Juros para todos os lados #Ibovespa
Desafio os leitores a encontrar alguma capa de noticiário
onde não exista nenhuma citação dos juros e, claro, como estão altos. Por aqui,
o frenesi durou alguns meses, quando Lula devia ter pesadelos noturnos sobre o
assunto e colocava a culpa no Presidente do BC, Roberto Campos. Ultimamente se
acalmou, focando em elucubrar regra sobre política mundial como se fosse um
grande estadista. Já, já vai se cansar também quando perceber que ninguém está
interessado nas suas ideias.
A bola da vez no quesito juros são os países desenvolvidos,
onde proliferam artigos alertando sobre a alta dos juros de títulos de renda
fixa com a consequente queda no preço dos bonds, a inversão da curva entre os
juros de “p” anos e 10 anos — onde “p” pode ser substituído com qualquer
vencimento de 3 meses a 2 anos —, riscos de recessão e assim por diante. O que
falta todo mundo entender é que o mundo mudou e a taxa esteve muito baixa por
muito tempo, não deveria ter tanto alarde. Mas sempre tem gente que estava na
contramão, como os bancos que quebraram no começo deste ano, e não se sabe se
irão aparecer problemas à frente.
Quando se tem certeza de que A implica B, onde A é a inversão
dos juros dos títulos e B o anúncio de recessão, é necessário “criar”
argumentos para justificar por que desta vez não aconteceu, ou deixar a porta
aberta para que ocorra mais à frente. Mas agora complicou o meio do campo. A
lógica é que a taxa fique invertida num processo inicial, onde o juro curto
sobe mais que o longo, e quando houver recessão a curva desinverta, ficando
positiva mais à frente, com o juro curto caindo mais que o longo. Pois bem, a
curva está num processo de queda do diferencial – a princípio se estaria numa
recessão. John Authers busca explicação sobre esse assunto na Bloomberg.
O que é pior do que uma curva de rendimento invertida?
Há 15 meses, a curva de juros está invertida. Em inglês,
isso significa que os títulos do Tesouro de 10 anos têm rendido menos que títulos
de dois anos, embora os investidores normalmente exijam um rendimento extra
para o risco extra de investir por longos períodos. Como já se sabe, a curva
invertida é um dos indicadores de recessão mais fortes que existem. Uma inversão
tão prolongada implica sérios problemas em curso.
O aumento nos rendimentos dos títulos nas últimas semanas,
no entanto, foi acompanhado por uma rápida desinversão. A curva foi invertida
em 107,5 pontos-base (o que significa que os rendimentos de dois anos superaram
os rendimentos de 10 anos em julho). Agora, esse número caiu para 31,7
pontos-base, a curva menos invertida em quase 12 meses:
E isso é uma pena, porque a curva de juros tende a se desinverter quando a recessão está prestes a começar. (A intuição por trás disso pode ser que, quando uma recessão é claramente iminente, os bancos centrais começam a cortar os juros, derrubando títulos de prazo mais curto.) O gráfico a seguir de Joe Lavorgna, da SMBC Nikko, confirma que a curva se inverte antes de cada recessão e também que a inversão geralmente termina no momento em que começa a recessão, como oficialmente definida pelo National Bureau of Economic Research.:
Isso parece assustador. Mas agora precisamos acrescentar outro elemento. Como discutido, as desinversões de curva geralmente acontecem porque os rendimentos mais curtos caem. No jargão, isso é uma "inclinação altista", porque um aumento nos preços de dois anos (de alta se você os mantiver) leva ao achatamento. Este é diferente. É uma inclinação de baixa, o que significa que o movimento foi impulsionado por uma queda no preço dos títulos de longo prazo – alta desses juros. Além disso, este é um tipo específico de inclinação baixista que começa com a curva invertida.
Essa combinação de condições acontece muito raramente.
Quando isso acontece, o gráfico a seguir da Capital Economics demonstra que uma
recessão geralmente logo se segue. Para os mercados, conclui a Capital
Economics, essas inclinações de baixa geralmente "foram seguidas por quedas
significativas nos rendimentos dos títulos públicos de longo prazo, bem
como nos índices de ações".
