motores elétricos ou corantes químicos no final do século XIX, ou de computadores (e muitos outros bens eletrônicos de consumo) nos últimos 50 anos. Estas não são o tipo de mudança de preço que levam a inadimplências no estilo da Grande Depressão e crises de dívida.

A mesma distinção se aplica à inflação. Pode haver aumentos de preços "bons", como nos casos em que os mercados precisam de um sinal para produzir uma certa resposta. O atual aumento no preço dos chips de computador reflete uma escassez de oferta, que por sua vez está reduzindo a produção de automóveis, geladeiras e outros produtos que dependem desses componentes. Mas o "Chipageddon" não é o fim do mundo. Em vez disso, está dando aos produtores de chips um sinal claro para aumentar a produção e aumentar a oferta. Aqui, os aumentos de preços estão servindo a um papel útil, e podemos esperar que os preços dos chips caiam no futuro.

Ou considere um cenário onde uma resposta de mercado diferente seja necessária. A rápida recuperação de hoje aumentou a demanda por transporte de cargas, elevando os preços dos combustíveis e da energia. Além disso, a escassez de caminhoneiros e um ataque de ransomware a um grande oleoduto da Costa Leste deixaram os postos de gasolina vazios. Mas essas cicatrizes são o resultado de falhas temporárias. Eles não anunciam uma repetição do choque do petróleo dos anos 70.

O que os preços mais altos da gasolina farão é sinalizar aos consumidores que vale a pena reduzir o consumo de combustível e a dependência de combustíveis fósseis. Essa mensagem se alinha bem com um reconhecimento mais amplo de que a economia precisa urgentemente se afastar das fontes de energia intensivas em carbono. Mais uma vez, devemos permitir que os preços cumpram sua função adequada de orientar o comportamento dos consumidores e os planos futuros de consumo.

Esses fenômenos contemporâneos não representam o tipo de inflação que justificaria pisar nos freios na recuperação. Preços mais altos de chips e combustíveis simplesmente refletem o que os produtores e consumidores precisam fazer. Como um instrumento de planejamento impressionantemente eficiente, o sinal de preço não é um indicador que deve ser suprimido, assim como os pacientes febris não devem ser orientados a colocar seus termômetros na geladeira. A leitura de alta temperatura fornece informações necessárias para a recuperação da saúde.

Historicamente, grandes acelerações da globalização têm sido frequentemente acompanhadas por aumentos inflacionários, tendo cada um dos quais levado políticos e consumidores a sair à caça de culpados. Na década de 1850-60, o aumento dos preços foi interpretado como uma resposta às descobertas de ouro ou à inovação financeira após o desenvolvimento de novos tipos de bancos. Na década de 1970, a política monetária dos EUA levou grande parte da culpa, embora alguns também apontassem para a inovação financeira (uma onda de empréstimos bancários internacionais) e o papel dos cartéis de países produtores.

Mas o fato é que, em ambos os casos, os efeitos dos preços ajudaram a desencadear mudanças comportamentais que eventualmente trouxeram ganhos de eficiência e preços mais baixos ("boa deflação"). Assim, pode ser útil pensar nos aumentos de preços contemporâneos como exemplos de "boa inflação", na medida em que representam o primeiro passo de um processo útil e benéfico.

Tal mudança de mentalidade exigiria uma saída do consenso das décadas de 1990 e 2000, quando a meta de inflação se tornou a principal arma dos bancos centrais na busca pela estabilidade dos preços. Em todo o mundo, governos e bancos centrais chegaram a uma visão comum de que uma taxa de inflação de 2% – ou talvez 2,5% – era desejável. Assim, eles começaram a se preocupar sempre que a taxa se movia até mesmo alguns pontos decimais abaixo (ou acima) dessa linha, geralmente com base em histórias de horror passadas sobre a deflação ruim (a Grande Depressão) ou inflação ruim (como no rescaldo das guerras mundiais do século XX).

Este consenso de política monetária foi apropriado para um mundo estável no qual não houve choques radicais por muitos anos. Um de seus principais defensores, o então governador do Banco da Inglaterra Mervyn King, descreveu bem a época quando cunhou a sigla NICE: expansão contínua não inflacionária.

