A moeda sur presa! #usdbrl
Fomos surpreendidos este final de semana com a agenda do
Presidente Lula na Argentina, que aprecia a criação de uma moeda comum entre os
dois países. A ideia proposta explicitada no noticiário não seria a troca das
moedas locais pelo “sur”, assim sugerida, mas para evitar o dólar nas
transações comerciais. Daniel Carvalho e outra publicaram na Bloomberg as
intenções dos países para esse movimento.
A Argentina e o Brasil estão nos estágios preliminares de
renovação das discussões sobre a formação de uma moeda comum para transações
financeiras e comerciais, revivendo um plano frequentemente discutido que
enfrentaria inúmeros obstáculos políticos e econômicos.
As duas maiores economias da América do Sul consideram
opções para coordenar suas moedas há décadas, muitas vezes para combater a
influência do dólar na região. Os persistentes desequilíbrios macroeconômicos
de ambos os países, juntamente com os recorrentes obstáculos políticos à ideia,
resultaram em poucos progressos práticos.
Às vésperas de um reunião Na
segunda-feira, em Buenos Aires, o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o
argentino Alberto Fernández escreveram um artigo conjunto no jornal argentino
Perfil observando que compartilhar suas moedas poderia ajudar a impulsionar o
comércio regional.
"Temos a
intenção de superar as barreiras ao nosso câmbio, simplificar e modernizar as
regras e promover o uso das moedas locais. Também decidimos avançar na
discussão de uma moeda comum sul-americana que possa ser usada para transações
financeiras e comerciais, reduzindo os custos operacionais e nossa vulnerabilidade
externa", diz a declaração.
Inflação e Gastos
A mais recente proposta surge no momento em que a Argentina
luta contra a maior inflação em mais de três décadas e muitos mercados
emergentes buscam alternativas ao dólar forte. A economia do Brasil deve
registrar um crescimento anêmico este ano, enquanto o novo governo de Lula
planeja aumentar significativamente os gastos públicos para cumprir suas
promessas de campanha.
O ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad, disse a
repórteres em Buenos Aires que a Argentina está tentando "impulsionar o
comércio, que está caindo muito". Uma moeda comum para as transações
financeiras e comerciais é uma das ideias em apreço.
"Estamos analisando muitas possibilidades", disse
Haddad. "Algo que nos permite aumentar o comércio porque a Argentina é um
dos países que compra produtos manufaturados do Brasil e nossas exportações
para cá estão caindo."
Gaucho
Em 1987, os líderes dos dois países anunciaram a criação de
uma unidade de conta comum, chamada gaúcha, para medir o comércio entre as
nações. A ideia não deu certo em meio a divergências e por causa da alta
volatilidade que afeta os países.
Eles têm desafios semelhantes agora. A Argentina tem uma
inflação anual de quase 100% e uma eleição presidencial no final deste ano, em
comparação com os 5,8% do Brasil. A rápida depreciação do peso em relação ao
real e a autonomia do Banco Central do Brasil, que poderia se opor à
iniciativa, também são obstáculos significativos.
Globalmente, os países estão procurando maneiras de contornar
o uso do dólar americano e têm procurado vender maiores parcelas de
sua dívida em moedas locais. A Rússia recebeu pagamentos estrangeiros em rublos
após as sanções devido à invasão da Ucrânia, e os países da Ásia procuraram
aumentar o uso do yuan da China. Índia e Emirados Árabes Unidos são olhados
para expandir
o comércio não petrolífero em rúpias.
Todos sabem que o Ministro das Finanças, Fernado Haddad, inclusive por suas próprias declarações, entende pouco de economia. Até agora está
seguindo orientações de desejo do Lula sem ter nenhum elemento de contestação,
uma figura conhecida no meio empresarial como “Yes Man”. Qualquer analista
mediano saberia que essa ideia não vai incentivar o comércio, muito menos dispensar
dólar — ninguém vai querer ficar com o mico do sur e fará a conversão imediata
para reais ou dólares. O que isso iria ocasionar é um aumento de custos
imediatos de câmbio e uma instabilidade dessa moeda em virtude das oscilações
de ambas as moedas, real e peso argentino, principalmente deste útlimo.
A impressão que tenho é de que o novo governo não tem um
plano econômico, nem a menor ideia do que propor. Para não ficar no vazio,
propõe factoides conforme aparecem, para dar ideia que está trabalhando. Meu
maior receio se mostra à frente caso as economias desenvolvidas entrem em
recessão; temos a sorte de ter um banco central independente, cujo presidente
Roberto Campos sabe o que está fazendo. Mas não sei por quanto tempo, haja
visto as últimas declarações de Lula preparando sua fritura ao dizer que a
independência do banco central é uma bobagem.
