Você iria para Marte com Musk? #USDBRL

 


Ao voltar de férias, existe um período de readaptação. Acredito que os neurônios estão em câmera lenta, induzindo certa inércia para entrar na rotina, além da superficialidade no acompanhamento das notícias — e principalmente nas do mercado — que sugerem insegurança, como se tivéssemos perdido alguma coisa. Por outro lado, depois de 24 a 48 horas, se restabelece a rotina.

Fui para a Espanha e notei uma evolução importante. Estradas sem nenhum buraco, mesmo as vicinais, uma limpeza invejável mesmo em locais com elevado fluxo de turistas — acredito que mesmo nós brasileiros, que não primamos nesse sentido, ficamos constrangidos em jogar qualquer papel no chão — e um fluxo de turismo impressionante, nas ruas de Barcelona parecia estar na 5ª Avenida em Nova York. Parabéns aos espanhóis! Para terminar, nesse período não senti nenhum momento de temor, e olhe que tive que caminhar por mais de 30 minutos próximo da meia noite em locais com pouquíssimas pessoas, depois de assistir uma partida do Barcelona. Foi um espetáculo de jogo e tudo mais. É difícil retornar!

Durante esse período, meu parceiro Alberto Dwek escreveu um artigo interessante sobre o desejo do homem conquistar o espaço e quais podem ser as consequências para Elon Musk em mais um de sua empreitadas na empresa que criou para quem quer dar uma voltinha em Marte, a Space X – o cara gosta da letra X. Devo confessar que o gosto pela letra X, e só esse, concordamos.

Elon Musk está longe de ser uma unanimidade, principalmente depois de enveredar pelos sombrios caminhos da mídia social que o levaram à compra do Twitter, hoje X. Mas seu interesse pelas viagens espaciais e colonização de outros planetas tem suscitado uma onda de admiração por seu caráter visionário, sem falar de seu monumental investimento, e tudo isso apesar dos vários acidentes de percurso da SpaceX. Eu mesmo estava numa enorme torcida para que seu projeto espacial tivesse um rápido sucesso, como dizia o Capitão Kirk, “audaciosamente indo aonde nenhum ser humano jamais esteve”.

Sou fã da série Star Trek desde criancinha mas cometi um ato impensado. Acabo de ler um dos melhores artigos já publicados sobre viagens espaciais, e sou obrigado a reconhecer que todas as minhas ilusões foram definitivamente enterradas na mesma vala comum do Papai Noel, da Fada Madrinha e do mago Merlin. O título diz tudo: “Por que nunca viveremos no espaço”.

Publicado na última edição do Scientific American, o artigo de Sarah Coles basicamente demonstra, de maneira difícil de refutar, as imensas dificuldades e a falta de realismo de um projeto para a vida humana fora da Terra. Em outras palavras, Musk pode até querer colonizar Marte, mas o resultado seguramente não justifica o investimento. E o que é pior: os seres humanos são claramente incapazes de suportar os efeitos de uma estadia prolongada no espaço ou em outro planeta.

A exploração espacial voltou a entrar na ordem do dia. Como diz Coles: “A NASA quer astronautas de volta à Lua daqui a alguns anos, e a agência espacial está investindo pesado em seu programa Artemis para que isso aconteça. É parte de um plano ambicioso e arriscado para estabelecer uma presença humana mais permanente fora da Terra. Empresas como United Launch Alliance e Lockheed Martin estão projetando infraestrutura para habitação lunar. Elon Musk afirmou que a SpaceX vai colonizar Marte.”

O problema é simples: “O espaço sideral parece projetado para nos matar.” Pensando nos livros e filmes em que basta descobrir a propulsão além da velocidade da luz para desbravar as galáxias, fica claro que não há nada em comum entre os grandes navegadores da História que enfrentaram oceanos desconhecidos e os infelizes astronautas que se arriscariam em travessias de vários meses no espaço ou, pior ainda, em longas estadias no isolamento de alguma instalação em outro planeta. Não se trata apenas de vencer as distâncias, mas as ameaças vindas de nossa própria condição humana.

A descrição de Coles provoca arrepios: “Os corpos humanos realmente não conseguem lidar com o espaço. O voo espacial danifica o DNA, altera o microbioma, interrompe os ritmos circadianos, prejudica a visão, aumenta o risco de câncer, causa perda muscular e óssea, inibe o sistema imunológico, enfraquece o coração e desloca fluidos em direção à cabeça, o que pode ser patológico para o cérebro a longo prazo – entre outras coisas.”

E que “outras coisas”: “Problemas de visão também estão entre os efeitos colaterais mais graves. Quando os astronautas passam um mês ou mais no espaço, seus globos oculares se achatam, um aspecto de uma condição chamada síndrome neuro-ocular associada a voos espaciais, que pode causar danos duradouros à visão.”

Calma, tem mais: “Talvez a preocupação mais significativa com os corpos no espaço, no entanto, seja a radiação, algo que é gerenciável para os astronautas de hoje voando em órbita baixa da Terra, mas seria um problema maior para as pessoas que viajam mais longe e por mais tempo. Parte dela vem do sol, que expele prótons nus que podem danificar o DNA, especialmente durante tempestades solares.” E pior: “Há outro tipo de radiação, os raios cósmicos galácticos. Os raios irrompem de eventos celestes como supernovas e têm muito mais energia e massa do que um mero próton.”

E nem mencionei problemas mentais: “Mesmo que a maioria dos problemas do corpo possa ser corrigida, o cérebro continua sendo um problema. Um artigo de 2021 na Clinical Neuropsychiatry expôs os riscos psicológicos que os astronautas enfrentam em sua jornada: regulação emocional deficiente, resiliência reduzida, aumento da ansiedade e depressão, problemas de comunicação dentro da equipe, distúrbios do sono e diminuição do funcionamento cognitivo e motor provocado pelo estresse.”

