Limite de baixa #usdbrl

 


Vou começar pelo futebol. Desde 2014, notei que nosso esporte predileto estava fadado à decadência. Os motivos eram dois: a exportação maciça de craques para o exterior em função da falta de atratividade financeira, e a carência de técnicos com visão do novo futebol, aquele onde a condição física e estratégia era mais importante que habilidade. Não deu outra: basta o leitor fazer um retrospecto dos resultados.

Sou santista e venho acompanhando a decadência do time nos campeonatos brasileiros. Já não é de hoje que o problema é crônico. Nos últimos meses, trocou 12 vezes de técnico sem que houvesse a mínima estabilidade. Não é necessário ser um especialista no assunto para ver que o problema não está aí. A um passo do rebaixamento no brasileirão — e por sorte não foi rebaixado no campeonato paulista, clube que nunca foi rebaixado em sua história — talvez tenha que passar por essa dor para sofrer alguma reviravolta.

Assim como no futebol, um país também pode ser mal gerido por diversas razões. Me recordo quando numa tarde de sábado estava tomando café com um amigo e pioneiro do Mosca. Ao discutir a situação do país, chegamos à conclusão de que a direção estava errada e a situação só podia piorar. Naturalmente aconteceriam altos e baixos, mas o sentido era nessa direção. Com o Judiciário e o Legislativo que tínhamos, nenhum governo conseguiria levar adiante uma mudança radical. Estava distante do “limite de baixa”, situação do mercado onde só existe vendedor de um ativo mesmo a preços muito baixos.

Ideias como “vamos embora”, ou coisas do tipo, são espasmos que se dissipam no tempo. Como nossos pais passaram pela agruras da segunda Guerra Mundial, entendemos quando uma pessoa chega no seu limite, e aqui ainda não estamos nem perto desse momento. Mas todos nós sabemos que as condições do dia a dia pioram expressivamente, onde somos obrigados a tomar atitudes para evitar correr risco de vida – não usar celular na rua, carros blindados, evitar aglomerações e assim por diante — a lista só aumenta.

Acompanhamos à distância a derrocada da nossa vizinha Argentina. Embora a rivalidade seja secular —principalmente no futebol —, temos notícia da decadência desse país que já foi a 8ª economia mundial. A inflação medida por órgãos questionáveis, pois o IBGE de lá manipula os dados, como é de conhecimento geral, mesmo assim caminha para a hiperinflação. Mas tudo indica que chegaram próximos ao limite de baixa.

Neste final de semana, foi realizada uma previa da eleição que será em outubro próximo. O candidato outsider Milei foi vitorioso, como reportado por Manuela Tobias e outros na Bloomberg.

O deputado argentino Javier Milei conseguiu nas primárias uma inesperada vitória, que abalou a corrida presidencial deste ano no país devastado pela inflação.

Com 96% das urnas apuradas, o congressista foi o candidato mais votado, com 30,1%. Ele ficou à frente da coalizão pró-negócios liderada por Patricia Bullrich - que junto com o candidato derrotado Horacio Rodríguez Larreta obteve 28,3% dos votos - e do bloco peronista governista do ministro da Economia, Sergio Massa, com 27,2%.

O resultado é uma clara rejeição ao establishment político argentino após anos de dificuldades econômicas e inflação galopante. Os ativos argentinos devem cair na segunda-feira,  já que os investidores temem que as propostas de Milei, incluindo a dolarização da economia, desencadeiem um caos financeiro. A volatilidade do mercado também deve crescer, já que as primárias mostram que a eleição de 22 de outubro será uma disputa a três imprevisível.

"O sentimento antissistema finalmente chegou à Argentina. Depois de 20 anos de crise econômica, isso não é surpreendente", disse Daniel Kerner, diretor para a América Latina do Eurasia Group. "Este é o pior resultado para os mercados."