Nesta época do ano é publicada a performance dos fundos no
ano anterior, e 2022 foi uma exceção à regra: os fundos ativos tiveram uma boa
performance. John Authers comenta sobre esses resultados.
2022 foi um ótimo ano para gestores de fundos ativos, pelo
menos quando se trata de enfrentar a agressão passiva das fileiras crescentes
de fundos que seguem índices. A maioria deles, de acordo com vários
pesquisadores de Wall Street, realmente superou seus benchmarks ao longo dos 12
meses. Mesmo que não tenham ganhado dinheiro, pelo menos conseguiram limitar as
perdas de seus clientes, depois de uma década em que a maioria dos gerentes
ativos, ano após ano, não conseguiu bater seu índice. Mas isso importa?
Não há dúvida de que os gestores de fundos ativos realmente venceram seus homólogos passivos no ano passado. Dados da Strategas Securities mostram que em um universo de gerentes de núcleo de grande capitalização, 62% superaram o S&P 500, alcançando a maior porcentagem desde 2005, quando 66% superaram o índice. Mais especificamente, este foi o primeiro ano em que a maioria dos gerentes ativos venceu o S&P desde 2009. O ano passado pôs fim a mais de uma década de persistente desempenho inferior dos gerentes ativos:
Isso pode ser um exemplo de ser enganado pela aleatoriedade, mas a duração da sequência de baixo desempenho para os gerentes ativos parece improvável que se mantenha em face disso. Podemos ter certeza de que não havia uma razão subjacente clara para isso? Se houver, talvez seja razoável esperar que os gerentes ativos possam fazer melhor por um tempo.
Como se vê, há uma explicação clara. Foi culpa das FANGs. “O
fato de muitos gerentes simplesmente não manterem as cinco principais empresas
com o mesmo peso do índice foi positivo para o desempenho do portfólio”,
escreveram analistas da Strategas, incluindo Ryan Grabinski, em nota no início
deste mês. No início de 2022, o S&P 500 foi dominado de forma sem
precedentes por suas cinco maiores ações.
Se os investidores realmente começarem a perder a fé em fundos passivos, alguns anos de grande desempenho para os selecionadores de ações realmente podem acontecer. Isso pode ser parte do retorno ao normal após a estranha década de taxas baixas. Mas nada é dado. E a matemática básica de tentar vencer o mercado permanece inalterada. Mesmo que não haja mais fluxos para fundos passivos para impulsionar o movimento, ainda será muito difícil vencer o mercado depois das taxas, e o jogo de gerenciamento de fundos continuará sendo um jogo de soma zero (ou talvez “jogo dos perdedores”).
O Twitter Faria Lima Elevator muito seguido pelo mercado financeiro publicou um gráfico que mostra a desproporção de ganhos entre os cotistas e o gestor quando o intervalo e longo FariaLimaElevator. Nesse exemplo se forem investidos 100 mil por 40 anos – dos 25 anos até os 65 anos idade da aposentadoria – em um fundo que cobra 1,5% a.a. de taxa de administração e 20% de performance, você terá 764 mil enquanto o gestor 1,24 milhões!
No post lutando-contra-o-fed fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ... “ Os cenários que estou trabalhando contemplam alta do dólar depois que essa correção terminar. Na última semana o real se apreciou e se encontra próximo de um possível ponto de inflexão. No gráfico a seguir destaquei com o símbolo em azul onde seria mais provável que ocorra ao redor de R$ 5,02” ...
No cenário mais provável estou trabalhando com a possibilidade que o dólar terminou a correção da onda (2) em azul e estaria iniciando um movimento de alta. Essa possibilidade ainda não pode ser confirmada pois não foram completadas as 5 ondas necessárias (se é que essa seria a formação). Como venho enfatizando, será um movimento tortuoso.
O gráfico acima apresenta uma ideia da quantidade de idas e vindas possíveis. Se minha ideia estiver correta o dólar estaria no caminho da onda (3) azul. Vou aguardar maiores indicações para eventualmente sugerir um trade.
O SP500 fechou a 4.019, com alta de 1,19%; o USDBRL a R$ 5,1910,
com queda de 0,31%; o EURUSD a € 1,0863, sem variação; e o ouro a U$ 1.930,
com alta de 0,23%.
Fique ligado!
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