Mas não estamos mais em um mundo agradável. O mundo de hoje exige mudanças drásticas de comportamento, e o mecanismo de preços é o instrumento mais poderoso que temos para comunicar como empresas e indivíduos devem responder. A pandemia acelerou drasticamente a adoção de tecnologias de comunicação da informação, criando a necessidade de maiores investimentos para facilitar novas ligações globais e garantir eficiência e equitativo. Também demonstrou a importância da ação coletiva na superação de problemas genuinamente globais — em especial, as mudanças climáticas.

Quando mudanças radicais em toda a sociedade nos padrões de consumo são esperadas e desejadas, não é mais apropriado basear respostas políticas em um simples índice de preços. Precisamos desagregar os preços de uma forma que se alinhe com nossos princípios e prioridades compartilhados. Por exemplo, devemos considerar a exclusão no cálculo dos preços de bens antissociais ou indesejáveis, como combustíveis fósseis e produtos do tabaco. E devemos pensar em outras métricas para nos ajudar a medir o quão eficientemente as sociedades e os países estão respondendo aos significativos desafios atuais.

As ideias desse economista estão na linha Keynesiana, bastante diferente da monetarista. Seus argumentos são semelhantes a algumas ideias do Mosca que denominou o momento como Revolução Digital. Parafraseando o idealizador dessa teoria, Keynes, no longo prazo estaremos todos mortos, e se a inflação permanecer elevada ou ainda subir acima do razoável nos próximos meses, o Fed terá que agir mesmo que recue mais adiante.

Como venho repetindo insistentemente, não tenho uma opinião formada, devemos ficar atento. A Análise Técnica será de grande valia para identificar no que o mercado está apostando. Por enquanto, como mostrei no início deste post — os juros dos títulos de 10 anos ainda não apontam para nada dramático. A conferir!

Em novembro do ano passado, comentei a estratégia adotada pela empresa MicroStrategy ao comprar Bitcoin com recursos de seu caixa: loucura-loucura-loucura. Passados um pouco mais de 6 meses, e com a queda recente de preços da criptomoedas em geral, seu CEO resolveu aumentar sua aposta, já que não estão dando tão certo, e buscar recursos na emissão de um bond de U$ 400 milhões. Vale ressaltar que em fevereiro, quando os preços estavam ao redor de U$ 52 mil comprou 20.000 unidades com o dinheiro captado em uma emissão de U$ 1,05 bilhão, esse último bond era conversível em ações.

É bom lembrar o nome desse CEO, Michael Saylor, pois se ele pedir emprego para qualquer companhia que você conheça, não recomende. Se fosse chefe de qualquer mesa proprietária de um banco, teria perdido seu emprego faz tempo, pois com o dinheiro de banco não se brinca de fazer preço médio — a forma clássica de perder as calças. Tão irresponsável como ele é quem compra seus bonds ou ações. Vamos acompanhando para ver como termina essa história.

No post mudança-estrutural, fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ...” A queda que está ocorrendo pode ser a que estou esperando. Como comentei acima, essa retração poderia ter dois formatos: uma menos extensa que levaria o índice entre 4.170/4.125; ou uma maior que poderia levar o SP500 para 4.050” ...



Passado uma semana, a dúvida entre os dois cenários ainda persiste, nos últimos 3 dias, o índice já tentou por 3 vezes romper a máxima histórica sem conseguir até o momento.

Independente de qual caminho for usado pelo SP500, o mais provável é que em algum momento atinja o nível ao redor de 4.400 conforme delimitado no gráfico a seguir pela área em azul.



Em termo de resultado final não faz diferença qual dos caminhos irá seguir. Para quem está fora do mercado, entrar agora ou aguardar um melhor momento pode fazer uma boa diferença, razão pela qual o Mosca se mantém à margem, aguardando um ocasião para entrar, num preço mais baixo, ou talvez mais alto, dependendo do movimento observado.

O SP500 fechou a 4.227, sem variação; o USDBRL a R$ 5,0358, sem variação; o EURUSD a 1,2171, com queda de 0,17%; e o ouro a U$ 1.893, com queda de 0,32%.

Fique ligado!

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