Risco sem controle #SP500

 


É impossível nos esquecermos da Covid-19, principalmente aqui no Brasil, onde a situação está longe do controle, embora os dados mais recentes de infecção e morte estejam cedendo. Tenho a impressão de que não vamos nos livrar desse risco tão cedo.

Me recordo no início do ano passado quando a pandemia começou se alastrar. Naquele momento ainda não existia nenhuma vacina e as projeções alertavam que seu desenvolvimento seria demorado podendo levar vários anos. Porém, em menos de um ano, várias estavam disponíveis. O mérito de tal feito foi dado à tecnologia, mas será que algumas etapas foram excluídas pela urgência?

Os países desenvolvidos, onde foram observadas quedas expressivas nos indicadores, estão em fase avançada de vacinação. Mas esse bichinho é esperto, vai se modificando de forma a poder infectar novamente mesmo quem já se vacinou.

Um exemplo dessa nova variante, a Delta, ocorre em Israel, país que foi considerado modelo em termos de rapidez na vacinação de sua população e vê agora uma explosão de casos em pacientes vacinados, com reporta Tyler Durden no post ZeroHedge.

Mais evidências estão surgindo para sugerir que a variante Delta do COVID representa uma ameaça muito real, mesmo para pacientes que já foram totalmente vacinados.

Como lembrete, o novo esquema de nomeação da OMS deu às variantes mais difundidas o nome de letras gregas. Neste momento, a variante Delta está causando mais problemas em todo o mundo.

 


Isso levou o primeiro-ministro britânico Boris Johnson a adiar o fim das restrições do Covid-19 para o Reino Unido, que foram revertidas com lentidão aflitiva, como muitos britânicos reclamaram. Também está causando agora uma onda de bloqueios e restrições de viagem ao redor do mundo, à medida que países com taxas de vacinação mais baixas passaram a vê-la como uma ameaça séria. Enquanto isso, apesar dos esforços de Israel para tentar suprimir a variante, mais casos de Delta foram detectados em todo o país, forçando as autoridades de saúde pública de Israel a considerar medidas mais drásticas.

Um surto da variante Delta em Israel se espalhou para muitas pessoas vacinadas, com cerca de metade dos adultos infectados já sendo totalmente inoculados com a vacina Pfizer. Junto com a vacina da Moderna, acredita-se que as duas vacinas baseadas em mRNA sejam mais de 90% eficazes contra o COVID-19. Ainda assim, à medida que mais evidências de disseminação entre os vacinados surgirem, a Pfizer e a Moderna terão mais incentivo para comercializar reforço de vacinas em sua transição para proteger os vulneráveis contra o COVID a longo prazo.

Ran Balicer, chefe do comitê consultivo do governo COVID-19 de Israel, disse que cerca de 90% das novas infecções no país provavelmente foram causadas pela variante Delta.

"A entrada da variante Delta mudou a dinâmica de transmissão", disse Balicer.

Crianças menores de 16 anos, a maioria delas ainda não vacinadas, responderam por cerca de metade dos novos casos

 


Israel viu os casos de variante Delta aumentarem pela primeira vez em meses, já que a contagem diária média de novos casos subiu para 200 de cerca de 10 por dia durante a maior parte de junho. Não parece muito, mas as autoridades de saúde pública temem que possa ser o início de outra onda de infecções, minando os esforços do PM Bennett e do ex-PM Netanyahu para esmagar totalmente o COVID.

Outros locais também adotaram medidas mais restritivas, como a Austrália e a África do Sul.

Esse risco está andando por aí com velocidade, e dado que as medidas de isolamento foram abrandadas, não vejo como esse problema deverá ser enfrentado proximamente. Do ponto de vista do mercado esse risco está presente e pode ou não causar estragos.

As bolsas odeiam a dúvida, ainda mais quando não se tem ideia do que pode ocorrer. Se for só um problema de contaminação, e supondo que as vacinas possam dar conta do recado sem elevar o número de mortes, acredito que é nisso que os investidores estão apostando. Agora, se as ameaças do passado voltarem e novos lockdowns forem necessários, não vai ser nada agradável.

Ninguém consegue dar uma resposta definitiva para essa situação, esse é um risco sem controle! Vamos torcer para que o cenário benigno prevaleça.

No post um-mundo-diferente, fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ... “ O objetivo em 4.400 se mantém, embora ajustes possam ser necessários, dependendo de como se desenvolve a alta que parece estar em andamento. No curto prazo, o importante é o rompimento da máxima histórica de 4.257, atingida na semana passada” ...

 


A bolsa ultrapassou o nível expresso acima e entra agora em ritmo de novas máximas quase todos os dias. Essas situações colocam os investidores num estágio que denomino de letargia. Chamo a atenção para que não ocorra com vocês, pois existe uma tendência grande à displicência.

Quando o mercado caminha de forma lenta, como é o caso agora, pode se ter a impressão de que não existe risco — isso é típico de um mercado de alta no estágio em que nos encontramos. Destaquei no gráfico abaixo o que eu quero dizer. As oscilações diárias são bem inferiores às de outros dias.



