É difícil não saber #SP500
Atualmente não consigo ter uma opinião sobre o que vai
acontecer na economia americana neste ano. Ao ler os inúmeros artigos a que me
deparo diariamente, fico sensível a ideias num sentido e no sentido inverso.
Não me lembro situação semelhante, pois de maneira geral tenho opiniões baseadas
nas minhas perspectivas. Posso dizer que é uma sensação estranha, um certo
sentimento de incompetência. Mas será que quem está se posicionando tem tanta
certeza assim?
O Tema do Mosca em 2023, Sim ou Não?, depende
de como o Fed vai administrar sua política de taxa de juros. Não se pode
esquecer que o Fed vem enxugando a liquidez, diminuindo o estoque de títulos
que detém, e é natural que isso tenha um efeito equivalente ao de uma alta de
juros. O Fed de São Francisco calcula que esse enxugamento tem um efeito total na
taxa do Fed funds equivalente a 7% a.a..
Acredito que não existe dúvida sobre um fato: se o Fed apertar demais, vai levar a economia para a recessão, e se apertar de menos, corre o risco de a inflação voltar. Qual a medida certa ninguém sabe, ninguém! O mercado está confiante que a inflação está dominada, projetando queda de juros para este ano, mesmo sem saber em que ponto isso irá ocorrer, já que o Fed continua subindo os juros. Mas alguns gestores não têm tanta certeza assim, como relata Eva Szalay na Bloomberg.
Algumas das maiores gestoras de ativos do mundo, como
BlackRock, Fidelity Investments e Carmignac, estão alertando que os mercados
estão subestimando tanto a inflação quanto o pico final das taxas dos EUA,
assim como ocorreu há um ano.
As apostas são enormes depois que Wall Street quase
unanimemente subestimou a trajetória da inflação. Ações globais viram US$ 18
trilhões eliminados, enquanto o mercado do Tesouro dos EUA sofreu seu
pior ano da história. E, no entanto, observando os swaps de inflação, as
expectativas são novamente de que a inflação será relativamente mansa e cairá
em direção à meta de 2% do Federal Reserve dentro de um ano, enquanto os
mercados monetários estão apostando que o banco central começará a cortar as
taxas.
Isso embarca os mercados em outra viagem brutal, de acordo
com Frederic Leroux, membro do comitê de investimento da gestora de ativos
francesa Carmignac (US$ 47 bilhões em ativos), já que a escassez de
trabalhadores provavelmente alimentará uma inflação maior do que o esperado.
"A inflação veio para ficar", disse Leroux em uma entrevista por telefone. "Após a crise, os banqueiros centrais pensaram que poderiam decidir o nível das taxas de juros. Nos últimos dois anos, eles perceberam que eles não decidem isso: a inflação é que decide."
Ele acrescentou que um dos maiores erros de preços no mercado hoje é a expectativa de que a inflação caia para 2,5% no próximo ano, antes de acrescentar que o mundo está entrando em um ciclo macroeconômico comparável ao que vigorou entre 1966 e 1980. Esse período viu choques de energia que levaram a inflação dos EUA a dois dígitos duas vezes.
"Temos que viver em um ambiente muito diferente de
antes", disse Leroux. Ouro, ações japonesas e empresas confiáveis e
estáveis retornarão, em sua opinião, à medida que os rendimentos reais
negativos persistirem e os bancos centrais não estiverem dispostos a infligir
muita dor.
Na quinta-feira passada, autoridades do Fed reiteraram a postura hawkish do banco central com comentários que procuravam dissipar as esperanças de uma reversão iminente no caminho da política. Na sexta-feira, o economista-chefe do Banco Central Europeu, Philip Lane, ecoou esse sentimento, dizendo que as pressões sobre os preços permanecerão elevadas, mesmo que o aumento dos custos de energia diminua.
