Mais é menos #Ibovespa

 


O título de hoje parece existir um erro, mas não é. Não observei nos últimos dias nenhum relatório comentando que o Fed deveria continuar subindo os juros; a grande maioria, em conjunto com o mercado, acredita que o ciclo de alta terminou. Os últimos indicadores americanos não apresentam sinais de arrefecimento; ao contrário, mantêm-se ainda bastante elevados. Um resumo dessa constatação se nota na projeção do PIB elaborada pelo Fed de Atlanta.



Uaul .... 5,8 % a.a. neste trimestre? Ao invés do Fed tentar de todas as formas segurar o touro... (Manda o Lula para lá, garanto que rapidamente ele coloca a economia em queda). Pode até ser possível que ocorra a desaceleração — notem que recessão virou fora de moda— por efeitos defasados da política monetária, mas não vejo como se poderia esperar que as taxas comecem a cair no início do próximo ano. O editorial da Bloomberg enfatiza que, para acabar com a inflação, é necessário ter taxas de juros mais altas.




Desembrulhando os detalhes do relatório do índice de preços ao consumidor da semana passada, a notícia foi boa: a pressão inflacionária continua a diminuir lentamente, enquanto um "pouso suave" econômico - no qual o Federal Reserve é capaz de estabilizar os preços sem causar uma recessão - está começando a parecer mais realista.

Infelizmente, ainda é muito cedo para dar como certo esse resultado tão desejado.

O Fed terá mais um mês de dados sobre preços ao consumidor e outras informações novas antes de sua próxima reunião de política monetária, em setembro. A inflação global pode estar um pouco mais alta até lá, graças aos efeitos de base que saem da leitura e aos preços mais altos da gasolina. Mas o chamado núcleo da inflação parece estar se movendo no caminho certo. Se cair novamente em agosto, como parece provável, os investidores esperam que o Fed pause seu aperto. Muitos apostarão que o próximo movimento nas taxas de juros, embora ainda a vários meses de distância, será para baixo.

No entanto, seria sábio manter a mente aberta. O principal motivo é que o mercado de trabalho, apesar de arrefecer tardiamente, está ainda apertado pelos padrões históricos. Combinar uma inflação de 2% (meta do Fed) e uma taxa de desemprego de 4% ou menos (no momento é de apenas 3,5%) seria uma conquista e tanto. Duas possibilidades são mais prováveis. Uma delas é que a política monetária seja mantida apertada o suficiente para vencer a inflação, mas cause uma desaceleração mais abrupta. A outra é que o aperto pare prematuramente, o mercado de trabalho fique muito aquecido e a inflação se estabilize em mais de 2%.

O Fed prometeu, com razão, que não se contentará com uma inflação acima da meta, mas não disse explicitamente quão paciente está disposto a ser. Seu mais recente "gráfico de pontos" projetou inflação de 2,5% até ao quarto trimestre do próximo ano e de 2,1% até ao final de 2025, com o desemprego em 4,5%. Este declínio muito suave a baixo custo no emprego perdido descreve basicamente o esperado pouso suave. Se conseguisse, o presidente do Fed, Jerome Powell, mereceria uma medalha.

O problema é julgar qual o nível de juros necessário para que isso aconteça. Em determinado momento, o Fed não pode saber ao certo quão firmemente (se é que está) sua taxa de política monetária está restringindo a demanda. A chamada taxa neutra (também conhecida como R-star) é a taxa que não acrescenta nem subtrai da demanda agregada; varia de acordo com as condições econômicas e só pode ser estimada. Com núcleo da inflação em mais de 4% e condições financeiras mais amplas longe de apertar, a taxa atual de 5,25% a 5,5% provavelmente excede a taxa neutra – mas não muito. Se é suficiente para fazer a inflação voltar a 2%, ainda é uma questão em aberto.

O Fed precisa ter cuidado para não ficar de mãos amarradas. Sem mais progresso claro sobre a inflação, ele não deveria orientar os investidores a esperar uma pausa prolongada no aperto, muito menos um movimento na outra direção. Qualquer comemoração ainda seria prematura.

Gostaria de lembrar que os diretores do Fed têm muito receio de que a inflação retome a alta, como ocorreu nos anos70. Por diversas vezes, Powell mencionou esse fato. No quesito inflação, alguns dados mais recentes mostram muita resiliência, como o imobiliário, em que preço das moradias ensaia altas, e o mercado de petróleo, que já está fazendo a gasolina subir de preço. Se o passado é algum guia, no gráfico a seguir se nota que demora tempo para voltar aos patamares desejados de 2% a.a.




Caso os dados continuem mostrando a força atual do mercado americano, não sei qual seria a postura do Fed, ou se teria coragem de surpreender o mercado com alta dos juros na próxima reunião. Na semana que vem, será realizado o Simpósio de Política Econômica em Jackson Hole, de que Powell irá participar. O que ele deve fazer é no mínimo sugerir que não tem ideia quando os juros podem começar a cair, alongando a expectativa mostrada no início do post. Só isso deve chacoalhar o mercado. Parece que mais e menos sofrimento no futuro.

No post é-possível-dormir-tranquilo fiz os seguintes comentários sobre o Ibovespa: ... “ A avaliação técnica do Ibovespa está muito longe do livro texto. Fiquei analisando por um bom tempo e cheguei na melhor alternativa que é semelhante a observada acima. Nessa alternativa, estaria chegando próximo ao ponto de entrada ao redor de 117,3 mil destacado com o símbolo em verde” ...




Esse é um bom exemplo de como é arriscado usar os níveis tidos como prováveis numa reversão, pois a reversão pode acontecer nos prováveis ou nos improváveis! Como a situação não se repete inúmeras vezes, comprovando que a estatística funciona, o melhor é a regra das 5 ondas, custa mais caro – não irá comprar na “mínima”, mas é mais segura.




Pois bem, como o nível de 117,3 mil foi rompido, e segundo uma outra métrica, o próximo ponto seria em 114,1 mil conforme apontado no gráfico.

- David, está se noticiando que o Ibovespa fechou em queda nos últimos 11 dias, será que não vai despencar?

Você está naquela tônica inversa do “subiu vai subir mais”, para “caiu vai cair mais”. Eu destaquei com dois triângulos a semelhança de movimentos recentes, quando estava no primeiro em maio deste ano, provavelmente as notícias eram no mesmo sentido. De repente, num dia, recuperou quase toda queda. Vai ser igual agora? Está sendo, mas não posso afirmar, todavia, me parece por enquanto se trata de uma correção e não de um movimento direcional.

Esse movimento de correção pode se tornar direcional? Certamente. Essa possibilidade, em conjunto com o fato de ser de uma correção de uma correção – movimento maior, faz com que eu seja cauteloso.

O SP500 fechou a 4.404, com queda de 0,76%; o USDBRL a R$ 4,9870, sem variação; o EURUSD a 1,0874, com queda de 0,27%; e o ouro a U$ 1.893, com queda de 0,44%.

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