Sem sintomas #nasdaq100

 


No auge da pandemia, tinham dias que eu acordava com a garganta arranhando um pouco, o pensamento imediato era estou com Covid. A partir daí, um acompanhamento minuto a minuto era feito para confirmar ou não o pré-diagnostico. Os testes ainda não estavam tão difundidos como agora, e só restava esperar. Na grande maioria das vezes, era um alarme falso provocado pela síndrome da doença psicossomática, com sintomas tão fortes que só o exame tirava esse temor da cabeça. Hoje em dia é muito menos frequente, pois por R$ 40 reais você tira a dúvida.

Durante meus 40 e tantos anos de convivência nos mercados, não me recordo de um período em que as previsões eram tão dispares — e não é meia dúzia de um lado contra a grande maioria no outro, é um jogo razoavelmente divido. Hoje pela manhã, quase caí da cadeira ao me deparar com o gráfico abaixo. Será possível que isso pode ocorrer? No final de 2024 a taxa do Fed funds a 0,50 % a.a.? Não sei o que esse economista está projetando, se a inflação vai cair de cabeça ou estaremos numa depressão. Acho que é essa última, e não é de qualquer um, se trata de um dos maiores bancos japoneses!



Eu prometi aos leitores que vou ficar agnóstico observando os dados, e ontem foi publicado o PIB americano; embora tenha algumas fraquezas apontadas pelos economistas nos detalhes, o aumento de estoques foi elevado. Mas observe o gráfico a seguir e notem que no ano passado, na mesma época, a alta desse item foi muito superior (será que foi tão ruim assim esse ano?)



John Authers comenta na Bloomberg que a desaceleração não virá direto ou sem dor.

 Quando os mercados colidem

O mercado deixou de fazer sentido. Os dados divulgados na quinta-feira reforçaram algo com que muitos não ficaram muito surpresos: que a economia dos EUA cresceu mais rápido do que o previsto até o final de 2022. O Produto Interno Bruto (PIB) aumentou a uma taxa anualizada de 2,9% nos últimos três meses do ano passado, após um ganho de 3,2% no terceiro trimestre. Em uma ótima notícia para o Federal Reserve, a inflação anualizada da despesa de consumo pessoal trimestral desacelerou de 4,7% para 3,9%. Havia sinais de desaceleração da demanda subjacente também, e isso a tornou ainda melhor no que diz respeito aos mercados. A julgar pelas medidas da Bloomberg derivadas do mercado futuro dos Fed Funds, os números mais recentes não fizeram nada para mudar a quase certeza de que o Fed subirá apenas 25 pontos-base na próxima semana. Nada neutralizou as mensagens positivas dos dados de desemprego e inflação no início do mês:



Quão perto está o Fed do pico? Um marco importante foi alcançado: a inflação, pelo menos esta medida em particular, caiu abaixo da taxa dos Fed funds. O Fed está estabelecendo uma taxa real positiva novamente. Há muito espaço para discutir se essa política é realmente "apertada", mas os dias de frouxidão flagrante acabaram. Não é mais obviamente acomodativa, e interromper a campanha de caminhadas agora parece muito mais fácil:



Obrigações vs. Crédito Corporativo

Ao longo do tempo, a curva de rendimentos tem sido a melhor medida de probabilidade de recessão que temos. Quando os títulos do Tesouro de três meses rendem mais de 10 anos, é um sinal claro de que o mercado está preparado para uma desaceleração iminente, a ser seguida pelo corte de taxas:




A curva de rendimentos mal se deslocou nos números do PIB. Stan Shipley, da Evercore ISI, reconheceu que o crescimento econômico geral foi melhor do que o esperado nesse período, mas a economia começou o primeiro trimestre deste ano em um "buraco profundo". O mercado de renda fixa, disse ele, está descontando o risco de uma recessão de curto prazo a partir desta divulgação.

Um outro estudo mostra que caso o Fed resolva subir as taxas (como demostraram ser esse o caso no último comitê) a taxa vai ficar ainda mais invertida como mostra o gráfico a seguir.



