Repita: A inflação é transitória #eurusd

 


A decisão do Fed ontem e as citações feitas por Jerome Powell criaram uma serie de interpretações pelos investidores. Vou procurar incialmente resumir os principais pontos para em seguida dar minha opinião.

O primeiro item que tomou o mercado de surpresa foi a interpretação de que a taxa de juros praticada pelo Fed iria subir 2 vezes em 2023, quando anteriormente não estava estampando essa possibilidade nos dots.



Na minha visão não vejo dessa forma, atente ao último gráfico acima destacado em vermelho. Que conclusão se pode tirar? Honestamente, nenhuma! Vejam a dispersão entre 0,25% e 1,60%. A única coisa que se pode inferir é que tem mais membros acreditando que os juros irão subir em 2023 — agora, quanto? É um tremendo chute tirar qualquer conclusão...

Vamos ver agora as opiniões da Goldman Sachs:

A reunião de junho do FOMC trouxe uma grande surpresa, com uma mudança no ponto médio em 2023 para dois aumentos, de nenhum em março, e contra nossa expectativa de um caminho plano inalterado.

A discussão do tapering estava amplamente de acordo com nossas expectativas. O presidente Powell reconheceu a discussão do comitê, mas deixou claro que "alcançar o padrão de progresso substancial ainda está muito longe". Continuamos esperando a primeira sugestão de redução gradual em agosto ou setembro, seguida por um anúncio formal em dezembro que iniciaria o processo de redução gradual no início do próximo ano, embora os riscos se inclinem para um início mais cedo.

O aumento no ponto mediano para mostrar dois aumentos foi particularmente notável porque a previsão de inflação do núcleo do PCE para 2023 permaneceu estável em 2,1%. Nossa explicação preferida é que o FOMC adota uma interpretação mais firmemente voltada para o passado da meta de inflação média do que tínhamos suposto. Com a inflação média ao longo do ciclo já a caminho de ultrapassar 2% neste ano, essa interpretação parece reduzir a barra de inflação futura para a decolagem. Tínhamos suposto anteriormente que a liderança do Fed desejaria, em vez disso, um overshoot sustentado maior de 2% para enfatizar seu compromisso com a nova estrutura no primeiro ciclo em que ela estiver em vigor.



À luz do que aprendemos hoje, mudamos nossa previsão do momento da primeira alta para 2023Q3, de 2024Q1 anterior. No entanto, vemos as chances de um aumento até o final de 2023 como apenas modestamente maiores do que 50%, porque a decolagem poderia ser facilmente prejudicada por uma inflação menor do que a esperada ou uma desaceleração mais acentuada no crescimento à medida que o apoio fiscal enfraqueça.

A opinião do Mosca é a seguinte:

·         Ninguém sabe (inclusive o Fed) se a inflação que vivenciamos agora é temporária ou não. Essa dúvida vai prevalecer no mínimo até o final deste ano.

·         O que se sabe é que os juros estão baixos e precisam subir em algum momento, que ocorrerá tão cedo quanto a entrada da economia no rumo.

·         A interpretação do mercado de juros não é uma inflação mais alta, mas a normalização dos juros em algum momento. No post juros-101 e profundezas-em-finanças, expliquei as várias formas da curva de juros e o que se deve inferir delas.

·         A curva de juros não teve um comportamento de Stepening — isso acontece quando os juros mais longos sobem mais que os mais curtos, indicando que o mercado acredita que é preciso de juros maiores do que a autoridade monetária está prevendo. Ontem a curva fez um Flattening — isso acontece quando os juros mais curtos sobem mais que os mais longos, indicando que o mercado acredita que a autoridade monetária está agindo adequadamente. O comportamento de hoje nos títulos vai ainda mais de encontro com essa ideia.

·         É verdade que foi pouco, mas se o mercado estivesse muito preocupado com a inflação teria sido o inverso.

·         Por último, o Mosca acertou na mosca em relação ao tema para esse ano. Acredito que não resta dúvida que esse é o assunto mais ventilado nos mercados.



Conclusão: Tirando um desvio daqui e outro de lá, acho que foi positiva a reunião. Não se pode dizer que o Fed esteja cego aos dados e que não tenha certa preocupação com a inflação. Passou a imagem de que não vai ficar Behind the Curve.

Vamos ter que conviver com essa dúvida e analisar os dados de forma muito pragmática, pois pelos incentivos dados aos americanos, fica difícil uma conclusão num prazo mais longo.

No post saiu, fiz os seguintes comentários sobre o euro: ...” Caso o stop loss seja ativado em relação a perspectiva adotada, significa que a correção ainda estaria em curso e o [a,b,c] em verde teria que ser rearranjado, até o limite de  1,1984, onde eu teria que reavaliar, pois abre outras possibilidades” ...



O euro acabou ultrapassando o limite definido acima de 1,1984 acarretando uma mudança de cenário. O novo panorama ainda implica na alta do euro, porém os objetivos traçados terão que ser recalculados.

No gráfico a seguir estabeleci os níveis para que essa ideia prevaleça.



A correção que está em andamento deveria levar o euro ao redor de 1,1660/1,1630, e a partir daí iniciar um movimento de alta. Mas não necessariamente será nesse nível a reversão, os níveis apontados mais abaixo de 1,145 e 1,125 poderão vislumbrar essa volta.

O que não poderá acontecer de jeito nenhum seria uma queda abaixo de 1,0635, onde minha visão de alta mais à frente se altera.

Quero enfatizar a importância do stop loss. Neste caso a perda de 0,8%, foi pequena — agora imaginem qual seria a decisão de hoje, com os níveis apontados acima. Vai esperar a reversão e amargar um prejuízo de até 7%, caso fique no intervalo mais baixo? E se mesmo assim continuar caindo até próximo de 1,0635? Tudo isso ainda prevê uma alta mais à frente.

Melhor assistir fora do mercado e esperar um outro momento de entrada.

O SP500 fechou a 4.221, sem alteração; o USDBRL a R$ 5,0210, com queda de 0,65%; o EURUSD a 1,1901, com queda de 0,77%; e o ouro a U$ 1.773, com queda de 2,13%.

Fique ligado!

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