Milei, que recebeu o endosso do ex-presidente Jair Bolsonaro antes da votação, também deve abalar a política regional. Uma eventual vitória do candidato libertário entraria em choque com os líderes de esquerda que atualmente governam Brasil, México, Colômbia e Chile.

"Os políticos não são a solução, eles são o problema", disse Milei em discurso inflamado após a publicação dos resultados preliminares da votação.

Bullrich, agora o candidato que representa a coalizão amiga do mercado conhecida como Juntos por el Cambio, disse que Milei defendeu "boas ideias" durante a campanha. "Será uma eleição apertada da próxima vez", disse ela após a publicação dos resultados iniciais.

Inflação, recessão

A eleição primária, projetada para permitir que os argentinos escolham os candidatos que disputarão as eleições gerais de 22 de outubro, desempenha o papel de um barômetro confiável do sentimento público em um país com um longo histórico de pesquisas de opinião não confiáveis. Há quatro anos, os mercados locais tiveram um colapso quando os resultados primários pegaram os investidores desprevenidos.

Quem ganhar o cargo mais alto da Argentina no final deste ano terá que colocar rapidamente em prática um plano para cortar os gastos do governo e evitar a hiperinflação, ao mesmo tempo em que aborda as crescentes preocupações com a segurança pública e uma recessão iminente.

O desafio é imenso. Os preços ao consumidor estão subindo mais de 115% ao ano, à medida que o banco central imprime pesos para financiar os programas sociais e subsídios que até agora garantiram a subsistência de milhões de argentinos. Mas essa mesma estratégia está na raiz das crises inflacionárias e cambiais que estão dilacerando o tecido social do país.

Mais importante, a eleição deste ano medirá o apetite dos argentinos pelas duras reformas econômicas necessárias para tirar a segunda maior economia da América do Sul da beira de um precipício. O país não chegou aqui da noite para o dia, mas depois de décadas de políticas fracassadas, calotes da dívida e recessões econômicas - pelo menos 15 delas desde a década de 1950.

O apoio do Fundo Monetário Internacional será crucial em qualquer plano de recuperação para a Argentina, que recebeu um resgate recorde de US$ 44 bilhões do FMI em 2018, durante o mandato de Mauricio Macri. O programa foi renegociado no governo do presidente Alberto Fernández, mais recentemente em um acordo intermediado por Massa no mês passado.

O ministro da Economia conseguiu dinheiro suficiente  - até US$ 10,8 bilhões até o final do ano - para pagar o Fundo e manter a economia funcionando sem a necessidade de medidas drásticas até que um novo presidente assuma. No entanto, os investidores consideram inevitável uma desvalorização significativa do peso - não inferior a 20%. A questão é se o governo será capaz e disposto a adiá-lo até que um novo presidente tome posse em dezembro.

A Argentina pode precisar esperar mais três meses para saber quem será seu futuro presidente. Uma vitória absoluta em outubro exige que o candidato mais votado receba 45% dos votos válidos, ou 40% deles com uma diferença de 10 pontos percentuais em relação ao segundo colocado. Se nenhum dos cenários se concretizar, haverá segundo turno em 19 de novembro.

Queimar o Banco Central

A receita de Milei para consertar a economia argentina soa tão bombástica quanto seu estilo. Ele propôs substituir a moeda nacional em dificuldades pelo dólar e disse que "queimaria" o banco central por má gestão da economia. No entanto, ele pode enfrentar falta de apoio do Congresso para aprovar reformas legislativas, de acordo com analistas políticos.

O economista que virou político ganhou fama nos últimos anos por seu perfil combativo em programas de televisão e redes sociais. Com um visual excêntrico e um tom enérgico, conquistou seguidores desencantados pela elite política que governa o país há várias décadas. Algumas de suas opiniões controversas incluem a defesa da posse de armas, sua posição contra o aborto e a venda de órgãos humanos.

"Milei saiu com duas ou três mensagens fortes e claras que ressoaram entre os jovens da classe média alta", disse Mariel Fornoni, diretor da empresa de pesquisas Magement & Fit. "Isso desceu às classes mais baixas, onde ele se tornou uma espécie de estrela do rock."

