Procura-se um líder #Ibovespa
Acredito que os acontecimentos no final de semana definitivamente
acabaram de enterrar Bolsonaro como potencial líder da direita. A sequência de
erros que cometeu depois das eleições levou a uma grande frustração, tanto por
parte dos seus eleitores mais radicais como dos que optaram pelos votos “não
Lula”. Seu julgamento nunca foi seu forte, mas é até elementar sua falta de
visão não enxergando as consequências que esses atos acarretariam. Vale uma
observação sobre a nomenclatura “Golpe” usada pela imprensa: de golpe não tem
nada, mas parece o quebra-quebra que ocorre nas torcidas de futebol. Golpe que
é golpe precisa derrubar alguém por princípio, e no domingo não havia ninguém
em nenhum dos locais que foram invadidos para derrubar!
A partir de agora a direita não possui ninguém para assumir
oposição ao governo, e em algum momento futuro um político assumira o vácuo
criado. Procura-se um líder!
Ontem frisei as discrepâncias nas perspectivas para o ano de
2023. Jeffrey Gundlach, principal executivo da DoubleLine Capital e especializado
em gerir fundos de renda fixa, acredita que a oportunidade está na renda fixa e
não nas ações americanas. Em seu webcast com suas previsões para este ano, ele
diz que o Fed deve parar de subir as taxas, embora ache que o FOMC aumentará as
taxas mais uma vez em 25 bps em fevereiro, sem que o nível de 5% seja atingido.
Também diz que uma recessão é iminente, prevendo uma probabilidade de cerca de
75% de que a economia caia em uma.
Além disso, Gundlach disse que a taxa de inflação pode cair
mais rápido do que a maioria acredita e pode até cair para zero, quando cair.
Gundlach, um dos maiores nomes do investimento em títulos, também observou que
o mercado de títulos "precificou completamente o fato de que a
inflação" atingiu o pico e está recuando.
Existe uma ideia pelo mercado onde o juro expresso nos
títulos de 2 anos do governo é fortemente influenciado pelas ações do Fed, mas
Gundlach afirma que é o contrário, ou seja, é o Fed que segue o mercado. Ele
destaca sua afirmação no gráfico a seguir onde se pode notar que os juros
começam a recuar (linha azul) e induzem a autoridade monetária (vermelha) a
agir reduzindo os juros.
Em resumo, acredita que a recessão irá ocorrer em breve e que isso vai levar o Fed a reduzir os juros, orientando os investidores a comprar títulos longos, que se beneficiariam caso as taxas dos Fed funds caiam rapidamente. Importante frisar que o diferencial entre a taxa de 2 anos e de 10 anos está muito invertida — juro longo (3,58% a.a.) — mais baixo que o juro curto (4,24%). Essa visão não está expressa no posicionamento nos mercados futuros — ao contrário, o volume de apostas no outro sentido (que as taxas irão subir) está em nível recorde.
Mas será que se pode confiar na opinião do público? Joachim Klement, no site Klement on Investment, comprova como não se pode confiar nessa opinião.
O Fed e outros bancos centrais estão convencidos de que
manter as expectativas de inflação ancoradas em um nível baixo é a chave para o
sucesso na administração da inflação. Isso foi pelo menos parte do argumento do
porquê o Fed aumentou as taxas de juros de forma tão agressiva durante a
primavera e o verão do ano passado. Há uma quantidade crescente de evidências
de que, empiricamente, as expectativas de inflação realmente não importam
tanto, como expliquei anteriormente.
O fato de que as expectativas de inflação não importam é
provavelmente porque as pessoas normais na rua simplesmente não entendem como
funcionam a inflação e as taxas de juros. O presidente Erdogan da Turquia tem a
fama (ou devo dizer “a má fama”) de acreditar que taxas de juros mais altas
causam inflação mais alta, e é por isso que ele tenta impedir o Banco Central
da Turquia de aumentar as taxas de juros para combater a inflação. A maioria de
nós conhece o resultado de tais políticas, mas para quem não conhece, basta dar
uma olhada aqui.
Sempre fico tentado a rir dessa economia maluca de líderes autoritários que pensam que sabem tudo, mas, neste caso, as opiniões de Erdogan são amplamente compartilhadas, pelo menos entre o público americano. Abaixo estão as respostas dadas pelos americanos a uma pesquisa do YouGov pedindo que avaliassem o impacto de aumentos ou cortes nas taxas de juros sobre a inflação. E não, os rótulos no gráfico não estão errados ou confusos! Aproximadamente a parcela das pessoas que pensam que aumentar as taxas de juros leva a uma inflação mais alta é igual à das pessoas que acreditam que isso leva a uma inflação mais baixa. Quando se trata de cortar as taxas de juros, a maioria pensa que cortes nas taxas levam a uma inflação menor.
Se você acha que esta é uma dessas pesquisas em que as pessoas simplesmente não tiveram tempo para respondê-la corretamente, veja a pesquisa feita por Peter Andre e seus colegas entre 2.200 famílias americanas e 1.500 economistas profissionais. Esta pesquisa foi feita para um trabalho acadêmico e cuidadosamente corrigida para vieses de amostra, etc. A pesquisa também perguntou sobre o impacto de aumentos de impostos, choques de preços do petróleo, etc, sobre a inflação e o desemprego, que são interessantes por si só, mas mostro apenas o impacto esperado de aumentos de taxas sobre a inflação abaixo. A maioria dos especialistas acredita que aumentos de juros levam a uma inflação mais baixa, enquanto o público em geral acredita que aumentos de juros levam a uma inflação mais alta. Isso faz você se perguntar mais uma vez se o Fed sabe o que está fazendo e se tem a visão correta de como o mundo funciona.
Amanhã serão publicados os dados de inflação para o mês de dezembro; alguns modelos apontam para quedas significativas em prazo curto como a apresentada pelo banco Nordea. O Mosca vai permanecer agnóstico, dada a diversidade de opiniões de analistas de ótima reputação. Show me the numbers!
Dentro desta hipótese a alta que ocorreu desde a mínima de 103.915 deveria encontrar resistência em duas regiões 113 mil/ 114,5 mil ou um pouco mais acima 116,3 mil/ 118,2 mil. Importante frisar que nessa hipótese o Ibovespa não deveria ultrapassar 120,7 mil que eliminaria essa contagem. Terminado esse movimento a queda deveria levar a bolsa ao nível de 89 mil.
- David, ontem você disse que espera alta nas bolsas internacionais sem saber se existe ainda uma queda de curto prazo a acontecer. Mas se elas subirem de imediato, o que você mesmo considera, não tem uma outra visão de alta para O Ibovespa?
Sem fazer associação entre
ativos pois eles podem andar separados e
direções diversas, existe sim um cenário que permite assumir alta para a bolsa
brasileira. Para que isso ocorre o nível de 120,7 mil deve ser superado. Para
não colocar os carros na frente dos bois, vamos aguardar apar ver se
concretiza.
O SP500 fechou a 3.969, com alta
de 1,28%; o USDBRL a R$ 5,1600 com queda de 0,76%; o EURUSD a € 1,0755,
com alta de 0,20%; e o ouro a U$ 1.876, sem variação.
Fique ligado!
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