Tema para 2022: Inflação 2.0 #eurusd



Estou lançando oficialmente o tema para 2022, acredito que continuará a ser a preocupação da comunidade financeira no próximo ano. Nós brasileiros, cuja inflação surgiu mais cedo e mais forte, talvez o Brasil esteja num estágio mais avançado, próximo do pico — espero! Ontem à noite, o banco central brasileiro subiu a taxa Selic para 9,25% e praticamente garantiu a próxima para fevereiro, que ultrapassaria a barreira dos 10%. Como o ciclo de alta foi atabalhoado, surpresas poderão ocorrer até lá.

Falando em previsões, vejam a seguir o que previam as instituições financeiras no final do ano passado. Vai errar assim em outro lugar! Mas não quero criticá-las, pois se me perguntassem na mesma época, minha resposta não seria muito diferente. O que estou buscando ao publicar é enfatizar que não se deve apostar todos as fichas em cima de previsões. A realidade pode ser bem diferente.

A maneira de combater a inflação por parte dos bancos centrais tem posturas bastante distintas. Enquanto o BCB resolveu adotar um modelo mais Hakwish — agressivo — elevando os juros sem dó, outros como o Fed resolveram esperar para ver —Dovish —, apenas indicando que vão elevar os juros no próximo ano.

Muito se tem debatido sobre a razão da alta de preços: transitória, cadeia produtiva, alta temporária por parte dos consumidores em função dos estímulos oferecidos etc. Na opinião do Mosca, é indiferente a razão: o importante será saber se foi um espasmo ou se foi criada uma espiral inflacionária mais perigosa. Essa resposta deveria orientar a política monetária a ser seguida; no primeiro caso, nada muito se deveria fazer; no segundo caso, é necessário ser mais agressivo quanto mais se desviar mais da meta.

Para nós brasileiros, que vivemos décadas com inflação alta, sempre parece que o segundo caminho é o único, pois naquelas situações esse era o cenário. Para contemplar ideias sobre o primeiro caso, Raghuram G. Rajan, Professor de Finanças na Universidade de Chicago publicou um artigo no site Project Syndicate

Os aumentos de preços nos Estados Unidos estão se espalhando por bens e serviços, e a inflação também pode ser vista em insumos empresariais de base ampla, como transporte, energia e cada vez mais mão-de-obra. Como devemos esperar que reajam os banqueiros centrais?‎

Por sua vez, o Federal Reserve dos EUA enfatizou que só contemplará o aumento das taxas de juros depois de terminar de enxugar suas compras mensais de ativos, que serão em algum momento de julho de 2022 no ritmo atual. No entanto, alguns membros do Comitê Federal de Mercado Aberto do Fed ‎‎temem‎‎ que o banco central terá ficado para trás da curva até lá, o que o forçará a elevar as taxas mais abruptamente, para níveis mais altos e por mais tempo do que o previsto. Assim, o vice-presidente do Fed, Richard Clarida, ‎‎indicou‎‎ recentemente que o Fed pode considerar acelerar o enxugamento (para que possa aumentar as taxas mais cedo) quando seus membros se reunirem novamente em dezembro. ‎(Powell sugeriu o mesmo caminho recentemente.)

‎Apesar das preocupações crescentes (mas muitas vezes não ditas) no Fed, os banqueiros centrais hoje em dia resistem a ver a inflação como um problema. No passado, os níveis atuais de inflação os teriam levado a estufar o peito, olhar determinadamente para as câmeras de TV e dizer: "Odiamos a inflação, e vamos matá-la" — ou palavras nesse sentido. Mas agora eles são mais propensos a inventar desculpas para a inflação, assegurando ao público que ela simplesmente desaparecerá. ‎

‎ Claramente, o período prolongado de inflação baixa após a crise financeira global de 2008 — quando o Fed teve grande dificuldade em elevar a taxa de inflação para sua meta de 2% — causou uma impressão duradoura na psique dos banqueiros centrais. O perigo óbvio agora é que eles possam estar lutando a última guerra. Além disso, mesmo que não caiam nessa armadilha, as mudanças estruturais dentro dos bancos centrais e no ambiente mais amplo de formulação de políticas deixarão os banqueiros centrais mais relutantes em elevar as taxas de juros do que eram no passado. ‎

‎ Para se adaptar ao ambiente pré-pandemia de baixa inflação, o Fed mudou seu quadro de inflação para visar a inflação média em um período (ainda indefinido). Isso significava que poderia permitir uma inflação mais alta por um tempo sem ser criticado por ficar para trás da curva — uma mudança potencialmente útil em um momento em que a elevação das expectativas de inflação do público era considerada o principal problema. Foi-se o velho ditado do Banco Central que se você olhando a inflação no olho, já é tarde demais. Em vez disso, o Fed olharia para a inflação por um tempo e agiria apenas quando tivesse certeza de que a mesma estava aqui para ficar. ‎