Analistas do Instituto de Investimentos da BlackRock também veem a inflação alta persistir, com pouca esperança de que uma recessão estimule o Fed a cortar os juros. Em vez disso, eles esperam que o Fed reduza seus aumentos descomunais para os menores, à medida que a dor da desaceleração econômica se torna clara, mesmo que a inflação permaneça acima da meta de 2% do banco.
"É improvável que os bancos centrais venham em socorro
com cortes rápidos de juros em recessões que eles projetaram para reduzir a
inflação para as metas de política. Quando muito, as taxas de juros podem
permanecer mais altas por mais tempo do que o mercado está esperando",
escreveu uma equipe de analistas, incluindo Jean Boivin, chefe do Instituto, na
semana passada. A BlackRock está abaixo do benchmark nas ações do mercado
desenvolvido e prefere o crédito de nível de investimento aos títulos do
governo de longo prazo.
Jurrien Timmer, diretor de macro global da Fidelity
Investments, disse à
Bloomberg que a inflação continua a ser um risco-chave para os mercados, já que
o Fed deixou repetidamente claro que quer ver a inflação descer até a meta de
2%, não apenas uma desaceleração no crescimento dos preços.
Nem todos os fundos concordam, é claro. A gestora de ativos
holandesa Robeco, com € 246 bilhões sob gestão, considera que 2023 será o pico
para as taxas, do dólar e também da inflação. Isso se deve principalmente às
suas expectativas de uma recessão e à incapacidade dos formuladores de políticas
de projetar um pouso suave, o que ele acha que provocará cortes de juros.
Mas Leroux, da Carmignac, disse que o foco do mercado no
potencial pivô do Fed é "uma atração secundária", já que haverá um
ponto em que os investidores perceberão que a inflação está mais renitente do
que eles pensavam.
"Em algum momento, o mercado terá que entender que mais
aumentos de juros estão chegando", disse ele.
Então, qual a sua aposta? Eu vou ficar agnóstico e ver para
crer, assumindo a difícil posição de não sei!
No post o-mercado-e-impiedoso estava com dúvida sobre a trajetória do SP500 e fiz os seguintes comentários: ... “ o mercado, depois de abrir muito animado, está retrocedendo neste momento, deixando o quadro incerto se a onda iii) em amarelo começou ou se a onda ii) está em curso. O símbolo em verde mostra como a bolsa tentou romper a reta e neste momento ainda não conseguiu” ...
Durante o período que não houve postagem uma pequena retração foi observada na bolsa, porém, ainda deixando incerto em qual dos dois cenários de retração se encontra. No curto prazo poderá ocorrer queda sem que se saiba qual sua magnitude, que depois de terminada, um movimento de alta será observado.
O primeiro gráfico abaixo contempla uma queda até 3.710 (-5%) / 3.613 (-7,5%) para em seguida volta a subir, onde nova máxima deve ser atingida - Esse caso parece ser o menos provável quando é feita uma comparação com a nasdaq100. Na sexta-feira vou mostrar o motivo.
Outra possibilidade considera uma queda mais profunda e com a duração de poucos meses projetando o SP500 para 3.310 (-15%) / 3.260 (16,5%), onde a onda 3 (em azul) estaria prestes a começar.
Não consigo associar probabilidade maior em nenhuma delas, porém, tenho uma leve preferência pela última.
- David, Feliz Ano Novo! Você vem enrolando com essa
conversa há muito tempo. É para comprar ou para vender?
Quem está enrolando é o mercado que não dá indicações
claras. Enquanto não houver é melhor só observar. Mas em algum momento ficará
esclarecido, vale lembrar que na quinta-feira será publicado o dado de
inflação.
O SP500 fechou a 3.919, com alta de 0,70%; o USDBRL a R$ 5,2007,
com queda de 1,03%; o EURUSD a € 1,0735, sem variação; e o ouro a U$ 1.876,
com alta de 0,27%.
Fique ligado!
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