Palmas para a China #nasdaq100
Nos últimos tempos se observou diversos movimentos ou correlações esquisitas, e recentemente surgiu mais uma. O dólar tem mostrado força contra todas as moedas durante este ano. Ontem comentei sobre o euro tema-para-2022-inflacao-20, a moeda que tem maior peso no indicie denominado de DXY. Como se pode notar a seguir, a moeda americana segundo esse critério, vem se apreciando continuamente em 2021 com valorização de aproximadamente 7%.
Em relação as moedas emergentes também seguem no mesmo caminho. Nessa categoria o real vem se destacando como uma das piores no ano, mesmo com uma política monetária restritiva adotada pelo banco central colocando o Brasil com juros reais positivos. Mas não escapou nenhuma, com uma exceção, o yuan a moeda chinesa.
Se alguém viesse de marte e soubesse dos problemas que o setor imobiliário chines tem sofrido esse ano e sabendo que representa 20% de seu PIB acrescido ao movimento do dólar comentado acima, essa pessoa apostaria as calças que o yuan estaria desmoronando. Talvez ele perguntasse se o governo estaria intervindo no mercado cambial para amenizar a queda, e a resposta seria exatamente inversa, a de que está tentando segurar a alta. Pois é, o yuan é a melhor moeda de 2021!
Rebecca
Feng jornalista do Wall Street Journal publicou uma matéria sobre esse fenômeno.
O
yuan subiu para as máximas de vários anos em relação ao dólar e outras moedas
principais, refletindo a forte demanda pelas exportações da China e seus ativos
financeiros, e provocando algum recuo do banco central do país.
A alta é incomum porque vem enquanto o dólar também está ganhando terreno. Isso contrasta com um rali anterior em 2018, que refletiu em parte uma fraqueza mais ampla na moeda americana.
Nesta semana, o yuan offshore mais livremente negociado se firmou abaixo de 6,35 para o dólar pela primeira vez desde maio de 2018. Ganhou cerca de 2% este ano contra seu equivalente americano.
Da
mesma forma, o índice CFETS RMB, que mede o yuan contra uma
cesta de moedas principais, incluindo o euro e o iene japonês,
atingiu recentemente o nível mais alto desde o início de 2015.
Na
noite de quinta-feira, em Pequim, o Banco Popular da China aumentou a proporção
de depósitos em moeda estrangeira que os bancos domésticos precisam manter em
reserva, elevando essa taxa de exigência de reserva em 2 pontos percentuais para
9%.
O
movimento ajuda a drenar a liquidez cambial do sistema bancário da China, e foi
tomado por economistas e analistas como um sinal de que o banco central quer
desacelerar ainda mais a valorização do yuan. Anteriormente, elevou a proporção
em maio, sua primeira ação desse tipo em mais de uma década.
Observadores
do mercado dizem que, embora a China tenha
desfrutado de um boom de exportação, tendo uma moeda muito
forte, ou um aumento muito rápido, poderia prejudicar o comércio
exterior. Isso viria assim como alguns outros impulsionadores do crescimento
chinês, como o mercado imobiliário,
que está enfraquecendo. O
PIB cresceu 4,9% em relação
ao ano anterior no terceiro trimestre.
As exportações têm sido o "maior motor de crescimento" para o PIB da China desde meados de 2020, escreveram analistas da Nomura em uma nota de pesquisa na sexta-feira. Os formuladores de políticas podem ter percebido que o yuan forte poderia enfraquecer essas exportações, especialmente quando o crescimento já caiu em parte devido a restrições às emissões de carbono e restrições ao setor imobiliário, disseram eles.
Há várias razões fundamentais para a força do yuan.
Tommy
Xie, chefe de pesquisa e estratégia da Grande China no OCBC Bank, disse que
o desempenho do yuan refletia o "excepcionalismo da China", ou como o
país havia prosperado durante a pandemia
Covid-19. Ele traçou um paralelo com o apetite excepcional
pelo dólar americano e pelos ativos americanos durante um período muito mais
longo.
"Enquanto
o vírus continuar a ser uma preocupação
para a economia global, as pessoas estão dispostas a pagar o prêmio"
pela moeda chinesa, disse ele.
Mudanças
induzidas por pandemia nos padrões de consumo têm turbinado a demanda por
produtos chineses, enquanto a política zero-Covid do país manteve seus turistas
em casa. Isso significa que a China está exportando muito mais do que importa,
e esse excedente em mercadorias não é equilibrado por um grande déficit de
serviços orientados pelo turismo.
As
exportações da China saltaram para um recorde de US$
325,5 bilhões no mês passado, um aumento de
22% em relação a novembro passado. Enquanto isso, o
superávit da conta corrente nos três primeiros trimestres deste ano atingiu o
equivalente a US$ 203 bilhões, o maior desde 2015.
O
excedente permanecerá alto enquanto a China mantiver sua
política de zero-Covid, que por sua vez mantém as importações de serviços por
turistas chineses baixas, disse Alvin Tan, chefe de estratégia de câmbio da
Ásia na RBC Capital Markets. Economistas e especialistas em saúde pública
esperam que a política zero-Covid dure pelo menos até
os Jogos Olímpicosde Inverno , que a China
sediará em fevereiro.