Milei é o candidato para quem chegou no limite de baixa e vai de encontro aos eleitores que optam contra o status quo, com proposições de ruptura em diversos setores. Sua proposta mais polemica é a adoção do dólar como moeda de circulação no país, algo muito usados dentro da cultura dos argentinos, que sempre desconfiaram de sua própria moeda. Hoje no mercado “blue”, codinome chique ao invés do black, a moeda argentina se encontra com ágio de 100%. A moeda de maior valor é de 1.000 pesos que equivale a menos de U$ 2,00 deixando claro seu caminho da hiperinflação.



Hoje pela manhã, o atual governo tomou algumas medidas em função do resultado das eleições. Desvalorizou o peso oficial em 18% e elevou a taxa de juros para 118%. A reação nos mercados financeiros foi muito ruim, o indicie Merval da bolsa argentina caiu 14% em dólares. O governo atual é no mínimo ingênuo pois não sei qual foi o raciocínio para tomar medidas tão negativas. Acabou fazendo o trabalho sujo ao invés de deixar para o próximo governo. Se quisesse que seu candidato tivesse alguma chance deveria segurar com unhas e dentes até lá!

Mas o Brasil corre esse risco? Acredito que se esse governo permanecer por um bom tempo, vai caminhar nesse sentido, mas demora.

Meu amigo Sergio Machado, gestor do fundo Nch Cash publicou em sua conta do Twitter, artigo de Samuel Pessoa na Folha de São Paulo, recomendo sua leitura ‑ O autoeengano petista ‑ que contempla a mesma ideia que tenho enfatizado.

Minha vivência diz que existem situações que levam os radicais no poder. Esses momentos são levados pela população que não aguenta mais a situação atual. O presidente Collor quando eleito foi um voto nessa direção. Infelizmente é esse o quadro atual, e não havendo alguma mudança poderemos chegar no limite de baixa no futuro.

Uma das enormes distorções que existem no país é o nível de taxa de juros cobrados no cartão de crédito. A ilustração a seguir aponta para as taxas praticadas pelas principais instituições financeiras, onde a mais barata ronda os 300% a.a. Um conta simples indica que a cada 6 meses o valor dobra. Realmente não sei se algum desses bancos espera receber alguma coisa nessas condições. Dado o elevado nível de inadimplência nessa categoria, seria melhor eles assumirem que não souberam avaliar o crédito.





No post httnenhum-gestor-vai-te-deixar-rico fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ... “ Não se pode com convicção, que cinco ondas foram formadas desde a semana passada, numa janela menor, porém tudo indica que se ultrapassar R$ 4,92 fica cumprida. Um outro ponto importante é R$ 4,9503 destacado no gráfico acima” ...




Bem, hoje aconteceu os dois alertas acima, sendo assim, iniciamos um novo trade de compra de dólar com stop loss a R$ 4,87.

- Uhhhhhh .... finalmente David!

Não comemore tão cedo, ainda existem muitos riscos que devemos estar alertas. Não posso de maneira nenhuma trabalhar que estamos rumando para o primeiro objetivo a R$ 6,34. Outro ponto importante é que trabalho com uma formação denominada de ending diagonal que tem subdivisões de 3 ondas ao invés de 5.




No gráfico a seguir, o leitor pode ter uma ideia como é longo o caminho até esse patamar sendo necessário muitas confirmações pelo caminho. SE tudo sair a contento, o próximo ponto seria R$ 5,1273. Também acredito que R$ 5,00 – nível psicológico, será bastante difícil de romper. Daqui em diante, Let the market speak!




O SP500 fechou a 4.489, com alta de 0,58%; o USDBRL a R$ 4,9655, com alta de 1,27%; o EURUSD a € 1,0904, com queda de 0,35%; e o ouro a U$ 1.906, com queda de 0,34%.

Fique ligado!

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