Confesso que senti uma enorme decepção depois de ler essa parte do artigo. Pensei que logo viria uma análise custo-benefício que me animaria. Afinal, problemas físicos se resolvem com tratamentos e achados médicos, e os psicológicos com terapia e acompanhamento profissional — nada que não se resolva com bons investimentos em pesquisa, tecnologia e gestão, certo?

Pois sim. O business case não resiste a fatos simples: não é porque um bilionário acordou um dia querendo financiar uma colônia em Marte que as empresas do ramo fariam qualquer coisa sem pensar na viabilidade comercial e financeira de seus projetos. Vender viagens para uma porção de turistas endinheirados? Qual é a demanda para uma colônia de férias em outro planeta, com todos os tenebrosos desconfortos já mencionados? É um investimento enorme com péssimas possibilidades de retorno.

Mas a NASA não está aí para isso? Não é bem assim, dizem os contribuintes: “Por menos que acreditem os fãs do espaço, a maioria das pessoas não dá muito valor às aventuras dos astronautas. Uma pesquisa da Pew de 2018 mostrou que apenas 18% e 13% das pessoas achavam uma prioridade enviar humanos para Marte e para a Lua, respectivamente. Isso colocou essas missões no fim da lista em termos de apoio, atrás de esforços mais populares, como monitorar o clima da Terra, observar asteroides perigosos e fazer pesquisas científicas básicas sobre o espaço em geral.” E para Marte o apoio é menor ainda...

Finalmente, quanto à questão ética, será que podemos realmente justificar tantos recursos desviados para outros planetas, quando a Terra está tão carente de moradias acessíveis ou condições básicas para a maioria de sua população? E o artigo ainda menciona o perigo de contaminação cruzada entre planetas, algo tão sério como os germes europeus que destruíram imensas populações de indígenas americanos.

Pronto. Vou parar por aí. Quem quiser investir na SpaceX, fique à vontade, mas eu já percebi que minha jornada nas estrelas é muito mais ficção que científica. Sei que é bom perder nossas ilusões para crescermos mais fortes, mas até que era bom sonhar. Só não sonho mais com o Musk.

No post o-jogo-continua minhas observações se mostraram corretas: ...  Em relação a semana passada, fiz algumas alterações na contagem, com isso em mente surge uma oportunidade entre R$ 4,90 / R$ 4,8750; seria um bom ponto de entrada, cujo stop loss “correto” é em R$ 4,84, ou um mais agressivo um pouco acima, dependendo de quando (e se) houver a reversão” ...

Mesmo o alerta que eu fiz no curto prazo ocorreu – destaque no retângulo: ...” Calma, não se precipite, existe uma hipótese que demarquei com o símbolo em amarelo que colocaria a onda (ii) amarela mais à frente. Caso isso ocorra e você entrar precipitadamente, vai ser estopado” ...




A barreira dos R$ 5,00 foi ultrapassada e quem seguiu minhas sugestões já pode ajustar o stop loss, garantindo um trade rentável.

- Hahaha ... David, as férias custaram caro!

É verdade perdi essa entrada, mas não será a última sempre terá uma nova. No curto prazo teremos que ficar atentos a dois níveis: o primeiro a R$ 5,15 precisa ser rompido para que esse movimento possa completar 5 ondas ‑ em amarelo, se ocorrer o objetivo seria a R$ 5,35.




Pode o dólar parar no nível de R$ 5,15 e retrair? Isso significa que poderia ocorrer novas mínimas? A resposta é sim e sim. Mas vamos ver as explicações: A primeira pergunta tem a ver com a característica da onda (5) em azul. Talvez o leitor não se recorde, mas estou trabalhando com o formato de leading diagonal limite-de-baixa onde cada sub onda se desenvolve em 3 movimentos – destaque em amarelo (A) (B) (C). Não dá para saber qual formato será. Dessa forma, como sempre frisei, precisa se ter muito cuidado ao navegar, nessa configuração.




A caraterística de indefinição da onda leading diagonal faz sentido ao momento que vivemos no Brasil. Por um lado, observamos crescentes resultados na Balança Comercial com recordes estabelecidos a cada mês – o “carequinha” – Robin Brooks deve estar tendo um orgasmo em vista a seu argumento que o real deveria se valorizar em função do fluxo proveniente do resultado comercial.




Mas o pessoal que detém bonds brasileiros, tanto em dólares como em reais não deve estar muito satisfeito com a evolução da cotação ultimamente. A razão da queda se dá em virtude de argumento que o Mosca desenvolveu no post --- sensação de estar vendido --- onde a vantagem do juro local vem diminuindo em relação ao juro internacional. Desde dentão, esse diferencial – juro dos bonds brasileiros (-) o juro dos bonds internacionais só continua a diminuir. Esse movimento na liquidação dos bonds brasileiros é o oposto ao da balança comercial. Pelo volume existente de papeis uma debandada tem efeito muito superior ao fluxo comercial.




E por último, mas não mesmo importante é a percepção que esse governo não vai atingir seus objetivos de contenção do déficit fiscal – se é que em algum momento tinham. A execução tem obtido resultados preocupantes cujo nível está próximo ao que ocorreu durante pandemia. Esse fator tende a deixar os estrangeiros mais preocupados com a evolução da dívida no longo prazo, acarretando mais uma razão para sair de bonds brasileiros.




O SP500 fechou a 4.229, com queda de 1,37%; o USDBRL a R$ 5,1508, com alta de 1,81% ‑ está testando o nível que comentei acima; o EURUSD a € 1,0470, sem variação; e o ouro a U$ 1.823, com queda de 0,19%.

Fique ligado!

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