O Brasil vale uma aposta? #usdbrl
Neste
ano, tudo que podia acontecer de ruim no Brasil aconteceu — na verdade, sempre
pode ser pior. Eu poderia elencar os seguintes pontos: briga política sobre a
vacina; aumento dos gastos públicos propostos pelo Congresso e pelo Presidente,
inflação elevada sob qualquer critério, Lula solto se tornando principal
candidato para as próximas eleições. Está bom ou precisa mais?
Mas
será que já está tudo no preço? Uma boa parte sem dúvida, porém existem ainda
algumas dúvidas que continuarão ano novo adentro, como: quem será o presidente
da República para o novo mandato?
Existe uma expressão no mercado: em determinados momentos, “está matando o morto” — e pode ser que existam algumas oportunidades em mercados que se mostraram bastante estressados. Me parece que a das taxas de juros pré-fixada pode ser um deles. Os juros nos mercados futuros apontam para taxas Selic de 2 dígitos por um longo período.
Nota-se que nesse gráfico os juros ainda atingiriam o nível de 11,4% nos próximos 12 meses, e depois uma queda os levaria a um patamar de 10,4%, válido para os próximos 10 anos. Esse formato de curva denominado de flat indica que o mercado espera o término do ciclo de alta de juros durante o próximo ano.
O
crucial numa possível aposta é a confiança de que o banco central vai conseguir
levar a inflação para o objetivo de 4% a.a. Se for bem-sucedido, existe
bastante gordura nessas taxas. Um artigo de Andrew Rosati na Bloomberg relata
sobre o IPCA publicado na última semana.
Os
preços ao consumidor brasileiros subiram menos
do que o esperado em novembro, um sinal de que a inflação
agora pode começar a esfriar depois de atingir seu ritmo
mais rápido em 18 anos.
Os
preços aumentaram 10,74% em relação
ao ano anterior, o maior desde 2003, mas abaixo da mediana de 10,9% prevista em
uma pesquisa da Bloomberg. No mês, subiram 0,95%, também menos que um salto
estimado de 1,09%, informou a agência nacional de estatísticas nesta
sexta-feira.
"Isso
confirma que a inflação de 12 meses atingiu o pico em novembro", disse
Mirella Hirakawa, economista da AZ Quest Investimentos em São Paulo. "Essa
surpresa não muda a mensagem: a inflação continua pressionada por choques e
forte demanda em meio à reabertura econômica."
As taxas de swap mais longas despencaram com as apostas dos traders de que o banco central será capaz de cortar as taxas de juros mais rapidamente após o término do atual ciclo de aperto monetário. O contrato com vencimento em janeiro de 2023, que indica expectativas para a Selic no final de 2022, caiu 26 pontos-base, para 11,37%. Foi o mais negociado em São Paulo.
O
Banco Central do Brasil está avançando com o ciclo de aperto monetário
mais agressivo do mundo, que aumentou os custos de empréstimos
em 725 pontos-base este ano. O combo de aumento de preços
e uma Selic mais alta está atingindo o poder de compra dos
consumidores e arrastando a economia para a recessão.
Os
formuladores de políticas elevaram os custos de empréstimos
para 9,25% na Quarta-feira, e sinalizaram que uma
terceira alta consecutiva de 150 pontos-base está pronta para fevereiro.
Em um comunicado, eles escreveram que persistirão até que os preços ao
consumidor se fixem no alvo.
O
presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, indicou no início
deste ano que a inflação estava prevista para atingir o pico em
setembro. Mas fatores globais, como choques de oferta e combustível
mais caro, bem como os gastos do governo interno continuaram a pressionar os
preços.
A
leitura de sexta-feira foi interpretada por vários economistas como a
primeira indicação de que os preços
ao consumidor podem finalmente estar esfriando. As vendas únicas
da Black Friday, com varejistas dando descontos em tudo, desde eletrônicos até
itens de cuidados pessoais, também ajudaram.
Os
dados são "um sinal de que a inflação
está se estabilizando um pouco mais cedo do que
a maioria dos analistas esperavam, e apoia nossa visão
de que o ciclo de aperto não dura muito mais", escreveu sexta-feira
em um artigo William Jackson, economista da Capital Economics",.
Sete
dos nove grupos de bens e serviços rastreados pela agência
de estatísticas subiram de preço
em novembro. Os custos de transporte que saltaram 3,35% e a habitação
1,03% mais cara foram os maiores contribuintes para a alta mensal, enquanto o
preço dos itens pessoais caiu 0,57%.
O
Banco Central do Brasil mira a inflação anual em 3,75% este ano e 3,5% em 2022.
O Brasil tem outra situação extremamente privilegiada. A maior parcela da dívida brasileira é local, e a quase totalidade da parcela estrangeira é do setor privado. Essa é a razão pela qual os movimentos do câmbio têm muito mais a ver com o fluxo de moeda do que com uma especulação por parte dos traders.
Para que se possa comparar a ideia exposta acima, basta ver o que ocorreu com a lira turca esse ano quando o presidente desse país, Tayyip Erdogan resolveu “assumir” o seu banco central e implementou um movimento de queda de juros num ambiente de inflação ascendente. Como podem notar acima, a Turquia tem mais de 80% de sua dívida emitida no exterior. Esse cenário é uma beleza para se especular contra.
Dado todo esse cenário, e mesmo que infelizmente o Lula volte ao poder, não acredito que no curto prazo vai querer uma política monetária diferente da atual, inclusive pelo fato de o BC ser independente. Acredito que vale uma aposta pequena.
No
post powell-you-have-problem, fiz os seguintes comentários sobre o
dólar: ...” O dólar vem ganhando espaço na alta de forma
bastante tortuosa nos últimos dias, se aproximando do limite marcado como
CONFIRMAÇÃO. Esse limite se ultrapassado vai eliminar a hipótese descrita” ...
Na semana passada o dólar ameaçou romper o canal delimitado pelas linhas pontilhadas em cinza, mas em seguida voltou a subir, embora ainda não tenha ultrapassado o nível denominado como CONFIRMAÇÃO de R$ 5,7543. Tudo indica que o cenário que estamos seguindo vem correspondendo às expectativas nesse estágio da onda 5.
Quanto mais o dólar sobe, mais perigoso fica uma aposta contra ele. Na verdade, poderia colocar de outra forma: embora para o nível de R$ 6,18 ainda exista um potencial de alta de 10%, só se deve fazer essa aposta com stop loss bastante curto. A figura muda se você tem exposição cambial: nesse caso já sugiro há um bom tempo que o risco esteja coberto.
-
David, se fosse obrigado a se posicionar, qual seria o stop loss?
Nos
níveis atuais de R$ 5,64, um primeiro nível surge a R$ 5,50, mas não recomendo,
o próximo de R$ 5,40 é mais confiável. Muito bem, o potencial prejuízo pode ser
de 4,5%, enquanto o lucro esperado de 10%. Aparentemente justificaria, porém
como venho enfatizando, essa onda 5 é danada e pode terminar antes.
O
SP500 fechou a 4.669, com queda de 0,91%; o USDBRL a R$ 5,6679, com alta de 1,18%; o EURUSD a € 1,1280, com queda de 0,25%; e o
ouro a U$1.787, com alta de 0,30%.
Fique
ligado!
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