‎ Além disso, o novo quadro coloca uma ênfase muito maior na garantia de que os ganhos de emprego sejam amplos e inclusivos. Como as minorias historicamente desfavorecidas nos EUA são frequentemente as últimas a serem contratadas, essa mudança implicava que o Fed potencialmente toleraria um mercado de trabalho mais apertado do que no passado, e que teria mais flexibilidade para administrar a economia quente, o que é útil em um ambiente de demanda fraca. No entanto, agora o Fed está enfrentando um ambiente de forte demanda, juntamente com interrupções na cadeia de suprimentos que parecem improváveis de diminuir rapidamente. Ironicamente, o Fed pode ter mudado seu quadro político ao mesmo tempo que o próprio regime econômico estava mudando.‎

Mas a maior flexibilidade não deveria dar mais opções aos tomadores de decisão? Não necessariamente. No cenário atual, o Congresso acaba de gastar trilhões de dólares gerando a melhor recuperação econômica que o dinheiro pode comprar. Imagine a ira do Congresso que seguiria se o Fed agora afundasse a economia, aumentando as taxas de juros sem usar toda a flexibilidade de seu novo quadro. Dito de outra forma, um dos benefícios de um quadro claro de metas de inflação é que o Banco Central tem cobertura política para reagir rapidamente ao aumento da inflação. Com a mudança de estrutura, isso não é mais verdade. Como resultado, quase certamente haverá mais inflação por mais tempo; na verdade, o novo quadro foi adotado — durante o que agora parece ser uma era muito diferente — com precisamente esse resultado em mente. ‎

‎Mas não é apenas o novo quadro que limita a eficácia das ações do Fed. Antecipando a política monetária frouxa e as condições financeiras para o futuro indefinido, os mercados de ativos estão em crise, apoiados por empréstimos pesados. Os participantes do mercado, com ou sem razão, acreditam que o Fed está de costas e recuarão de uma trajetória de aumentos de taxas se os preços dos ativos caírem. ‎

‎Isso significa que, quando o Fed decide se mover, pode ter que aumentar as taxas para normalizar as condições financeiras, implicando um risco maior de uma reação adversa do mercado quando os participantes do mercado finalmente perceberem que o Fed significa negócios. Mais uma vez, os riscos negativos de um caminho de elevação das taxas, tanto para a economia quanto para a reputação do Fed, são consideráveis. ‎

‎A intenção original em tornar os bancos centrais independentes do governo era garantir que eles pudessem combater a inflação de forma confiável e não serem pressionados a financiar diretamente o déficit fiscal do governo ou manter os custos de empréstimos do governo baixos, diminuindo o ritmo de aumento das taxas. No entanto, o ‎‎Fed agora detém US$ 5,6 trilhões‎‎ de dívida pública, financiada por uma quantidade igual de empréstimos diários de bancos comerciais. ‎

‎Quando as taxas subirem, o próprio Fed terá que começar a pagar taxas mais altas, reduzindo o dividendo que paga ao governo e aumentando o tamanho do déficit fiscal. Além disso, a dívida dos EUA está em torno de 125% do PIB, e uma parte significativa dela tem um ‎‎curto prazo‎‎ de vencimento, o que significa que o aumento das taxas de juros começará rapidamente a aparecer em custos de refinanciamento mais altos. Uma questão à qual o Fed não precisou prestar muita atenção no passado — os efeitos do aumento das taxas sobre os custos de financiamento da dívida pública — agora estará na berlinda.‎

É claro que todos os bancos centrais dos países desenvolvidos, não apenas o Fed, enfrentam forças semelhantes que pressionam para a contenção no aumento das taxas. Assim, o primeiro grande banco central que se mover também pode fazer com que a taxa de câmbio de sua moeda se valorize significativamente, desacelerando o crescimento econômico. Esta é mais uma razão para esperar. Por que não deixar outra pessoa agir primeiro, e ver se atrai a ira dos mercados e dos políticos? ‎

‎ Se o cenário pós-2008 se repetir, ou se a China e outros mercados emergentes transmitirem impulsos desinflacionários em toda a economia global, esperar terá sido a decisão certa. Caso contrário, os atuais impedimentos à ação do Banco Central significarão uma inflação maior e sustentada, e uma luta mais prolongada para controlá-la. O presidente do Fed, Jerome Powell, terá muito para avaliar quando começar seu segundo mandato.