Mas por que exatamente devemos nos preocupar com a curva de juros? Teoricamente, ao dificultar a obtenção de lucros pelos bancos, isso é uma causa. A curva invertida pode provocar uma recessão. Mas os bancos são menos centrais para o sistema financeiro do que já foram. A curva invertida é um problema para os financiadores, mas não afetou significativamente as condições financeiras cotidianas da maioria das famílias e empresas. É possível, inclusive, que agora tenha se tornado um falso indicador. Agora que o significado de uma curva invertida é bem conhecido, ela pode mudar comportamentos – e, assim, diminuir o risco de uma recessão.
Mas a curva de juros não se sustenta sozinha. Os principais
indicadores econômicos produzidos pelo Conference Board têm sido alvo de
críticas (abordados em Pontos de Retorno no início deste ano), pois
coletam em grande parte informações que já são conhecidas. Eles também incluem
a curva de juros, que alguns agora alegam ser um indicador falso. Assim, no
gráfico a seguir, Lavorgna calculou a mudança ano a ano nos indicadores como
medidos atualmente, bem como para indicadores onde a curva de rendimento havia
sido excluída. Parece que a curva de juros salvou os indicadores de enviar um
aviso de recessão incorreto durante grande parte da década pós-crise financeira
global (quando a economia era muitas vezes lenta, mas as condições financeiras
notavelmente fáceis de fato frustraram uma recessão). Mas, desde a pandemia, os
indicadores parecem ser quase idênticos com ou sem a curva de rendimento. Este
é um indicador confiável que deve reforçar nossa expectativa de recessão:
Conclusão: ainda seria muito surpreendente se escapássemos desse buraco econômico sem uma recessão. A velocidade com que a curva agora está se inclinando sugere, tudo o mais seguindo igual, que a desaceleração está próxima. Mas nada é certo.
Parece complicado esse assunto, porém o problema é criar
argumentos para justificar porque não funcionou agora. Não tenho ideia se vai
ter ou não recessão, não foi por menos que escolhi esse Tema para 2023. John
Authers tem ideia fixa sobre a recessão, e noto que busca argumentos para
tanto, é normal esse viés de pensamento. Por enquanto os mercados de bolsa não
sugerem isso, lógico que do ponto de vista técnico. O Mosca vai aguardar
sinais e atuar conforme os movimentos sugerem, sem uma ideia fixa de X ou Y.
Uso análise técnica há mais de 20 anos, e no começo foi
muito difícil desapegar do fundamento. Com o tempo fui notando que os resultados
eram melhores com a primeira, mesmo não dominando as ferramentas naquele
momento. Fui melhorando minha interpretação dos gráficos, e uma consequência
marcante foi a diminuição no número de trades, como o leitor que me acompanha
há tempo pode observar. Não deixo de estar informado, faz parte da minha rotina
diária, e considero que tem algum peso na minha avaliação, mas sem dúvida os
gráficos em primeiro lugar.
No post com-bala-na-agulha fiz os seguintes comentários sobre o Ibovespa: ...” Do ponto de vista técnico, a alta que imaginei estar se formando me remete a uma correção. Sendo assim, se poderia esperar novas quedas abaixo de 114 mil” ... ...” conforme pode ser observado no gráfico abaixo a onda 2 verde pode terminar ao redor de 119,5 mil. Caso a bolsa continue a subir associei um nível de stop loss em 123 mil, onde terei que abandonar essa estratégia” ...
Às vezes eu mesmo fico impressionado com a precisão dos números quando se está com a estratégia técnica correta. A máxima atingida em 15/09 foi de 119,7! Numa janela de 1 hora o modelo me sugere que a bolsa estaria entrando na onda 3,3 — a mais potente. Esse modelo apontou, segundo a trajetória que pode ser vista a seguir, que levaria o Ibovespa para 100 mil ou abaixo ao redor de 94 mil. Mas existe uma outra possibilidade, onde a avaliação visual (não vou entrar no detalhe para não complicar) indicaria quedas ainda maiores.
- David, você espera uma queda de no mínimo 13% por que não sugere um trade de venda?
Primeiro que não gosto muito de operar no Ibovespa, como
você está cansado de saber, a configuração desse ativo não sugere ânimo; depois,
como minha visão é altista na bolsa americana, pode ser que essa ideia desse
jeito não se concretize. Não me animei ainda!
O SP500 fechou a 4.258, com queda de 0,13%; o USDBRL a R$ 5,1658,
com alta de 0,19%; o EURUSD a € 1,0547, com alta de 0,24%; e o ouro a
U$ 1.819, sem variação.
Fique ligado!
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