Desta vez é diferente #SP500


Sempre que um movimento ocorre de forma diferente que a do passado se busca algum argumento. Surge uma pergunta de forma irônica: Será agora diferente? Normalmente o analista busca mostrar que mais dia menos dia vai tender como antes surgindo assim uma oportunidade.

Os leitores do Mosca sabem que as ações americanas tiveram desempenho distintos desde que atingiram a mínima exatamente há um ano. As 7 maiores por capitalização subiram mais que o restante do SP500, pior ainda quando a comparação se faz com as small caps – empresas menores expressas no índice Russell 2000. Isabelle Lee busca essa explicação na Bloomberg.

Algo está confundindo muitos em Wall Street. Por que o baixo desempenho das ações de pequena capitalização é tão severo, mesmo com o mercado se recuperando? Tradicionalmente, as small caps registram ganhos descomunais em períodos de força, já que os investidores ficam mais agressivos e despejam dinheiro em ações "high beta", com desempenho amplificado na alta. Quando a recessão parece ser menos provável, como é o caso agora, geralmente são as small caps economicamente sensíveis que se saem melhor. De fato, os investidores geralmente olham para as small caps em busca de pistas sobre a saúde da economia.

Mas o S&P 600 continua mais ou menos onde estava em julho de 2022. Ele está negociando firmemente abaixo de seus principais limites técnicos. Por quê?




Algumas razões são amplamente citadas. O principal culpado é o Federal Reserve. Empresas menores geralmente têm balanços mais fracos e despesas de juros mais altas do que ações de grande capitalização, de acordo com Justin Walters, do Bespoke Investment Group. O ambiente atual, portanto, os torna mais como "risco de calote".

À medida que as taxas de juros subiram, os múltiplos de ganhos de preço se contraíram, especialmente em small caps, de acordo com Nick Galluccio, presidente e CEO da Teton Advisors. O P/L relativo aos resultados projetados do Russell 2000, por exemplo, é negociado aproximadamente a 12 vezes o lucro, enquanto o índice de grande capitalização – large cap Russell 1000 é negociado a cerca de 18,2 vezes.




Curiosamente, DeSanctis vê o cenário atual como favorável às small caps, mas ele diz que outros parecem discordar:

Eu só não acho que as pessoas olharam para isso dessa maneira. Os spreads de high yield subiram, mas estão abaixo da média histórica. A volatilidade média aumentou, mas está abaixo da média histórica. A forma da curva de rendimento está invertida, mas reduziu um pouco. E as pessoas estão usando a palavra recessão cada vez menos atualmente. Tudo isso são coisas boas para small caps e simplesmente não conseguimos encontrar tração.

À frente, Walters, da Bespoke, vê o pico da taxa de fundos federais como um potencial catalisador para o setor. Não é segredo que as ações de pequena capitalização tiveram desempenho inferior em meio aos aumentos de juros do Fed. "Se sua tese é que as taxas estão atingindo o pico em torno dos níveis atuais e indo para baixo, então vale a pena dar uma olhada nas small e micro caps", disse ele. "Se sua tese é 'mais alta por mais tempo', então provavelmente é melhor ficar longe."

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Lori Calvasina, da RBC, disse que as revisões de lucros removeram a vantagem das big caps sobre seus pares menores. "Isso é positivo para as small caps sitiadas, que parecem profundamente desvalorizadas, mas têm faltado um catalisador", escreveu. "Em reuniões recentes, temos enfatizado que os investidores em ações precisam ficar mais confiantes de que os cortes do Fed estão chegando e uma recessão pode ser evitada para que as small caps voltem a liderar."




O gap foi impulsionado por valuations. Fora os maiores excessos da bolha pontocom no início dos anos 2000, ações menores nunca foram negociadas com um desconto tão profundo. Rayna Lesser Hannaway, do Fundo de Crescimento de Pequenas Empresas da Polen Capital, disse:

Embora o valuation por si só não seja uma ótima ferramenta de timing para pontos de virada de curto prazo no desempenho, observamos que esses tipos de disparidades extremas na avaliação muitas vezes precederam períodos de desempenho robusto para ações de pequena capitalização ao longo do tempo.




Há outra divergência bizarra – entre ações de pequena capitalização e títulos de alto rendimento – High Yield. Geralmente, são as empresas menores que tendem a emitir títulos de maior rendimento e, portanto, as duas classes de ativos se movem juntas, com o High Yield sendo sênior para o patrimônio líquido e mostrando menos volatilidade. Mas a partir do final de 2020, à medida que crescia a confiança de que os piores efeitos da pandemia haviam acabado, as ações superaram massivamente os títulos. Então, quando o Fed começou a subir os juros no ano passado, as ações deram um mergulho muito maior:




Existem algumas razões específicas para a fraqueza de small cap. Peter Thir, da Academy Securities, sugeriu que o Russell 2000 foi este ano fortemente pressionado pelos bancos regionais (que tendem a não emitir títulos de alto rendimento). Outro problema é que eles perderam parte de seu apoio do início da era da pandemia, ao contrário das big caps; o boom das ações especulativas de tecnologia que ficaram famosas por Cathie Wood, da ARK Innovation, e das SPACs (empresas de aquisição de propósito específico) deu às small caps um impulso que não existe mais.

Mas, neste momento, parece que as small caps devem valer a pena comprar, pelo menos a médio prazo.

Um gráfico comparando dois índices do SP500, se nota a diferença que ocorreu agora em relação ao passado. No término de um mercado de baixa, o índice SP500 ‑ onde o peso é dividido igualmente entre as empresas – Equal-Weight, comparado ao SP500 com peso equivalente à sua capitalização – Cap-Weight, o primeiro apresenta desempenho superior ao segundo.




É notório que os analistas estão perplexos com essa distorção e buscam explicações, algumas delas acabam não tendo sentido, como a alta de juros, pois, se por um lado o risco de quebra das empresas pequenas é maior, por outro lado, ao se fazer o desconto do fluxo de caixa futuro com taxas maiores, as empresas de Valor tendem a um desconto maior.

O Mosca acredita em dois fatores: a elevada participação de empresas grandes nos fundos indicias, reforçam a circularidade da concentração, e pelo fato da IA artificial exigir elevados investimentos, induzindo que as pequenas empresas terão problemas no futuro.

Entretanto, a maior evidência que essa mudança veio para ficar é dado pela análise técnica. Para o Mosca enquanto essa prova técnica não se alterar seguimos mantendo o curso, assumindo que “desta vez é diferente”.

No post ­­amuleto-financeiro fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ... “Do ponto de vista técnico, é possível que a correção da onda (iv) em amarelo pode ter terminado. Porém, nenhuma formação de 5 ondas” ... Mesmo assim, banquei uma incursão que foi liquidada dois dias depois.




Pouco pode ser concluído nesses últimos dias, embora o nível esteja levemente superior ao de nossa liquidação. Por outro lado, as evidências apontam para o término da onda (iv) amarelo, sendo assim, pretendemos entrar quando onda (ii) azul estiver completa. Uma sugestão de compra poderá surgir em breve, siga o Mosca.



O SP500 fechou a 4.373, sem variação%; o USDBRL a R$ 5,0345, sem variação; o EURUSD a € 1,0574, com alta de 0,15%; e o ouro a U$ 1.922, com alta de 0,15%.

Fique ligado!

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