Mas os spreads de crédito - o rendimento extra pago pelos tomadores de empréstimos corporativos em comparação com o Tesouro - também são um bom indicador de recessão e não estão prevendo nada disso. Matthew Diczok, chefe de estratégia de renda fixa do Bank of America Corp., disse que a curva de rendimentos estava sinalizando uma recessão como um "negócio fechado", mas os spreads de crédito com grau de investimento estão em 122 pontos-base (quando eles precisam chegar a 175 para 200 pontos-base em uma recessão) e spreads de alto rendimento em 420 pontos-base (você esperaria 650-800) definitivamente não eram:




Ele atribui isso à força contínua do mercado de trabalho e, particularmente, aos níveis muito baixos de reivindicações iniciais de desemprego:

“O comparativo é semelhante a todas as outras declarações de risco. Isso porque quando o macro diverge, segue o mercado de trabalho. Enquanto isso não acontecer, podemos permanecer em avaliações elevadas versus leituras de recessão. Acompanhar pedidos de desemprego contra spreads IG torna este caso mais convincente”

Você esperaria que grandes empresas pudessem tomar empréstimos baratos quando o mercado de trabalho está tão forte, e elas podem. Um rápido aumento nos créditos (elevando os spreads de crédito) ou cortes diretos nas taxas pelo Fed (inclinando a curva) podem começar a resolver essa inconsistência. Qual a probabilidade disso?

Para completar suas dúvidas, todos os dias notamos no noticiário mais uma empresa (notadamente do ramo de tecnologia) anunciando um corte no seu pessoal. O dado mais recente que acumula essas dispensas aponta para algo em 500 mil, um resultado importante considerando que o número de empregos criados em média ronda por volta de 200 mil mensais. Olhando somente por esse ângulo, seria de se supor que a taxa de desemprego nos próximos meses voltasse a subir, certo? Não sei, veja como o mercado de trabalho está apertado, em nenhum momento nos últimos 20 anos esteve desse modo, ao contrário, na maioria das vezes com muita folga.




A vida do pessoal no Fed não está nada fácil!

No post cuidado-com-torcida eu estava incerto com a trajetória da nasdaq100, elaborei desta forma dois cenários opostos e com as altas desde então o de alta ganhou minha preferência: ...”  Com a alta que ocorreu nesta semana, a alternativa de alta ganhou sobre vida deixando o cenário ainda mais incerto” ...



O gráfico de hoje contempla uma visão de janela semanal e diária. A bolsa está num momento crucial, buscando romper uma linha que se mostrou cruel em três outras ocasiões, como destacado no gráfico menor com os símbolos em verde. Essa situação também ocorre no índice SP500, no qual sugeri um trade ontem. Caso seja bem-sucedido desta vez, os níveis destacados no retângulo passam a ser de grande importância.



Meus comentários sobre esses níveis são:

12.919 – Muito importante que seja ultrapassado pois embora não seja emendativo uma reversão nesse ponto poderia indicar que a correção maior não terminou.

13.476 – Não é muito importante como definição pois pode pender para os dois lados (alta e baixa).

13.832- Caso atinja esse nível minha aposta na alta permanece intacta e mais provável.

Os investidores adoram observar o passado para inferir sobre o que pode ocorrer no presente. Durante as últimas vezes que a economia estava em recessão, a bolsa começou o movimento de alta antes que esta terminasse (aproximadamente seis meses antes). Nesse caso, se isso ocorrer seria sui generis, pois começaria a subir antes que houvesse recessão! Vai para o Guiness book! Hahaha ...

Resolvi fazer uma aposta de pequeno porte hoje na abertura, vou considerar ½ risco normal afinal já temos um andamento no SP500. O trade é de compra a 12.020 com Stop loss 11.800.



O SP500 fechou a 4.070, com alta de 0,25%; o USDBRL a R$ 5,1109, com alta de 0,87%; o EURUSD a € 1,0864, com queda de 0,23%; e o ouro a U$ 1.928, sem variação.

Fique ligado!

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