Enquanto
isso, os estrangeiros estão construindo suas posições
em ações e títulos denominados em yuan, o que também
está impulsionando a moeda, disse Tan. As
participações estrangeiras em títulos
do governo chinês atingiram um recorde de 2,39 trilhões de yuans no mês
passado, o equivalente a US$ 375 bilhões, mostram dados oficiais da
clearinghouse.
A
autoridade monetária também poderia tomar medidas mais contundentes, dizem
analistas, incluindo a abertura de mais canais para investidores onshore
movimentarem capital offshore, ou mesmo orientar bancos estatais a vender a
moeda e comprar dólares.
Além
disso, poderia reintroduzir algo conhecido como fator contracíclico, o que lhe
daria mais discrição na definição
da correção diária. Esse fator foi removido
no final do ano passado para tornar o yuan precificando mais baseado no
mercado.
Alguns
analistas dizem que o banco é mais sensível à
velocidade de qualquer rali do que o nível absoluto do yuan, ou que está
confortável com ganhos, desde que as empresas ainda estejam preparadas para uma
possível venda.
"A
questão é: o Banco Central vai ficar mais impaciente
e tomar medidas mais ativas e vigorosas? Acho que podemos chegar a isso se a
economia chinesa enfraquecer muito mais daqui", disse Tan, da RBC.
Essa pseudo anomalia está sendo ocasionada pelo
fluxo de moeda através das duas frentes: balança comercial e compra de títulos,
mostrando que os investidores enxergam a China de maneira diferente do passado
como um “porto seguro”. Essa reação tem implicações muito importantes nos
mercados financeiros: a primeira é a de que o dólar tem um competidor a altura;
segundo a China está sendo exitosa em sua política de se firmar como a segunda
economia mundial.
No
futuro, se por algum motivo o dólar for colocado em xeque, além das moedas do
G7 o yuan passa a ser um candidato a substituir a hegemonia americana. O banco
central chines deve aproveitar essa onda e tornar o yuan conversível, afinal se
esse movimento continuar se solidificando, seu problema será o de intervir não
para evitar desvalorização, mas sim a valorização do yuan. Palmas para a China!
O
CPI americano foi publicado em linha com as expectativas dos analistas. Embora
a taxa esteja beirando os 7% a.a., a reação dos mercados foi positiva, com as
bolsas subindo, e pasmem, o juro de 10 anos em leve queda a 1,47% a.a.!
Ontem
anunciei o tema para 2022: Inflação 2.0. Para quem não sabe, o motivo do 2.0 é
imitar as series de filmes, que quando fazem sucesso, novas versões são
anunciadas.
Recebi
pela manhã o resultado de uma pesquisa efetuada pelo Deutsche Bank com 750 investidores
sobre qual o nível de inflação que esperam para o final de 2022. O resultado
não parece muito animador: a média ficou em 3,8% a.a., apenas 2% acreditam que
ficará abaixo de 2% a.a.; e 75% acreditam que a inflação ficará entre 2% e
4,5%. Vamos guardar esses dados para comparar no próximo ano.
No post cuidado-com-as-dicas, fiz os seguintes comentários sobre o nasdaq100: ...” o nível de 15.770 é crucial, abaixo dele vai indicar que a correção ainda está em curso e provavelmente vai caminhar para o intervalo inferior mencionado acima de 15,5 mil. Caso contrário, é necessário esperar os movimentos de alta” ...
Da mesma forma que comentei sobre o SP500 no post ai-ai-ai-esta-chegando-hora, --- “ será que a possibilidade de a correção ainda estar em andamento foi totalmente eliminada? Não, mas acredito que seja de 80%” ..., o índice nasdaq100 também deve ter terminado a correção. O leitor poderia se perguntar por que motivo ainda não recomendei a compra e a resposta é administração de risco, pois está em aberto a sugestão no SP500.
No
gráfico a seguir aponto os níveis que deve ser atingindo caso se confirme que a
correção terminou.
Nesse possível movimento de alta a bolsa americana deveria atingir 20 mil (arredondado), uma alta nada trivial de 23%. Mas antes de estourar a champagne precisamos nos cerificar que a correção terminou.
Embora o buchicho de bolha tenha cessado ultimamente, é praticamente impossível se saber ex-anti. A ilustração a seguir mostra as diversas bolhas que trazem algum significado que ocorreram no tempo.
O primeiro e o segundo gráfico diferem pela amplitude de duração desde o começo até o término. Quanto a magnitude parece oscilar entre 4 e 6 vezes no primeiro, enquanto o segundo entre 6 e 8 vezes. Nada muito mais a concluir.
O SP500 fechou a 4.712, com alta de 0,95%; o USDBRL a R$ 5,6127, com alta de 0,72%; o EURUSD a € 1,1310, com alta de 0,18%; e o ouro a U$ 1.782, com alta de 0,45%.
Fique
ligado!
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