Arrisca ou não? #SP500

 


Amanhã o Banco Central do Brasil vai publicar sua decisão sobre a taxa de juros. Essa será a primeira reunião da qual um “estranho” participará. Esse estranho é o diretor de Política Monetária recém-empossado Gabriel Galípolo, adepto de teses desenvolvimentistas e com formação acadêmica na PUC, onde obteve seu bacharelato e mestrado, diferentemente de seu chefe, Roberto Campos Neto, que estudou finanças e economia na UCLA. A diferenciação que aponto é que a PUC não é tida como uma Universidade de vanguarda neste campo. O problema que poderá ocorrer amanhã será no comunicado, pois é sabido que Galípolo não concorda com a linha de ação tomada pelo BCB em relação aos juros. Em todo caso, acredito que o Banco Central não deveria ser tão conservador e baixar a Selic em 50 pontos, o que não é a opinião da grande maioria das instituições financeiras, que prefere um movimento de 25 pontos.

Esse assunto passa a ser importante para a avaliação do portfólio dos investidores, induzindo uma possível maior alocação em ações em detrimento da renda fixa. Um conceito usado nos mercados consiste na comparação entre o lucro das ações em relação a renda fixa sem risco – títulos do governo.

Para melhor compreensão sobre esses conceitos, Sam Goldfarb explica no Wall Street Journal por que as ações americanas têm poucos atrativos atualmente

A recompensa extra por manter ações em vez de títulos caiu para seu nível mais baixo em 20 anos, ameaçando uma recente sequência positiva para os principais índices.

Um método para medir o valor das ações é comparar o rendimento dos lucros – calculado dividindo os lucros esperados de uma empresa no próximo ano pelo preço das ações – com o rendimento dos títulos públicos, considerado o mais próximo de um retorno sem risco. A diferença, às vezes chamada de prêmio de risco de ações, mostra o quanto os investidores estão sendo compensados pelo risco adicional de possuir ações.

E, neste momento, isso não é muito.

A diferença entre o rendimento do S&P 500 e o rendimento do título do governo americano de 10 anos caiu para cerca de 1,1 ponto percentual na semana passada, a menor desde 2002. O spread para o rendimento do título protegido contra a inflação do Tesouro de 10 anos, visto por alguns analistas como a melhor referência porque os lucros corporativos tendem a se ajustar à inflação, caiu de forma semelhante para seu nível mais baixo desde 2003, em torno de 3,5 pontos percentuais.

O prêmio de risco começou a encolher no segundo semestre do ano passado. Nesse período, as ações se estabilizaram a partir de uma liquidação no início do ano, mesmo com os rendimentos dos títulos continuando a subir em resposta à elevação das taxas de juros pelo Federal Reserve para combater a inflação. Este ano, o prêmio continuou a diminuir por razões ligeiramente diferentes: os rendimentos dos títulos não subiram tanto, mas as ações alçaram voo – impulsionadas pelo crescente otimismo dos investidores sobre a economia.

Aconteça o que acontecer para mudá-lo, há um consenso em Wall Street de que o prêmio de risco de ações não pode ficar tão baixo para sempre.

”Realmente, não faz sentido que os preços das ações em relação aos ganhos voltem ao que estavam no início da queda de 2022, agora que as taxas de juros estão duas ou três vezes mais altas do que eram", disse Tim Urbanowicz, chefe de pesquisa e estratégia de investimento da Innovator ETFs.

Investidores e analistas também tendem a concordar que um prêmio de risco ultrabaixo não significa que a alta das ações deste ano tenha chegado ao fim.

Por um lado, eles apontam, os prêmios de risco ficaram muito mais baixos antes – na bolha pontocom do final dos anos 1990. Naquela época, a diferença entre o rendimento dos lucros do S&P 500 e os rendimentos do Tesouro ajustados pela inflação, ou "reais", desabou completamente por um momento, de acordo com algumas medidas.

Olhando para a história, os analistas dizem que os prêmios de risco retornam à média ao longo do tempo – normalmente porque as perspectivas de lucros corporativos diminuem, não porque os investidores se assustam com as avaliações por conta própria.

O chair do Fed, Jerome Powell, indicou na semana passada que outro aumento de juros é possível, mas também sinalizou que os juros podem permanecer estáveis. 

"Não encontrei uma relação estatística muito forte entre o rendimento dos lucros em relação ao Tesouro de 10 anos – seja real ou nominal – e os retornos futuros em, digamos, um horizonte de um ou três anos", disse Brian Jacobsen, economista-chefe da Annex Wealth Management.

Os investidores têm outra fonte de esperança: os prêmios de risco podem se normalizar porque os rendimentos dos títulos cairão em vez dos preços das ações.

Alimentando esse otimismo, muitos acreditam que o Fed finalmente acabou com os  aumentos nas taxas de juros de curto prazo.

