A busca de um culpado 3.0 #IBOVESPA

 


Eu notei que já usei esse título no passado razão de denominá-lo com 3.0. Segundo Nietzsche sempre é necessário encontrar uma razão que explique uma situação ou movimento considerado extremo e nada melhor que os juros americanos para encaixar nessa categoria.

A taxa de juros americanas não param de subir, ontem com a divulgação das vendas no varejo muito acima das expectativas em 0,7% para setembro quando o esperado era de 0,3%, colocou mais lenha na fogueira. Em termos reais o quadro é um pouco diferente pois vem se mantendo constante desde 2021. Porém, as pessoas e os mercados pensam no nominal.




Os americanos já deveriam estar ficando sem dinheiro para gastar. Parece que ainda há mais poupanças excedentárias em circulação, apesar da pesquisa do Fed sugerir que estas se esgotaram após o primeiro trimestre. É difícil acreditar agora que os gastos discricionários, excluindo restaurantes (uma categoria nascida durante a pandemia), regressaram ao nível de março de 2021, a última vez que foi distribuído estímulo de “dinheiro de helicóptero”. Este gráfico é de Steven Blitz da GlobalData TS Lombard:




A estimativa pelo modelo GDPNow, elaborado pelo Fed de Atlanta, para o crescimento real do PIB (taxa anual ajustada sazonalmente) no terceiro trimestre de 2023 é de 5,4%, acima dos 5,1% anteriormente projetado. Esse indicador tem obtido um bom resultado quando comparado com a publicação oficial. Sem dúvida esse nível de PIB deveria deixar o Fed em guarda para maiores apertos.




Não bastasse a economia, outros fatores estão em jogo nos títulos do tesouro como venho apontando. É sabido que a autoridade monetária se comprometeu a retirar os estímulos injetados na última década, principalmente ocasionado pela COVID. Quando deve terminar é uma incógnita, pois seu programa fala da retirada mensal sem se comprometer com o estoque de títulos que pretende manter depois. Bill Dudley, ex-presidente do Fed de Nova York, acredita que esse enxugamento deve permanecer até 2025, como comentou na Bloomberg.

Do lado da oferta existe inúmeros focos de pressão: China diminuindo sua posição em papéis do governo americano, enxugamento da liquidez pelo Fed, aumento do déficit público, desinversões da curva de juros entre os títulos de 2 anos / 10 anos (se encontra – 34 pontos). O que se poderia esperar do lado da demanda um maior interesse por parte do público? mas mesmo esse está queimado, pois quem investiu perdeu, e vem perdendo dinheiro nessa posição. O gráfico a seguir mostra o resultado para um título de 20 anos espelhado no ETF equivalente.




Desde a máxima perdeu metade de seu valor, originando um retorno muito pior que a bolsa de valores que supostamente tem mais risco. Achar um culpado específico não existe, o motivo foi uma era de juros artificialmente baixos esse é o principal culpado que não é lembrado nem apontado – ou discretamente.

No post cliente-mais-exigente fiz os seguintes comentários sobre o IBOVESPA: ...” para eu poder dar uma recomendação de compra, fiz as observações acima no gráfico: primeiro é preciso ver as 5 ondas completas – destaque em laranja; não pode ocorrer a violação do stop loss em 108. 277, e por último preciso deixar registrado que a formação da onda 1 em laranja “me incomoda”, não se pode observar 5 ondas e sim 3; não é impeditivo, pois essas 5 ondas poderiam ser vistas num prazo mais curto” ...

 



Após atingir 117 mil na última sexta-feira, a bolsa brasileira vem recuando não ocorrendo nenhuma das observações citadas acima. Nestas condições o mais prudente é não fazer nada. Dois elementos de curto prazo pressionam o IBOVESPA: a guerra no Oriente Médio e os juros americanos sem nada muito positivo no lado interno. Ficamos na observação com dois parâmetros: para cima ultrapassar 117 mil e não entrar no intervalo 113,6 mil / 112,6 mil, isso se a opção de alta prevalecer.



O SP500 fechou a 4.314, com queda de 1,34%; o USDBRL a R$ 5,0578, com alta de 0,31%; o EURUSD a € 1,0534, com queda de 0,39%; e o ouro a U$1.949, com alta de 1,35%.

Fique ligado!

Comentários