Prisioneiros do euro #eurusd
Desde
que comecei a publicar o Mosca em 2011 sempre tive uma visão negativa da
Europa. Não que eu não goste do velho continente — ao contrário, hoje está entre
meus lugares favoritos. Mas minha crítica se concentra no grave erro que
cometeu ao adotar uma moeda única com países tão diferentes.
Em
2012 a crise eclodiu por lá e, naquele momento, os países que denominei de Club
Med (Espanha, Portugal e Itália) não abandonaram essa amarra por um triz — não
fosse a coragem de Mario Draghi, o Super Mario como lá denominei. Como presidente
do ECB proferiu uma frase que ficou marcada: “Farei what ever it takes para
manter o euro”. Foi aí que começou a compra de títulos por parte do ECB dos
países com problemas. Começou e nunca mais parou.
Em 2016, a Inglaterra resolveu se divorciar do bloco europeu; ruim com ele, pior sem ele. Desde então, tem tido muita dificuldade em firmar novos acordos comerciais com a Europa, além da sua moeda nunca mais conseguiu recuperar os níveis existentes antes da decisão.
Mesmo
um leigo como eu nesse assunto teria muita dificuldade em imaginar que
franceses, alemães e britânicos poderiam ter uma política monetária única — basta
observar a história de conflito entre eles. Agregue a esse grupo os espanhóis,
italianos, portugueses, gregos e outros e imponha uma camisa de força, que é o
que representa a moeda única.
Depois
do evento da Covid — depois? ainda —, quando vários países europeus foram duramente
castigados, a retomada ocorrida neste ano criou uma situação interessante.
Existem diversos países do Leste europeu que estão dentro do mercado comum, mas
que ainda não aderiram à moeda única mantendo suas próprias. Como comenta
Cedric Gemehl em relatório publicado pela Gavekal, a Europa está de novo
dividida.
Para a parte Ocidental, o Banco Central Europeu mantém sua crença na narrativa da inflação transitória, com Christine Lagarde mal reconhecendo os riscos de alta. Para a parte Oriental, entretanto, os países CEE-3 — Hungria, República Tcheca e Polônia— estão considerando a inflação uma ameaça séria. O Banco Nacional Húngaro recentemente aumentou as taxas de juros pela sétima vez em menos de seis meses, prometendo aperto na carga inicial em preparação para uma longa campanha contra a inflação. A Polônia e a República Tcheca também aumentaram as taxas além das expectativas.
Essas políticas monetárias divergentes ressaltam como a inflação permanece mais forte e persistente na Europa Oriental em comparação com o Ocidente. Embora a inflação para os países CEE-3 possa recuar até 2022, as questões estruturais que alimentam seu crescimento dificilmente serão remediadas rapidamente.
Os
países da Europa Oriental devem se sentir aliviados por não terem aderido ainda
a moeda única: se tivessem, o que poderiam fazer para combater a inflação
existente sem que gerasse um desconforto de inclinar a curva de juros dos
títulos de renda fixa? Não quero dizer que as condições seriam as mesmas e nem
é possível se fazer um paralelo com a situação atual, mas seguramente é melhor
ter as rédeas na mão neste momento.
Essa
é mais uma situação que se somam às várias outras que comentei durante esses 10
anos que mostraram o fracasso do projeto de moeda única. Assim, os países que
aderiram se tornam prisioneiros do euro!
Quando
foi lançada a moeda única em 1999, valia € 1,1740; logo
em seguida, caiu para € 0,8220 em outubro de 2000. Mas
foi em julho de 2008 que sua cotação atingiu a máxima de € 1,6030,
quando naquele momento o dólar estava sendo ameaçado de perder seus status. Hoje
se encontra em € 1,1310.
Dados
os comentários salgados do Mosca, será que o euro vai valer pó? Para
responder a essa pergunta, vejamos o que a análise técnica nos conta.
No
post publicado no final de 2020 o-dólar-vai-virar-pó, fiz os seguintes
comentários sobre o euro: ... “seria de se esperar
uma continuidade da alta atual até € 1,225; em seguida, uma pequena
retração ao nível de € 1,206 (aqui seria um bom ponto de compra) para
rumar no movimento final dessa sequência a € 1,2500, muito próximo do
nível sugerido na análise de longo prazo” ... ...” 2 cenários seriam de se esperar depois desse movimento:
1) Fôlego: Neste caso, uma
retração com idas e vindas que levaria a moeda única entre € 1,1540
(gosto mais) com queda de aproximadamente 8%, ou € 1,1320 registrando
uma retração de 10%. Depois o euro voltaria a subir.
2) Isso é tudo: Conforme comentei acima: ... “à onda marcada como (b) poderia estar em ação” ... A confirmação desse cenário se dá caso o euro caia abaixo de € 1,0635. Mas a desconfiança começaria se o nível de € 1,1320 fosse vencido e principalmente € 1,1010.
Minha visão sobre o euro não se alterou, apenas a queda se estendeu. Como comentei no ano anterior, a desconfiança ( de queda) se elevaria no nível que se encontra no momento a € 1,1320, mas por outro lado não se pode rejeitar a tese. Até acredito que uma nova queda poderia levar a € 1,0980, como se pode verificar no gráfico a seguir.
Quando a correção terminar, um movimento de alta deveria levar a moeda única ao patamar de € 1,275 - € 1,2910, isso deveria ocorrer no final do próximo ano. Daí em diante, deixo as portas abertas para qual direção, não teria como ter uma preferência observado de hoje. Se continuar a subir vou ter que alterar minhas premissas sobre a correção e provavelmente assumir um movimento direcional. Caso contrário, uma queda será prevista.
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Opa David, estamos aqui te acompanhando, não entramos de férias. De novo, se não subir
vai cair. Come on!
Leia
bem o que eu escrevi, eu disse que não tenho preferência!
É
difícil imaginar uma situação no qual o euro comece a galgar novos rumos de
alta, com todas as colocações que eu fiz e venho fazendo; por que a moeda única
iria subir? Posso elencar alguns motivos: a Europa ter um crescimento maior que
o esperado o que levaria o ECB a rever sua política de juros negativos; os
investidores podem ficar desconfiados do dólar como já ocorreu diversas vezes
no passado — nesse caso, a moeda única se beneficiaria.
Eu
sempre procuro enfatizar que as operações de câmbio são compostas por duas
moedas, a que se compra e a que se vende. Desta forma, quando uma moeda sobe em
relação a outra pode ser por seu mérito ou demérito da que é vendida.
Hoje
é penúltimo post do ano, como de costume público no último dia do ano um
apanhado dos principais acontecimentos em conjunto com os resultados dos trade
sugeridos pelo Mosca. Voltaremos a publicações diárias a partir de 10 de
janeiro, ou antes, caso ocorra alguma coisa especial.
nota: tudo indica que uma sugestão de compra para o nasdaq100 está bem próxima. Acompanhe pelos canais habituais o Mosca.
Agradeço a confiança dos leitores que vem crescendo ano a ano. Agora, rumo a meio milhão de visualizações.
Hoje
os mercados permaneceram fechados.
Boas
Festas e Feliz 2022.
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