Como monetaristas que somos, é um pouco difícil aceitar os argumentos de Raghuram. Também tenho dúvidas se a maior parte dos participantes do comitê de política monetária aceitaria a pressão dos mercados caso a inflação não recue a níveis mais administráveis. No meu ponto de vista, algo em torno de 2,5% e no máximo 3% no final de 2022, seria plausível; mais que isso, deveriam acelerar as altas.

Os mercados têm uma projeção mais elevada para a inflação no próximo ano, cuja percepção alterou-se sensivelmente durante este ano. Por outro lado, a expectativa no longo prazo se mantém razoavelmente comportada, acreditando que o Fed terá controle sobre a inflação.



Para que os leitores tenham uma dimensão de como se encontram negativas as taxas de juros reais, descontada a inflação recentes. No gráfico a seguir, com qualquer métrica de inflação, a mínima é -3% a.a.



Amanhã será publicado o CPI americano, cujas previsões para a taxa anual estão beirando os 7% a.a., nível não vivenciado por boa parte dos leitores — o que não é o caso do Mosca, que viveu a alta ocorrida no final dos anos 70. A Libor chegou a 20% a.a., eu vi!

Como podem notar, é difícil ter uma posição sobre o que irá acontecer. Como mencionei diversas vezes, a postura do Mosca é agnóstica: vou reagir conforme a realidade se impuser.

No post piramides-digitais, fiz os seguintes comentários sobre o euro: ...” euro atingiu matematicamente o nível de  1,1262 ontem, reagindo em seguida (será que os traders estão lendo o Mosca ou usando Elliot Wave?)” ... Depois de atingir esse nível uma recuperação tomou pulso e uma sequência de 5 ondas se formou sugerindo um potencial trade, pelo menos de curto prazo.



Os próximos 6 parágrafos estão grifados com letras menores porque acabei mudando de ideia. As sugestões ficam canceladas e será explicado mais adiante os motivos.

Toda vez que sou levado a observar gráficos com janelas pequenas – no caso, de 1 hora – sei que posso entrar numa armadilha, pois como poderão verificar a seguir, as 5 ondas não são de livro texto. Por outro lado, é necessário arriscar numa virada de mercado – sempre será um risco! Como proceder nesses casos?

A primeira forma seria aguardar a formação de uma correção de 3 ondas (anotada no gráfico como A, B, C em verde) e comprar dentro da região anotada no retângulo (1,1303 – 1,1272), da qual podemos eliminar o primeiro intervalo já que a onda A atingiu esse patamar. Esse é o caso que descrevo como pegar uma faca em queda, mas que no caso seria um canivete pois o stop loss seria 1,1220.

A outra seria esperar o término das 3 ondas acima e embarcar se em seguida se formarem 5 micro-ondas.



No primeiro caso vai comprar mais barato e no segundo mais caro, porém com a certeza de que a queda foi em 3 ondas. Neste caso, estou propenso a usar o primeiro método. Compro euro a 1,1275 com stoploss a 1,1220. Tenham em mente que é um trade especulativo, muito embrionário.

- David, está ficando agressivo, propondo operações de day trade?

É importante ter várias formas de agir no mercado, e tudo depende do risco retorno. Nesse caso, a queda do euro da máxima atingida em janeiro deste ano a 1,2220 foi estendida, acima do que se considera provável, formação de 5 ondas na janela de curto prazo, e principalmente um stop loss bem pequeno.

NOTA FINAL DE TARDE: Com a queda do euro no final da tarde busquei observar se estávamos próximos do ponto de entrada, foi quando notei um risco que eu não tinha considerado. Observe a seguir o gráfico com janela de 1 dia, o movimento que eu observava ser 5 ondas ( na janela de 1 hora) pode ser de 3 ondas (i,ii,iii em verde), e 3 ondas não é direcional e sim correção, sendo assim, na dúvida não se deve entrar. Tudo está levando a crer que um triangulo está se formando (em laranja), o que pré anuncia novas quedas.



O leitor pode ser perguntar por que eu não apaguei o texto? A razão é para mostrar o caráter especulativo que eu mencionei e as armadilhas de janelas pequenas.

A interpretação continua em aberto, saberemos nos próximos dias qual análise está correta.

O SP500 fechou a 4.667, com queda de 0,72%; o USDBRL a R$ 5,5727, com alta de 0,72%; o EURUSD a 1,1290, com queda de 0,48%; e o ouro a U$ 1.774, com queda de 0,41%.

Fique ligado!

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