O objetivo mais recente é ao redor de 4.460/4.500.

O que poderá ocorrer depois disso? Muito bem, tenho dois cenários bastante diferentes no curto prazo. O que estou trabalhando como mais provável indicaria que, após esse movimento de alta encerrado, uma correção “chata” nos aguarda, que poderia levar o SP500 para algo em torno de 3.400 (-25%) /3.150 (-30%) com uma duração final entre janeiro e abril de 2022. Ninguém ainda está preparado para tamanha queda. É importante frisar que tudo isso ocorreria sem que o objetivo de alta de longo prazo tenha mudado, mas não seria encarado dessa forma, dada a magnitude da queda.

O outro cenário é diametralmente oposto. Nesse caso, a bolsa entraria na fase mais forte de alta com sucessivas quebras de recordes acontecendo de forma agressiva.

Antes que meu amigo pergunte: como conviver com esse dilema? Apenas observando o desenrolar dos movimentos. Mesmo no cenário de queda, o mesmo não deve ocorrer de forma abrupta, vamos ter tempo de nos proteger.

Pronto, falei!

Vocês devem ter notado que estou mais cauteloso. Se o mercado fosse como a dança das cadeiras, queria estar pertinho de uma delas. Let the Market speak!

Certo tempo atrás publiquei um gráfico que apontava os ganhos do SPY - ETF do SP500 era feito durante a noite. Procurei em meus contatos alguma explicação e nada. Agora uma republicação é ainda mais intrigante, no gráfico a seguir na parte superior os resultados desde as mínimas da Covid ocorridas em março de 2020, os 60% de ganho foram todos realizados durante a noite! Agora o gráfico inferior é um espanto pois abrange desde o lançamento deste instrumento em 1993. Será que ninguém consegue me explicar? Fake news não é, veja a origem!




O SP500 fechou a 4.291, sem alteração; o USDBRL a R$ 4,9406, com alta de 0,33%; o EURUSD a 1,1902, com queda de 0,20%; e o ouro a U$ 1.760, com queda de 0,98%.

Fique ligado!

Comentários

  1. Fiz algumas simulações e realmente teve esse resultado de 31/03/2020 a 28/06/2021, porém não teve o resultado apontado entre 1993 e 2021...acredito que o problema seja minha base de dados, visto que seria difícil a Bloomberg cometer esse tipo de erro. Fiz as seguintes simulações: 1º)Compra na abertura e venda no fechamento do mesmo dia (13.74%); 2º)Compra no fechamento de um dia e venda na abertura do dia seguinte (45.35%). Contra 67,20% no BuyandHold do SPY. No SPX deram resultados semelhantes: 12,44% no primeiro caso, 45.94% no segundo contra 66,01% no BuyandHold.
    Na minha base de dados, a abertura frequentemente coincidia com o fechamento do dia anterior (não sei isso era uma regra do mercado ou alguma adaptação da base de dados por falta de dados de after Market), porém isso mudou em 2010, ganhando tração em 2017 e apresentando grandes resultados em 2020/2021.

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    1. Chuto que o motivo seja a grande concentração dos índices americanos em poucas grandes empresas.

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    2. Acho muito estranho essa constância.
      Estou pesquisando e caso chegue a alguma pista vou publicar.
      Quanto ao seu argumento, acho que deveria fazer um teste com as grandes empresas e buscar essa correlação. Me parece pouco provável

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    3. David, fiz as seguintes simulações adicionais, de 31/03/2020 a 28/06/2021, e os resultados são apresentados abaixo:
      $RUA - Russel 3000 (16.49% Compra no fechamento e venda na abertura do dia seguinte, 46.13% compra na abertura e venda no fechamento do mesmo dia, BAH 72,52%)
      $RMC - Russel Midcap ( 19.84% Compra no fechamento e venda na abertura do dia seguinte, 50,75% compra na abertura e venda no fechamento do mesmo dia, BAH 63,01%)
      FB ( 74,72% Compra no fechamento e venda na abertura do dia seguinte, 23,01% compra na abertura e venda no fechamento do mesmo dia, BAH 113,21%)
      AAPL ( 102,86% Compra no fechamento e venda na abertura do dia seguinte, 3,98% compra na abertura e venda no fechamento do mesmo dia, BAH 112,01%)
      AMZN ( 98,71% Compra no fechamento e venda na abertura do dia seguinte, -11,77% compra na abertura e venda no fechamento do mesmo dia, BAH 76,64%)
      GOOGL ( 59.58% Compra no fechamento e venda na abertura do dia seguinte, 33,69% compra na abertura e venda no fechamento do mesmo dia, BAH 110,91%)
      Como mais de 25% do SP500 está concentrado em poucas ações, acredito que 4 ações abrindo em gap de 2% podem provocar um gap de 0,5% no índice (fazendo uma conta de padeiro). Acho que o meu chute vai na direção da explicação correta.

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    4. Muito boa sua análise. Obrigado por aprofundar o assunto. Eu obtive uma resposta bastante plausível: a razão das altas acontecerem durante a noite seria por conta da publicação dos resultados das empresas com os mercados fechados, sendo assim, o impacto corre no after market.

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