Com a inflação mostrando sinais de arrefecimento, os futuros de juros indicam que os investidores acham que há apenas pouco mais do que 30% de chance de o Fed aumentar os juros novamente este ano, de acordo com dados do CME Group. Em entrevista coletiva na quarta-feira, o chair do Fed, Jerome Powell, deixou a porta aberta para outro aumento de juros, mas também indicou que o banco central poderia optar por deixar os juros estáveis por um tempo se os dados econômicos cooperassem.

Os rendimentos dos Treasuries dos EUA refletem em grande parte as expectativas dos investidores para as taxas de curto prazo ao longo da vida de um título. Mesmo que o Fed tenha chegado ao fim de sua campanha de aperto, os rendimentos dos títulos podem subir ainda mais se o banco central mantiver as taxas nos níveis atuais por mais tempo do que os investidores antecipam.

Ainda assim, o consenso é que tanto as taxas quanto os rendimentos dos títulos devem eventualmente cair.

Enquanto isso, a maioria das autoridades do Fed estimou em junho que as taxas de juros reais acabarão se estabilizando em um nível não superior a 0,5%.

Jacobsen, da Annex Wealth Management, disse acreditar que o rendimento do TIPS de 10 anos pode cair para 0,75% ou 1% nos próximos 12 a 18 meses.

Isso significaria que os investidores serão mais recompensados por possuir ações, supondo que os índices não subam muito mais. Mas também significaria que os preços dos títulos subirão. Jacobsen disse que sua equipe recomendou recentemente que os clientes movimentassem mais dinheiro em títulos depois de anteriormente inclinarem-se mais fortemente para ações.

Esse parâmetro não tem uma importância imediata na bolsa, pois acredito que ninguém irá vender suas ações por causa disso; entretanto, não deixa de ser um indicador que aponta para um extremo na bolsa. Acho interessante como os analistas no artigo tentam usar a queda dos juros para justificar, não acho que esse extremo seja justificável por essa hipótese.

Em relação ao Brasil, muito pouco se comenta sobre indicadores de forma geral, são raros os artigos locais que calculam o P/L da bolsa ou mesmo o utilizam para sua análise. Ainda estamos engatinhando! Para fazer uma conta grosseira, eu tenho visto que o P/L está entre 8 e 10, o cálculo do yield (retorno) seria o inverso, ou seja, 12,5% a 10%. Um título pré-fixado de 10 anos do governo rende ao redor de 10,5% a.a. enquanto o indexado ao IPCA 5,25% a.a.

Sendo assim o prêmio de risco usando o papel pré seria de [2% a -0,5%], enquanto o indexado ao IPCA [7,25% a 4,75%]. Muito bem, você acha a bolsa cara ou barata, ou como o título do post: arrisca ou não? O Mosca não leva em consideração essas variáveis, apenas o preço —por sinal, achei muito interessante a colocação de um analista: O preço é algo certo —você compra uma ação, e com ele se pode aplicar a análise técnica, já os lucros são suposições sobre o futuro e por consequência bastante incertos. Em outras palavras: qual a utilidade do P/L para sua decisão hoje?

No post espanando-o-parafuso fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ... “Estamos numa posição de espectador no momento, pois existem duas possibilidades sobre os próximos passos da bolsa:

1)      Pode ser que a onda 3 ainda não tenha terminado como aparece no gráfico, neste caso se estenderia mais à frente, conforme destacado com o símbolo em vermelho.

2)      Estaríamos no início da onda 4, cujo objetivo inicial se situa entre 4.380 (- 4%) e 4.260 (- 7%) e término esperado seria em setembro” ...




A onda 3 em verde foi para frente como eu suspeitava. No gráfico a seguir está anotado o possível caminho a ser adotado pela bolsa se der tudo “Palmeiras” – alusão aos níveis mais prováveis. Como podem notar, existe uma serie de 3,4 em diversos níveis, o que torna a navegação desafiadora, pois dependendo da extensão da 4 (em qualquer nível), pode forçar um movimento da onda de maior grau para trás – semelhante ao que eu fiz agora para frente.




Eu destaquei o retângulo como sendo uma área que vai ter muita resistência, pois nela está contida a máxima histórica. Não venho comentando frequentemente, mas ainda existe um cenário de queda possível até que 4.818 seja rompido — pouco provável, mas existe.

Antes que meu amigo pergunte, estou aguardando um momento para reentrar na bolsa pois o objetivo final seria ao redor de 5.300 uma alta de 15% dos níveis atuais.

Como enfatizei no post ---- sem surpresas --- o Fed de Atlanta acertou o PIB do 2º trimestre na mosca; isso não significa que irá continuar acertando com tanta assiduidade, mas tem sido uma boa baliza. Nesse início de trimestre, sua distância em relação aos economistas é grande. Se ele acertar, o Fed nem vai pensar em baixar os juros por um bom tempo, se é que não vai continuar aumentando (que momento cruel, ficar torcendo para a economia não crescer muito!).



O SP500 fechou a 4.576, com queda de 0,27%; o USDBRL a R$ 4,7884, com alta de 1,36%; o EURUSD a € 1,0979, com queda de 0,13%; e o ouro a U$ 1.944, com queda de 1,03%.

Fique ligado!

Comentários